Obama e os valores americanos
04/07/12 08:38 | Rodrigo Sias - Economista do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Desde que foi eleito, Barack Obama despertou dois tipos de sentimentos distintos. O primeiro era de otimismo, naqueles que achavam que sua eleição era uma prova da vitalidade da democracia americana. Afinal, tratava-se da eleição do primeiro presidente negro nos Estados Unidos.
Para estes, Obama significaria a vitória da tolerância e do multilateralismo para o mundo. O segundo sentimento era o de profunda desconfiança.
Sua ascensão meteórica nas prévias do Partido Democrata em 2008, um discurso vago sobre "mudanças" e um slogan marqueteiro "yes, we can", aliado a sua total falta de passado político relevante, colocava em dúvida sua capacidade para liderar o país e preservar seus valores fundamentais.
O observador político mais atento, dadas às evidências abundantes, teria que dar razão ao segundo grupo.
Desde o início, Obama é cercado por dúvidas sobre sua nacionalidade - o que inviabilizaria sua eleição a priori, - inconsistências sobre seu passado e suspeitas de ligações com a causa negra radical e com o Islã. Seu desprezo pelos valores americanos que jurou proteger - gaguejando - em seu juramento de posse em 20 de janeiro de 2009 é sintomático.
Obama vem dividindo, o país implementando uma agenda "progressista" rapidamente: a quantidade de leis e atos confidenciais de seu governo é espetacular, regulamentando uma série de intervenções na vida dos cidadãos poucas vezes tentada.
Em sua principal plataforma de governo - o chamado "Obama Care" - ataca de uma só vez a liberdade religiosa e a livre iniciativa, aumentando o tamanho do Estado de forma inédita, contando com o apoio de grande parte da mídia e do establishment universitário.
Para se proteger, a Igreja Católica iniciou o maior processo coletivo da história dos Estados Unidos - 12 ações de 43 organizações contra o "Obama Care" - alegando, com razão, que o programa de saúde obriga fundações cristãs a pagar por anticoncepcionais e procedimentos de aborto, ferindo suas crenças.
Nas relações internacionais, Obama reverteu a política duradoura de apoio a Israel e suporte às ditaduras seculares no Oriente Médio, favorecendo grupos islâmicos radicais antiamericanos como a "Fraternidade Muçulmana", além de fazer vista grossa às manobras chinesas e russas de espionagem.
Nas Forças Armadas, Obama conseguiu acabar com o harmônico sistema "don't ask, don't tell", inserindo conflitos homossexuais no seio da hierarquia militar. Cabe registrar que, desde sua ascensão, houve também uma explosão dos ataques de negros contra brancos.
Para os conservadores, o governo Obama representa a tentativa de demolição dos Estados Unidos. O Tea Party, aparentemente radical, é apenas uma reação tardia ao imenso ataque aos valores americanos.
O problema dos conservadores é a falta de uma liderança carismática para enfrentar Obama. Como eu assinalei em um artigo de 12 de abril de 2012, "não há nenhum Ronald Reagan à vista".
Hoje, no seu Dia da Independência, os americanos devem lembrar queseus valores, profundamente cristãos e conservadores, trazidos no início da colonização pelos "Pilgrim Fathers" puritanos, em 1620, e consagrados na Constituição dos "Founding Fathers", estão em xeque com Obama na Presidência.
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Rodrigo Sias é economista do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)