sexta-feira, 29 de agosto de 2014


Brasil deve participar de Força de Paz ao lado do Chile e da Argentina


Publicado em Quinta, 28 Agosto 2014 17:58 | Última atualização em Sexta, 29 Agosto 2014 11:26

Brasília, 28/08/2014 – Os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e do Chile, Jorge Burgos, reuniram-se na manhã desta quinta-feira (29) com o objetivo de aprofundar as relações e a cooperação entre os dois países. Durante o encontro, Amorim manifestou a predisposição brasileira em participar da Força de Paz Combinada “Cruz del Sur”, iniciativa chileno-argentina para apoiar missões da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

A Força de Paz “Cruz del Sur” foi criada em 2006 e conta com efetivos da Marinha, do Exército e da Força Aérea do Chile e da Argentina. O emprego das tropas só acontece em acordo pelos dois países.

Segundo o ministro Amorim, a intenção do Brasil é aderir paulatinamente à “Cruz del Sur”: primeiro vai enviar um pelotão da Polícia do Exército e oficiais para compor o Estado-Maior Conjunto Combinado. Depois, contribuirá com o envio de uma companhia de Infantaria.

Para Amorim, a adesão do Brasil a “Cruz del Sur” vai colaborar para a integração regional e a formação de uma identidade de Defesa sul-americana. “Até pela evolução das relações entre o Chile e a Argentina, a Força ‘Cruz del Sur’ é uma iniciativa simbólica da cooperação Sul-Sul. Temos forte desejo de que a nossa participação seja concretizada”, afirmou o ministro.

Jorge Burgos informou que tratará da adesão do Brasil à “Cruz del Sur” já na visita oficial que faz à Argentina, a partir de amanhã.

 

Agenda Bilateral

Além da adesão brasileira à “Cruz del Sur”, os dois dirigentes trataram de uma série de temas visando ao aprofundamento das relações bilaterais em Defesa. Amorim agradeceu aos chilenos pelo apoio dado por ocasião do incêndio da Estação Comandante Ferraz, na Antártida – destruída por incêndio em fevereiro de 2012. Os dois países deverão ampliar a parceria no desenvolvimento de pesquisas no continente gelado.

Brasil e Chile também vão fortalecer a cooperação no intercâmbio e doutrina para emprego dos submarinos Scorpène – de origem francesa. A Marinha chilena já conta com dois submarinos desse modelo. Já a Força Naval brasileira está produzindo cinco submarinos, sendo um nuclear, no estaleiro de Itaguaí (RJ) (foto).

Além disso, parceria em doutrina e adestramento será aprofundada no emprego dos blindados Leopard, de origem alemã, equipamento também utilizado pelas Forças Armadas dos dois países.

Outra questão tratada na reunião de cúpula – que teve a participação de oficiais generais e dirigentes civis dos dois ministérios – foi a criação da Comissão Assessora Permanente do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), bem como da Escola Sul-Americana de Defesa.

Nos próximos dias 8 e 9 de setembro, representantes dos dois países vão se reunir novamente em Brasília para encontro do Grupo Bilateral de Trabalho de Defesa, quando as diretrizes discutidas entre os dois ministros serão detalhadas e formalizadas.

Fotos: Jorge Cardoso e Tereza Sobreira
Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa

 

Os dois lados da crise

A crise industrial brasileira vem de longa data

Julio Gomes de Almeidajulio.almeida@brasileconomico.com.br

Na verdade, desde a crise da dívida na entrada dos 80 até praticamente o presente a evolução industrial foi tênue e muito oscilante, o que impossibilitou sua renovação estrutural e a incorporação de novos ramos do desenvolvimento industrial mundial. Não é por acaso que ao longo desse período a indústria brasileira, que entre os emergentes era a líder, ocupando a sétima posição global, foi perdendo posições e é hoje a décima-primeira, tendo sido ultrapassada por várias outras economias em desenvolvimento.

O fenômeno China acentuou a guinada em direção ao encolhimento produtivo brasileiro. Dificilmente o Brasil reproduzirá daqui para frente as escaladas industriais promovidas por várias outras economias emergentes. A China tem demonstrado enorme capacidade de desenvolver fatores cada vez mais eficazes para amparar sua liderança industrial. A competitividade suportada por baixos salários está cedendo lugar à vantagem obtida a partir das enormes escalas de produção, um fator ao qual já está se somando a maior capacidade de concorrência oriunda de P&D. Talvez por isso vários economistas têm anunciado um destino sombrio para a indústria brasileira, o que, para muitos deles, não deve fazer falta ao nosso crescimento econômico.

A nosso ver, tais teses não são corretas. Se há possibilidade de contar com o dinamismo de um setor sabidamente com destacada capacidade em movimentar diversas cadeias de bens e serviços, e que ainda é o maior gerador de inovações, ele não pode ser descartado. Por outro lado, é possível preservar o que ainda resta — e não é pouco — de uma indústria relativamente diversificada e que com alguns ajustes poderá ter um crescimento maior a longo prazo. O que não é mais possível adiar são ações muito conhecidas de todos, mas que não saem do papel. A urgência envolve temas da infraestrutura, da tributação, dos juros e do câmbio que, juntamente com o aumento dos custos de produção após a crise global de 2008, transformaram os gravíssimos problemas estruturais das últimas décadas em uma verdadeira avalanche de destruição da produção industrial.

Para quem ainda duvida de que algo muito grave acontece na indústria brasileira, basta uma breve análise do desempenho dos vários ramos industriais tomando como referência o período imediatamente anterior à crise, ou seja, agosto de 2008. Os dados foram levantados pelo IEDI e mostram que nos últimos seis anos a produção da indústria de transformação caiu 5,1%. A média esconde mais do que revela as características mais importantes desse período. Ramos industriais com algum crescimento expressivo — superior a 1% ao ano — foram poucos, apenas seis de um total de 24. Por outro lado, 12 tiveram margem negativa.

Este último bloco reúne a chamada indústria tradicional e complexos industriais inteiros, da envergadura do complexo metalmecânico e do eletroeletrônico. O cancelamento de produção foi dramático em vários ramos, como por exemplo, no caso da indústria tradicional, a queda de 30% em produtos têxteis, o recuo de 24,5% na fabricação de veículos automotores e de 25,1% em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e de comunicação.

