terça-feira, 18 de outubro de 2011

A PRIMAVERA ÁRABE CUSTOU QUASE US$ 56 BILHÕES A PAÍSES ENVOLVIDOS.

A primavera árabe custou caro para a economia do Oriente Médio e do Norte da África. Segundo estudo publicado nesta sexta-feira, 14, pela consultoria Geopolicity, as manifestações causaram, desde janeiro, um prejuízo de US$ 55,8 bilhões para Síria, Líbia, Egito, Tunísia, Bahrein e Iêmen. A conta mostra que nos países onde os protestos foram violentos os prejuízos foram maiores.
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De acordo com a pesquisa, Líbia e Síria foram mais duramente afetadas. A guerra civil contra o ditador Muamar Kadafi custou US$ 7,67 bilhões, o que corresponde a 28% do PIB do país. A arrecadação do governo caiu 84% e as contas públicas tiveram um prejuízo de US$ 6,5 bilhões com o conflito, um rombo igual a 29% de tudo que é produzido na Líbia.
Desde o início da luta do Conselho Nacional de Transição (CNT) contra Kadafi, as exportações de petróleo, principal fonte de renda do país, estão paradas. Recursos líbios investidos no exterior foram congelados após a Resolução 1.970 do Conselho de Segurança da ONU, que abriu caminho para as punições ao regime.
Na Síria, uma economia mais fechada, o efeito dos conflitos também é pesado. Estimativas indicam que a repressão do regime de Bashar Assad contra manifestantes, que já deixou ao menos 3 mil mortos, causou um prejuízo de US$ 6 bilhões à economia do país, o equivalente a 4,5% de seu PIB. O impacto nas contas públicas foi de US$ 21 bilhões.
O Egito, onde não houve confronto armado, a economia foi menos afetada, mas ainda sofre para se recuperar. Os protestos custaram US$ 4,3 bilhões, ou 4,2% do PIB. O turismo, uma das principais fontes de renda do país, ainda não retornou aos níveis anteriores à primavera árabe. Desde a renúncia de Hosni Mubarak, as reservas em moeda estrangeira caíram 30%, para cerca de US$ 24 bilhões. A Bolsa do Cairo recuou 42% desde dezembro.
Outros países também foram afetados. A Tunísia, cuja revolução desencadeou os protestos na região, perdeu o equivalente a 5,2% de seu PIB – o impacto mais forte foi nos setores de turismo, mineração e pesca.
No Iêmen, o país mais miserável da região, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza deve passar de 15% como resultado da retração de 6,3% do PIB. A relação dívida/PIB do país deve crescer para 44%. No Bahrein, no entanto, a manutenção das atividades petrolíferas impediu que a economia regredisse. O impacto dos protestos no PIB foi de apenas US$ 390 milhões.
Quem lucrou com a primavera árabe foram os Estados produtores de petróleo do Golfo Pérsico, principalmente os Emirados Árabes. O preço do petróleo, que antes dos protestos estava em US$ 90 por barril, subiu para US$ 130 em maio. Hoje, recuou para US$ 113. As riquezas produzidas no país tiveram um aumento de US$ 62,8 bilhões em comparação com o mesmo período de 2010. Na Arábia Saudita, esse aumento foi de US$ 5 bilhões e no Kuwait, de US$ 1 bilhão.