15/05/2013 - 09h40
Rússia faz protesto formal aos EUA por diplomata acusado de espionagem
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia fez nesta quarta-feira um protesto formal ao embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Michael McFaul, contra o diplomata acusado de recrutar agentes russos para a CIA (Agência Central de Inteligência, em inglês), órgão internacional de espionagem americano.
Na terça, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, antiga KGB) informou que prendeu Ryan Fogle, terceiro-secretário da embaixada americana em Moscou, acusado de aliciar um agente russo para a CIA. Ele foi taxado de "persona non grata" e deve deixar o país.
Em comunicado, a Chancelaria russa informou que o embaixador americano foi recebido pelo vice-chanceler ursso, Sergei Ryabkov, e entregou o protesto formal em uma reunião em que discutiram outras questões internacionais.
Fogle foi preso e liberado em seguida após ser entregue a funcionários do Departamento de Estado. Segundo os agentes russos, foram encontrados com ele uma quantidade grande de dinheiro em moeda estrangeira, em especial euros e dólares, um mapa, uma bússola e material para disfarces, como perucas e óculos escuros.
Além do dinheiro e dos disfarces, os agentes russos disseram que o diplomata tinha uma carta, em que são passadas instruções a um russo que teria sido aliciado por ele. No documento, Fogle oferece US$ 100 mil (R$ 260 mil) de entrada e US$ 1 milhão (R$ 2,6 milhões) por ano para "uma cooperação a longo prazo".
A prisão do americano acontece em meio à tensão nas relações entre os dois países, em especial causada pelas acusações de Washington de que Moscou reprime as forças opositoras ao presidente Vladimir Putin e viola direitos humanos.
Em represália, a Rússia impediu a adoção de crianças russos por americanos que, para Moscou, são mal tratadas pelos pais adotivos. Outro ponto de discordância é a posição em relação ao conflito na Síria, em que Washington apoia os rebeldes e Moscou o regime de Bashar al-Assad.
EMBAIXADOR
A conduta do embaixador americano, que está no país desde janeiro de 2012, também é motivo de irritação para os russos. Ele provocou a ira do governo local após receber grupos de ativistas da oposição a Putin e representantes de entidades de direitos humanos.
Outro ponto de impasse foi a acusação feita por McFaul de que a Rússia teria oferecido dinheiro ao governo do Quirguistão para retirar uma base americana do território do país, que é uma ex-república soviética. O local é usado como apoio às tropas dos Estados Unidos no Afeganistão.
Mesmo após o fim da União Soviética, em 1991, Estados Unidos e Rússia mantêm agentes encarregados de espionar os dois países. Em 2010, o FBI (Birô Federal de Investigações, em inglês) prendeu 11 acusados de espionagem para a Rússia em quatro Estados americanos e em Chipre, no mar Mediterrâneo.
Na ocasião, Washington disse que a Rússia infiltrou agentes nos Estados Unidos que se aproximaram de fontes políticas e reuniram informações para a Rússia. Em 2011, o ex-chefe dos Serviços de Inteligência Externa Alexandre Poteev foi condenado a 25 anos de prisão por entregar os suspeitos aos americanos.
Uma delas, Anna Chapman, ficou mais conhecida por sua beleza. Ela foi expulsa dos Estados Unidos e perdeu sua cidadania no Reino Unido, mas foi condecorada na Rússia e chegou a posar nua para uma revista masculina.