Na verdade o colapso industrial brasileiro só não foi maior porque os poucos ramos com crescimento mais robusto têm especial representatividade na indústria. Em quase todos eles o dinamismo veio da redistribuição da renda promovida no período, como nos casos de alimentos (+7%), bebidas (+22%), produtos de limpeza e cosméticos (+19%) e produtos farmacêuticos (+16%).

Muito se discute sobre o limitado alcance das medidas da política industrial em mudar esse quadro, o que em parte é verdade porque essa política acabou por amplificar os incentivos ao consumo e limitou demasiadamente o apoio à exportação e à internacionalização de nossas empresas. Mas o fundamental é que sem as medidas de reordenamento macroeconômico na linha dos temas já mencionados de infraestrutura, tributação, juros e câmbio, qualquer política teria semelhante eficácia.

 

Queda de 0,6% no PIB do 2º trimestre coloca economia em recessão técnica

Recuo e revisão do crescimento da economia no primeiro trimestre acende sinal de alerta no país. Indústria e investimentos foram os principais responsáveis pelo mau desempenho

Bruno Dutrabruno.dutra@brasileconomico.com.br

Rio - O Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) teve queda de 0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação aos primeiros três meses do ano. O valor ficou em R$ 1,27 trilhão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje o indicador, que havia caído 0,2% no trimestre anterior. Já em 12 meses, com o dado do segundo trimestre, há um crescimento acumulado de 1,4%.

O melhor desempenho neste trimestre foi registrado pelo setor de agropecuária, que cresceu 0,2% em relação aos últimos três meses. A pós a revisão do crescimento do primeiro trimestre do ano, o fraco desempenho da economia brasileira caracteriza um quadro chamado pelos economistas de recessão técnica, processo que o país enfrentou no auge da crise financeira internacional entre 2008 e 2009. A economia, naquele ano, registrou recuo de 4,2% e de 1,7% respectivamente, na mesma base de comparação.

“Nós conseguimos observar trimestres consecutivos de queda em setores essenciais para o crescimento da economia do país. Sendo assim, podemos afirmar que existe recessão técnica na economia brasileira. Nas contas nacionais como um todo, estamos observando esse movimento”, afirmou o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, para quem a indústria de transformação, o setor de construção e o comércio puxaram para baixo o indicador.

Em relação ao primeiro trimestre, o setor que mais registrou recuo foi o da indústria, com queda de 1,5%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda foi ainda maior, de 3,4%, a maior queda desde o primeiro trimestre de 2009, quando caiu 11,6%. Já o setor de construção civil teve queda, na margem, de 2,9%. De acordo com o economista do Iedi, a recessão está focada especialmente nos dois setores.

“Esses dois setores estão nitidamente em recessão. A construção, por sua vez, está vivendo o final de um longo ciclo de expansão. Já a indústria de transformação apresenta um problema estrutural de longo prazo com altos e baixos, mas, agora, está claro que está em um momento difícil, com produção em baixa e desemprego”, avaliou o economista do Iedi.

Pelo lado da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 5,3% no 2º trimestre, frente ao trimestre anterior. Comparado ao mesmo período de 2013, o setor teve retração de 11,2%. Nesse item são incluídos os investimentos em máquinas e equipamentos, investimento em infraestrutura e aumento no estoque de bens duráveis, usados para o aumento da produção. A queda nos investimentos também caiu pela quarta vez consecutiva e mostra desconfiança dos empresários brasileiros com o futuro da economia do país.

“A economia está com claro problema de competitividade. O salário cresce mais que os preços e isso deixa o empresariado com certeza de que não vai lucrar e os investimentos caem”, explica o economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo.

A crise na Argentina também afetou diretamente o desempenho da economia brasileira, como ressaltam os economistas. Grande parceiro do Brasil nas importações, o país vizinho é um dos grandes compradores de bebidas, alimentos e automóveis. Esse último, um dos motivos da queda na produção do setor automobilístico brasileiro.

“Houve queda nas exportações de automóveis, mas esse não é o principal problema do setor. Houve muito incentivo para aquecer a venda de carros nos últimos anos com a desoneração e isso inflou o setor que, agora, está com produção em baixa. Além disso, o consumidor está endividado e também não consegue crédito para comprar”, diz Camargo.

 

Marina convence mercado e Ibovespa sobe 9,8% em agosto

Eleições devem continuar no foco dos investidores. Copom e relatório de emprego dos EUA são destaque na agenda da semana

Priscilla Arroyoparroyo@brasileconomico.com.br

A reviravolta eleitoral que se desenrolou durante o mês, com a morte de Eduardo Campos e a posterior ascensão de Marina Silva nas pesquisas, agradou o mercado. À medida que a presidente Dilma Rousseff perdia força nos levantamentos eleitorais, os investidores apostavam nas ações das estatais, que dispararam e elevaram os ganhos do Ibovespa. O índice acumulou alta de 9,81% no mês – foi o melhor agosto desde 2003-, o que incrementou o avanço no ano, para 19,02%. A expectativa eleitoral deve continuar a pautar o desempenho do Ibovespa em setembro. A reunião do Copom e o relatório de emprego dos Estados Unidos, destaques da agenda da semana, devem ficar em segundo plano.

As ações das estatais, por sua vez, terminaram o mês com ganhos expressivos. Petrobras PN subiu 22,2%; Banco do Brasil ON acumulou alta de 26,5% e Eletrobras PN avançou 13,4%.

Na sexta-feira, o Ibovespa abriu volátil, mas firmou uma trajetória ascendente na parte da tarde, enquanto a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, apresentava junto ao seu partido as diretrizes do seu eventual governo. A carta de intenções convenceu o mercado e o principal índice da Bovespa fechou em alta de 1,65%, aos 61.288 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,9 bilhões e ficou mais uma vez acima da média de agosto – R$ 6,3 bilhões.

“O programa de governo de Marina agradou aos investidores. Ela sinalizou que não irá usar as empresas estatais para fazer política econômica, o que acaba favorecendo principalmente a Petrobras, que está sendo prejudicada por arcar com o subsídio dos combustíveis para conter a inflação. Outro ponto importante apresentado foi o compromisso com o tripé macroeconômico (metas de inflação, câmbio flutuante e compromisso fiscal). Ela se comprometeu ainda em prover maior transparência na área fiscal, ao propor um conselho independente. Além disso, a independência formal do Banco Central também faz parte do plano”, afirmou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

As eleições devem continuar a ser o grande fator para movimentar o mercado também no mês de setembro, de acordo com o economista-chefe da Guide Investimentos, Guilherme da Nóbrega. “Isso virou o assunto da vez, o que acaba deixando os indicadores econômicos em segundo plano. O mercado ainda está construindo uma ideia do que seria o governo Marina, já que agora há uma possibilidade concreta de ela subir ao Planalto. Sua política econômica vai em direção do que o mercado e os empresários gostam, mas fica uma dúvida sobre as alianças partidárias que serão firmadas caso ela ganhe a eleição”, avaliou Nóbrega, para quem um agravamento dos conflitos entre Ucrânia e Rússia pode impactar o Ibovespa mesmo diante da euforia eleitoral.

Em plena tendência de alta, o Ibovespa fechou a sexta-feira na faixa dos 61.288 pontos e poderia cair até os 60.180 pontos, em um movimento de realização de lucros, sem desanimar o mercado, conforme apontou o analista da Doji Rodrigo Correia. “Se o índice mantiver a pernada de alta, irá buscar o objetivo de 63.500 pontos”, afirmou.

Na agenda da semana, é destaque no Brasil a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que irá acontecer na quarta-feira. “Depois do dado fraco do PIB (queda de 0,6% no segundo trimestre) pode ser que o Comitê sinalize uma queda dos juros. Mas a maior expectativa ainda é pela manutenção da Selic em 11% até o fim do ano”, afirmou Rostagno. Na sexta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, indicador que baliza a inflação oficial do país, será conhecido. De acordo com projeção da Consultoria LCA, a inflação deve variar 0,23%, após ter avançado 0,01% em julho.

Entre os indicadores dos Estados Unidos, o destaque fica para o relatório geral de emprego, o Payroll, a ser conhecido na sexta-feira. Os números serão analisados pelo Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) e, se vierem fortes, podem contribuir para que a autoridade monetária decida subir a taxa de juro no primeiro semestre de 2015.

Na Europa, a reunião de política monetária do Banco Central Europeu, que vai acontecer na quinta-feira, pode trazer novidades sobre novos estímulos econômicos no continente.

Na China, o Índice Gerente de Compras (PMI na sigla em inglês) da indústria será divulgado no domingo. O dado deve fazer preço na bolsa brasileira na segunda-feira ao mexer principalmente com as ações de empresas ligadas às commodities.

 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Dia do Soldado: conheça a rotina dos jovens que são considerados o maior patrimônio do Exército

Publicado em Segunda, 25 Agosto 2014 13:58 | Última atualização em Segunda, 25 Agosto 2014 14:43
Brasília, 25/08/2014 - Primeira graduação do Exército, o soldado é considerado a essência da Força Terrestre. Generais, coronéis, tenente coronéis, majores, capitães, tenentes e sargentos, cabos, taifeiros, no fundo, todos são soldados do Exército Brasileiro. Hoje, 25 de agosto, é o dia os combatentes que formam a base da Defesa nacional merecem receber todas as homenagens.

“O termo ‘soldado’, para nós do Exército, significa não apenas a primeira graduação do jovem que se apresenta à instituição. É também, de uma maneira geral, a forma que todos os integrantes do Exército Brasileiro usam no trato uns com os outros”, explica o Chefe de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa, general Gerson Menandro Garcia de Freitas.
O soldado é a graduação mais numerosa da Força Terrestre: são mais da metade do efetivo de 212 mil homens e mulheres do Exército. Para o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, os soldados formam a base do Exército Brasileiro.
“O soldado é a essência, é a razão de ser do Exército. Ele é tão importante quanto um general dentro das suas atividades. Não existiria Exército sem soldado, como não existiria Exército, sem general, ambos são essenciais”, afirma De Nardi.
Rotina
A rotina desses militares é rígida. Para os que vivem no quartel, a jornada começa às 6h, com o toque da alvorada. Logo que acordam, arrumam o alojamento, vestem seus uniformes e seguem para o rancho - nome dado ao refeitório onde realizam todas as refeições, para o café da manhã.

Novo toque de corneta e é hora da formatura: momento em que a tropa se apresenta em forma para o comandante da Unidade e são transmitidas as ordens diárias e orientações sobre civismo e os valores castrenses. Na maioria das vezes, todo o batalhão desfila e executa movimentos ensaiados, com a banda do quartel, que geralmente entoa hinos e canções militares.

Depois, os soldados partem para as atividades físicas, participam do chamado TFM (Treinamento Físico Militar), que consiste em corrida e exercícios como polichinelos, flexão, abdominais e barras, treinamento em circuito, pista de transposição de obstáculos, pista de cordas e outros. As atividades são puxadas e buscam assegurar que todos eles se tornem aptos a enfrentar os desafios da profissão, como realizar marchas de mais de 20 km e carregar armamento pesado.

Os soldados, então, retornam ao alojamento onde se preparam para as atividades seguintes. Por volta das 11h30 seguem novamente ao rancho para a hora do almoço, ocasião em que é servida a refeição, preparada sob supervisão de uma nutricionista, que inclui verduras, legumes, carnes, suco e sobremesa.

Na parte da tarde, é o momento da instrução. Os soldados aprendem a manusear armamentos como: fuzil, pistola, metralhadora, morteiro e canhão. Eles também recebem instrução de lutas e de como atuar em operações militares diversas.
Também ocorre o momento da ordem unida, onde eles são treinados a marchar de forma sincronizada seguindo comandos ao toque da corneta. Os soldados são treinados e aprendem a agir em grupo como se fossem um único “homem”.
Depois, é lido o Boletim Interno da Organização Militar e as ordens de serviço. Com a proximidade das 17h, para os que não vivem no quartel e não estão de serviço, é chegada a hora de voltar para casa.

Mas, para os que estão de plantão, o dia ainda será longo. Mesmo estando de pé desde bem cedo, o soldado de serviço trabalha por duas horas e descansa quatro de forma sucessiva até as 8h do dia seguinte. As atividades dos plantonistas incluem a guarda da sua unidade, patrulhamento externo na vila militar, guarda do quartel e sentinela armada.

Também existem atividades como: arriar a Bandeira Nacional (às 18h), jantar (19h), apresentação da divisão de tarefas do serviço da madrugada (21h), lanche/ceia (22h).

Parece pesado? E é mesmo.
Para ocupar a linha de frente do Exército, estar sempre de prontidão e apto a atuar em situações de conflito, é realmente necessário um elevado preparo. Mas, quem é soldado garante que vale a pena. Confira algumas histórias:

Gilcimar Souza, 20 anos

Há quase dois anos como soldado do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB), foi a música que impulsionou o jovem a fazer parte da instituição. Atual percussionista da banda do Batalhão, Gilcimar se apresenta com outros 60 militares do Exército em diversos eventos e no dia a dia do quartel. Mas nem só de música vive o soldado. Seu cotidiano é igual ao de milhares de outros soldados.


“Ser soldado não é nada fácil. São muitas missões a cumprir e você precisa estar sempre na hora, sem atrasos e sem nenhum tipo de falha”, diz o jovem que no futuro deseja estudar para seguir a carreira militar no Exército.

Glener Chimenes, 22 anos

Soldado do Exército há três anos, Glener se alistou voluntariamente aos 18 e esperou ansiosamente ser convocado aos 19 anos. Ele sai de casa todos os dias às 5h30 para estar pronto no quartel às 8h. E depois de todas as atividades que executa durante o dia, o soldado ainda estuda à noite, fazendo cursinho preparatório para concurso público.
“Aqui, aprendi a ter disciplina, caráter e responsabilidade”, diz o jovem soldado assegurando que são justamente essas qualidades que o ajudam a vencer cada dia.
Entre as atividades executadas no Batalhão, Glener também tem a sua preferida: o vôlei. “Estou me preparando para competir em jogos militares”, afirma.

O soldado conta que aprendeu tanto no Exército que, ao se deparar com um primo de idade próxima à dele que estava “meio sem rumo”, não titubeou: aconselhou o jovem a se juntar à ele e passar a vestir a farda verde oliva. “Falei para ele: você pode até não ficar, mas se você passar pelo menos um ano aqui, você vai aprender muita coisa e vai sair preparado para o mundo lá fora”, explica.

Josemar Lima, 21 anos

Há três anos como soldado do Exército, Josemar explica que se juntou à Força Terrestre principalmente por admirar o companheirismo entre os combatentes – o que já pode comprovar na prática. O jovem explica que, apesar da rotina pesada com missões que muitas vezes começam às 4h, o sentimento de orgulho é o predominante ao falar da instituição.

“Vestir a farda verde oliva, poder cumprir uma missão, ir para diversos lugares que eu jamais iria se não fosse soldado, estar ao lado de autoridades, enfim, são muitas oportunidades que te fazem crescer e que eu só vivi porque me juntei ao Exército”, comemora.

Josemar conta que sempre sonhou em cursar engenharia civil e acredita que a experiência no Exército deverá ajudar a conquistar tal objetivo.

“Levarei como exemplo a família militar. Ser militar é ser diferenciado, é ter mais responsabilidade e ser dedicado em qualquer outra coisa, é ser uma pessoa digna”, conclui.

Quem está na ponta oposta à do soldado, no topo da carreira como general de exército, compartilha do mesmo sentimento: “Pertencemos a uma instituição que, no momento, é a de maior credibilidade entre a opinião pública brasileira. Isso deve ser motivo de orgulho para todo e qualquer soldado do Exército Brasileiro”, afirma o General De Nardi.

Fotos: Jorge Cardoso
Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa

Morre aos 86 anos o empresário Antônio Ermírio de Moraes
O presidente de honra do Grupo Votorantim faleceu na capital paulista por insuficiência cardíaca
Agência Brasil redação@brasileconomico.com.br
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente de honra do Grupo Votorantim, morreu na noite de ontem na capital paulista, aos 86 anos, por insuficiência cardíaca, segundo a assessoria de imprensa da empresa. O corpo será velado hoje, a partir das 9h, no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa. O enterro será às 16h no Cemitério do Morumbi.
Engenheiro metalúrgico formado pela Colorado School of Mines, nos Estados Unidos, Antônio Ermírio iniciou a carreira no Grupo Votorantim em 1949, sendo o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955. O grupo está presente em mais de 20 países, nos segmentos de metais, cimento, papel, química, eletricidade e sucos.
Em 1986, foi candidato ao governo do estado de São Paulo pela União Liberal Trabalhista Social ( PTB, PL e PSC ), mas perdeu para Orestes Quércia (PMDB). Escreveu e produziu três peças teatrais, com foco nos problemas brasileiros, sendo membro da Academia Paulista de Letras.
Em nota, a Votorantim lamentou a morte do empresário. “Com o falecimento do Dr. Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos. Dr. Antônio deixa a esposa, Dona Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos”.
A predidenta Dilma Rousseff também lamentou na manhã desta segunda-feira a morte do empresário. Em nota, ela elogiou a trajetória de Ermírio e se solidarizou com a família e amigos.
“Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes. Líder nato, Antônio Ermírio sempre acreditou no desenvolvimento do Brasil. Aos familiares e amigos, meus sentimentos por esta perda”, diz o texto.


Comissária da ONU acusa Estado Islâmico de "limpeza étnica e religiosa"
Navi Pillay pediu o julgamento dos responsáveis por possíveis crimes contra a humanidade
AFP redação@brasileconomico.com.br
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, acusou os jihadistas do Estado Islâmico (EI) de promover uma "limpeza étnica e religiosa" no Iraque e pediu o julgamento dos responsáveis por possíveis crimes contra a humanidade.
"O Estado Islâmico (EI) e os grupos armados associados cometem a cada dia graves e horríveis violações dos direitos humanos. Atacam sistematicamente homens, mulheres e crianças em função de sua origem étnica, religiosa ou sectária, e realizam uma limpeza étnica e religiosa sem piedade nas regiões que controlam", afirma Pillay em um comunicado.
"Tais atos poderiam constituir crimes contra a humanidade", completa a nota, que condena as "violações sistemáticas e generalizadas dos direitos humanos".
"Apelo à comunidade internacional que assegure que os autores destes crimes odiosos não fiquem impunes", insiste Pillay.
O Iraque é cenário desde 9 de junho de uma ofensiva de jihadistas sunitas do EI, que ocupam várias regiões do norte do país.

O pessimismo tem efeito dominó', diz o presidente da Anfavea, Luiz Moan
O economista defende a necessidade de reverter o clima ruim que se estabeleceu no país, arrastando a economia, que é alimentada, em grande parte, de percepção. À frente do setor que mais se beneficiou de medidas do governo, ele defende o estímulo ao consumo
Moacir Drska mdrska@brasileconomico.com.br

São Paulo - Economista de formação, Luiz Moan destoa do discurso adotado por boa parte de seus colegas quando o tema é o modelo de crescimento para o Brasil. Na contramão do pensamento corrente, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e diretor institucional da General Motors no Brasil defende que as políticas de incentivo ao consumo são, sim, a principal via de desenvolvimento do país. Após registrar recordes nos últimos dois anos — justamente sob o impulso de medidas como a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) —, o setor automotivo vive um ano desafiador. O segmento registrou retrações de 8,6% e 17,4%, respectivamente, nos licenciamentos e na produção, no acumulado dos primeiros sete meses do ano. Em entrevista ao Brasil Econômico, Moan prevê a retomada no segundo semestre e critica o pessimismo do mercado. Para ele, essa visão — baseada em indicadores desatualizados — cria um efeito extremamente prejudicial à economia brasileira.
No primeiro semestre, a mudança nas alíquotas do IPI foi um dos fatores que mais contribuíram para a queda nas vendas de automóveis. O sr. acredita que foi um momento inoportuno para alterações na alíquota?
Todo aumento de imposto é extremamente prejudicial para a economia brasileira, que escolheu como suporte do seu desempenho o seu mercado interno. Logo, temos mesmo que incentivar o consumo. Só assim vamos conseguir uma performance melhor. Claramente, as mudanças nos impactaram. Teríamos tido um semestre muito melhor se não houvesse a alteração do IPI em janeiro. Veja, as pessoas falam que quando o governo reduz o IPI é um incentivo ao setor. Eu diria o seguinte, hoje nós temos a maior carga tributária do mundo incidente sobre veículos. Se pegarmos um veículo médio, um flex, o imposto direto está na casa de 28%. E quando falamos em gasolina, quase 30%. Então, mesmo que o IPI fosse zerado, ainda assim nós teríamos a maior carga tributária do mundo, com um percentual de cerca de 22%. Nos Estados Unidos, estamos falando em 7%; no Japão, 10%. A média da Europa Ocidental é de 16%. Então, eu discordo que é um incentivo, porque é um ajuste da carga tributária, e é por isso que nós defendemos a redução permanente dessa carga tributária.
Mas o sr. considera que hoje o setor é extremamente dependente dessa redução do IPI? Essa fórmula  já se esgotou?
É justamente o contrário. Nós temos um mercado hoje artificialmente baixo, por causa do tamanho dessa carga tributária. Então, qualquer redução traz um impacto positivo. No mês de julho, contra junho, crescemos as vendas em 11,8%. E tenho certeza que se o IPI não tivesse sido mantido, nós teríamos uma redução do mercado. Um outro dado importante: a alíquota reduzida — enquanto vigorou, de maio de 2012 a dezembro de 2013 — possibilitou uma perda da arrecadação do IPI em torno de R$ 4,9 bilhões, mas tivemos arrecadação adicional de PIS e Cofins de R$ 5,1 bilhões. Aí tivemos a arrecadação em ICMS e IPVA. No líquido, os entes da Federação arrecadaram R$ 8,1 bilhões a mais. É a prova de que, se tivéssemos uma carga tributária menor, teríamos um mercado e uma arrecadação maiores.
O sr. disse que defenderia a redução como permanente. Há alguma conversa com o governo nesse sentido?
Não neste momento. Porque nós temos que entender também a difícil situação fiscal do governo neste momento. Então, eu não vejo nenhuma chance de nós conseguirmos a manutenção da redução do IPI além de dezembro.
Qual seria a alternativa a essa redução e quanto tempo isso demandaria para ter um impacto positivo para o setor?
Em primeiro lugar, precisamos reverter esse clima de pessimismo corrente na economia brasileira. Isso virou um efeito dominó. Porque a economia — não só brasileira, mas mundial — depende muito da percepção, que hoje é de uma situação extremamente negativa. Essa é a primeira reversão que nós teríamos que fazer. Vou dar um exemplo de como às vezes os indicadores antigos atrapalham. No começo de agosto, nós divulgamos que, de junho para julho, crescemos 11,8%. Na última sexta-feira, saiu o indicador de atividade do Banco Central, referente ainda ao mês de junho. Então, o que eu vejo é o seguinte: as pessoas têm que entender que o nosso indicador é muito mais atualizado do que qualquer outro. O PIB do mês de junho pelo IBGE só deve sair no fim de agosto. Então, de novo deve vir notícia ruim, mas com certeza nós já estaremos apresentando número positivo. E em segundo lugar, precisamos ganhar competitividade.
Uma das contrapartidas da redução do IPI é a questão das demissões. O sr. acredita que haverá mais demissões?
O compromisso setorial com o governo, de manter o nível de emprego existente no fim de maio de 2012, ressalvadas algumas condicionantes, permanece. Primeiro é o pedido de demissão. Segundo, a aposentadoria do funcionário. Terceiro, o programa de demissão voluntária. E, quarto, o contrato temporário de trabalho. Mesmo sem descontar essas quatro condições, fechamos o mês de julho com um nível de emprego superior ao mês de maio de 2012. Contrariamente ao que às vezes lemos na mídia, na nossa visão, o layoff é um mecanismo de preservação de emprego. Ninguém admitiria ter um funcionário cinco meses sem trabalhar se não tivesse a expectativa de uma melhoria do mercado. Então, acho que é um instrumento legítimo a realização do layoff ou de férias coletivas, ou a compensação de banco de horas. Instrumentos que a indústria utiliza justamente para preservar os empregos.
Mas neste semestre, o sr. vê a manutenção dessa tendência?

Em julho, nós já tivemos um crescimento em relação à média do primeiro semestre, de 6,5%. As nossas exportações já cresceram também, nessa mesma base de comparação. O que precisamos fazer ainda é usar a variável produção como ajuste de estoque. E, para isso, estamos usando todos os mecanismos possíveis para preservar o emprego. Enquanto não ajustarmos os estoques, esses recursos continuarão.
É possível fazer uma previsão de quando a situação irá se normalizar?
Nós já tivemos uma redução de 45 dias no estoque, no fim de junho, para 39 dias no fim de julho. Nesse ritmo, daqui a pouco estaremos em torno de 30 dias ou até menos.
A restrição na oferta do crédito é uma questão que o setor vem debatendo há tempos. O que existe de concreto nessa frente?
O importante é o seguinte: ninguém realiza críticas ao sistema bancário brasileiro em função dessa seletividade. Até porque, nós chegamos a ter um índice de inadimplência de 7,5%, que é extremamente alto. O que nós estamos colocando é que hoje esse nível de inadimplência já está em 4,9%. Ou seja, nosso posicionamento é que, assim como nós entendemos que o sistema bancário elevou a seletividade em função da alta de inadimplência, agora eu já acho que estamos no nível de inadimplência em que uma análise diferente pode ser feita.
Mas o sr. já percebe reflexos positivos da redução desses índices?
Existem alguns bancos já procedendo a uma nova metodologia de seletividade. Recentemente o Banco Central tomou uma medida de aumentar a liquidez na economia brasileira, não diretamente dirigida ao setor, mas podemos ser impactados diretamente, e também indiretamente. Porque esse aumento de liquidez em torno de R$ 30 bilhões via depósito compulsório, mais R$ 15 bilhões via redução do fator de provisão, geram um recurso de R$ 45 bilhões para a economia brasileira. Então, o sistema bancário está realizando as suas análises, mas eu acho que daqui a pouco a economia começa a... não digo destravar, porque o volume de crédito continua. Mas os bancos passarão a ter uma régua menor no critério de seletividade.
Qual é a perspectiva para a indústria automotiva no segundo semestre?
No total do ano de 2014, em relação a 2013, vamos cair na produção em torno de 10% no mercado interno; em vendas, 5,4%; e em exportação, 29%. Mas para termos essa queda no ano, significa que o segundo semestre será melhor que o primeiro em dois dígitos. Diria que em 2014 não haverá um desempenho igual ou melhor que em 2013, mas que o segundo semestre será muito melhor que o primeiro, o que nos aponta uma retomada já em 2015.
Quais os reflexos que as eleições podem trazer para o setor?
De forma tradicional e histórica, em nenhuma eleição houve um prejuízo para o setor automotivo. As vendas continuam no seu ritmo normal. Do ponto de vista de quem vai ganhar a eleição, o peso do setor automotivo é muito grande. Somos quase um quarto do PIB industrial na cadeia inteira. Temos cerca de 5% a 6% do PIB total. E somos responsáveis também na cadeia produtiva e pós-venda por cerca de 12% da arrecadação total do país. Então, esse nosso peso faz com que os governos — seja qual for o partido ou a ideologia — tenham uma preocupação muito grande com o nosso desempenho.
Há um diálogo com os principais candidatos?
Nós fazemos sempre o diálogo via instituições como CNI e CNA.
Seja qual for o governo que assumir, quais seriam as principais reivindicações do setor?

Acho que a primeiro delas é a simplificação e, num segundo momento, a redução da carga tributária. Isso é fundamental, porque hoje o sistema é tão complexo, que é impossível acertar. Nós temos 27 estados e 27 regulamentos diferentes do ICMS. Temos mais de 5 mil municípios com legislações diferentes de ISS. O IPVA não é harmônico no Brasil inteiro. E a cada dia tem uma instrução nova para as normas dos impostos federais. A simplificação é um primeiro caminho e, num segundo momento, a redução da carga tributária. Ainda falando em tributos, a primeira providência seria que na exportação houvesse a compensação dos impostos incidentes na cadeia produtiva.
Como o sr. encarou a frase do ministro Guido Mantega, que afirmou recentemente que a indústria automotiva tem que caminhar com as próprias pernas?

Podemos caminhar, sim, com as nossas próprias pernas — ou rodas. O fato é que nós queremos isso. Só que, para isso, queremos que a carga tributária seja internacional, equivalente aos grandes mercados. E que a gente possa exportar produtos sem impostos não compensáveis, que são em torno de 9%.
O Brasil caiu para a posição de quinto mercado consumidor e é o sétimo país produtor. Quais são os principais desafios para essa indústria ganhar competitividade?

O primeiro aspecto são os impostos embutidos. Nós temos cerca de 9% de impostos não compensáveis no custo de produção. Então, isso gera um impacto de custo, um diferencial de custo negativo muito grande. Segundo, a nossa economia de escala deveria crescer também, por isso trabalhamos na redução dos impostos diretos. Nossa cadeia automotiva é muito dependente de uma série de matérias-primas que — para todo mundo, não só na nossa indústria — estão nesse momento acima do preço internacional. Então, tudo isso vem encarecendo muito a produção no Brasil, que ainda tem custo total da mão de obra muito alto.
O novo acordo estabelecido com a Argentina é suficiente para minimizar os efeitos negativos das exportações?
O que aconteceu no primeiro semestre foi que, além da queda de mercado na Argentina, o governo local tomou uma série de restrições às importações de caráter administrativo. Com isso, o mercado caiu 20%, 24%, e as nossas exportações retraíram 30%, 34%. Se no segundo semestre nós não tivermos as restrições administrativas — e não teremos —, vamos trabalhar no limite do mercado, ou seja, uma queda acentuada, mas muito menor, porque não existirão essas restrições. Com isso, acreditamos que as nossas exportações no segundo semestre vão crescer em torno de dois dígitos em relação ao primeiro. O acordo que fizemos no fim de junho é fundamental para que eu possa dizer que o intercâmbio comercial Brasil-Argentina não vai sofrer restrições adicionais. Primeiro, nós aprofundamos o que nós chamamos de integração produtiva. A Argentina depende das peças brasileiras e dos veículos brasileiros. Assim como nós dependemos das peças e veículos argentinos. No primeiro semestre, o Brasil exportou no setor automotivo US$ 3,7 bilhões e importou US$ 3,6 bilhões. Portanto, há uma balança equilibrada. Se nós mantivemos esse equilíbrio — e manteremos —, significa que não há saída de divisas adicionais por parte da Argentina, e ainda manteremos o nível de produção industrial no setor automotivo.
O que poderia ser feito para aumentar as exportações? 
Nós vamos, juntos com o governo brasileiro, renegociar vários acordos de comércio que já existem, mas que necessitam ser aprofundados. E vamos também negociar, juntos, novos acordos. Temos viagens programadas para Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Paraguai. Em seguida, pretendemos trabalhar no continente africano, onde já iniciamos conversas com alguns países, na área de máquinas agrícolas. E vamos conversar com o governo mexicano. E, provavelmente, para 2015, o acordo do Mercosul com a Europa.
Montadoras como JAC, Cherry e BMW, entre outras, anunciaram investimentos no país. Há como comportar esse adicional de produção?
O índice de motorização no Brasil é um dos mais baixos do mundo — cerca de seis habitantes por veículo. Na Argentina é de 3,5. Na Europa Ocidental, 2, e nos Estados Unidos, 1,2. Para o Brasil se igualar à Europa, é preciso triplicar a frota atual, ou seja, adicionar 60 milhões de veículos. Com exceção de São Paulo, que já tem um índice hoje muito parecido com a Europa Ocidental, de 2 habitantes por veículo. Portanto, a venda em São Paulo é quase que de substituição.
Em relação aos recursos tecnológicos, em que estágio o Brasil está?
Em termos de veículos, especificamente nos veículos de média gama pra cima, já oferecemos toda a conectividade que existe no mundo. Nos veículos mais populares, um pouco menos, porque o impacto de preço é muito alto. Por isso, estamos trabalhando junto com o setor de autopeças para que isso possa ser oferecido com o máximo possível de produção brasileira. Hoje, quando falamos em conectividade, em controle eletrônico, somos obrigados a importar esses componentes. Então, gostaríamos que o setor de autopeças pudesse realizar investimentos para a produção aqui no Brasil.
E como está essa conversa?
O próprio Inovar Auto traz uma questão da rastreabilidade do produto importado. Com isso, qual é o grande objetivo das montadoras e da Anfavea? Que o governo saiba exatamente que tipo de peça é importada; qual é o volume importado; qual é a tendência de escala. Para ver se vale a pena produzir no Brasil, ou não. Aí vem o papel importante de uma política industrial voltada ao setor de autopeças. Para isso, a gente precisa fechar o diagnóstico.
Quais são as perspectivas para os segmentos de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas?

Em caminhões vamos ter agora no segundo semestre performance melhor do que no primeiro semestre. Nós tivemos esse clima de pessimismo muito grande — e o comprador de caminhões e ônibus é comprador profissional, portanto, atento a qualquer tendência da economia. Com isso, vamos fechar 2014 com uma certa redução do mercado, porém, com um crescimento também em torno de dois dígitos sobre o primeiro trimestre.
O setor apresentou recentemente um programa para o governo para renovar a frota de caminhões com mais de 30 anos de uso. Em que estágio está essa conversa?
Está em análise final pelo governo, mas ainda não aprovada. Nós acreditamos que ainda este ano saia pelo menos uma legislação para testar o mercado, um projeto piloto. E o desempenho de caminhões foi muito prejudicado no início deste ano com o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, que praticamente ficou patinando. A mesma coisa aconteceu com máquinas agrícolas.
O sr. falou sobre o pessimismo que assola o mercado. O sr. é um otimista sobre as perspectivas do Brasil?
Eu prefiro dizer que sou realista. Porque eu tenho indicadores muitas vezes à frente dos índices que são divulgados. Por exemplo, há dez dias divulgamos os dados de julho, de crescimento. E só na sexta saíram dados de indicadores de atividade relativos a junho. Ainda não saiu o PIB do IBGE. Provavelmente, quando for lançado o PIB referente ao segundo trimestre, nós já vamos estar com dados de vendas de agosto completo. Então, temos sinais bastante diferentes desses indicadores que estão sendo divulgados, o que nos permite ter uma visão mais realista do mercado.
Diante desses indicadores, quais são as perspectivas para 2015? É possível falar em uma retomada ou as estimativas são mais conservadoras?
Não sabemos ainda qual o tamanho, mas teremos um 2015 melhor do que 2014. Os indicadores desse segundo semestre já sinalizam claramente essa tendência.
Com todo esse cenário de desafios em 2014, qual é o fôlego que as montadoras têm para fazer campanhas mais agressivas junto aos consumidores?

As margens do setor vêm caindo drasticamente. Estamos concluindo um estudo ainda, mas, entre 2004 e 2011, nossa média de lucratividade, de lucro líquido, aquilo que realmente interessa, foi menor do que a média mundial. Estamos esperando os dados do IBGE para poder fechar, mas, com certeza, eles mostrarão números ainda piores de 2013. Então, se você olhar os últimos balanços, as últimas notícias, mesmo das matrizes que reportam a América do Sul, as margens são extremamente negativas, com algumas empresas chegando a perder dinheiro. Agora, nosso negócio é de longo prazo. Então, essa massa de investimentos que está sendo colocada — entre 2012 e 2018, temos R$ 75,8 bilhões de investimentos das montadoras — demonstra a confiança que temos no crescimento da economia. Digo o seguinte: essa crise é pontual e é conjuntural essa percepção, esse mau humor macroeconômico. Este ano o Brasil está recebendo US$ 60 bilhões de investimentos produtivos. O que aconteceu é que o setor produtivo em geral passou — e eu sou economista — a ouvir muito meus colegas. Lembro que em 2013, em abril, eu disse que o PIB ficaria em torno de 2,5%. E fiquei falando sozinho até o fim do ano. E aí, o que aconteceu? O IBGE lançou 2,3%. Aí fez a revisão e bateu em 2,5%. O que eu acho hoje é o seguinte, você tem consultores que já estão prevendo 0,6% de crescimento do PIB. Tenho certeza que está muito mais perto de 1,2%, 1,4%, do que desses 0,6%. O que não esperávamos foi o baque que tivemos no mês de junho. A Copa do Mundo para a produção industrial e para o consumo foi muito impactante, em função dos feriados. Nós tivemos em junho 12 dias diretos de jogos. E o país parou.
Muito se critica as políticas de incentivo ao consumo. O sr. acredita que realmente essa é a alternativa para o Brasil e que essa fórmula ainda tem fôlego para impulsionar o país?
Acho que o consumo tem que ser incentivado, sim, aqui no Brasil. É a base da nossa economia. Nós não somos um país exportador, o que conseguimos exportar são as commodities. Então, acho que, primeiro, temos que continuar a incentivar o consumo, incentivar na parte de produção industrial a exportação das commodities, mas com maior valor agregado. Por exemplo, nós exportamos os lingotes de aço e importamos a chapa. Por que não desenvolvemos uma política de exportação da própria chapa? Nós exportamos a soja in natura. Mas cadê a produção industrial em cima da soja? Alguns países pequenos como Japão, Coreia do Sul, o próprio México, escolheram exportação para sustentar a sua economia. Com subsídios altíssimos a essa atividade. Então, acho que o Brasil tem que continuar incentivando o consumo. Obviamente, para incentivar o consumo, um ponto é chave: empregabilidade. Para a pessoa consumir, ela tem que se sentir segura no emprego. E o que essas análises fazem, essas percepções, jogam justamente para o lado contrário. Por isso que eu digo que hoje nós sofremos de um efeito dominó. Uma análise negativa leva a outra, que leva a outra... o que são indicadores de confiança? Percepção quanto ao futuro. E isso está travando a economia brasileira. Não estou dizendo que está tudo perfeito. Tem um fundo de verdade, mas diria que não bate com os indicadores que nós temos hoje para o segundo semestre. Para o setor automotivo, por exemplo, o ano está começando agora.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014


MARINA SILVA?... CUIDADO!

 

Por Percival Puggina. Artigo publicado em 16.08.2014

 

Denunciar os terríveis malefícios prestados à Igreja Católica pela Teologia da Libertação (TL) faz parte dos deveres cívicos e religiosos que me impus desde que comecei a escrever para jornais, nos anos 80. A TL é uma versão comunista da teologia cristã, que serve ao comunismo e desserve á Igreja. Já levo 29 anos tratando, periodicamente, desse lastimável mas necessário tema.

Passadas quase três décadas, não encontrei motivo para corrigir uma linha sequer do que escrevi a respeito, muitas vezes incluindo no rol das minhas execrações vastos setores da hierarquia da Igreja instalados na CNBB, em alguns de seus órgãos e em segmentos de sua assessoria. Esses setores, nos anos 80, estavam mais preocupados com promover o PT e suas pautas. Agora estão mais preocupados com proteger os efeitos políticos sobre o PT das estripulias que esse partido promove com cotidiana dedicação.

 Pois foi nesse mal coado e azedo caldo de cultura, cozido em água benta, que se formou Marina Silva, a senhora acreana que a morte de Eduardo Campos traz à ribalta desta eleição. Cuidado! A fala mansa da ex-vice de Eduardo Campos não se harmoniza com a rigidez e o radicalismo de suas posições. O dever cívico de conhecê-las não se cumprirá ouvindo o meigo discurso eleitoral que vem por aí. Há informações muito mais precisas e irrefutáveis na biografia da candidata.

Seu primeiro alinhamento político deu-se com filiação ao Partido Comunista Revolucionário (PRC), célula marxista-leninista albergada no PT onde militou durante uma década. Foi fundadora da CUT do Acre e lá, filiada ao PT, conseguiu o primeiro de uma série de mandatos legislativos: vereadora em Rio Branco, deputada estadual, senadora em dois mandatos consecutivos. Em 2003, no primeiro mandato de Lula, assumiu a pasta do Meio Ambiente, onde agiu como adversária do agronegócio. Sua gestão deu-lhe notoriedade internacional e conquistou ampla simpatia de organizações ambientalistas europeias que agem com fanatismo anti-progressista em todo mundo, menos na Europa...

Foram cinco anos terríveis para o desenvolvimento nacional. No ministério, Marina travava projetos de infraestrutura, impedia ou retardava empreendimentos públicos e privados, aplicava a torto e a direito um receituário avesso às usinas, aos transgênicos, ao agronegócio, principal motor do desenvolvimento nacional e responsável pela quase totalidade dos superávits de nossa balança comercial. Os pedidos de licenças ambientais empilhavam-se, relegados ao descaso. Empreendimentos eram cancelados por exaustão e desistência dos investidores. Sempre irredutível, Marina incompatibilizou-se com governadores, com os setores empresariais e com a então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Foram cinco anos terríveis!

Quando se sentiu politicamente firme, largou a Igreja Católica, mudou-se para a Assembleia de Deus e para o PV. Depois, largou não sei que mais e se mudou para o projeto da Rede. Mas isso não a fez menos alinhada com as trincheiras de combate às economias livres, ao agronegócio, e ao evangélico domínio do homem sobre os bens da Criação. A ecomania de Marina Silva inverte a ordem natural nesse convívio, submetendo os interesses da humanidade às determinações que diz extrair do mundo natural. No fundo, vestido com floreios ecológicos, é o velho ódio marxista à propriedade privada dos bens da natureza.

De um leitor, a respeito da animosidade de Marina Silva para com o agronegócio: "Ela é uma praga de gafanhotos stalinistas reunidos numa pessoa só".

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.