Escassez de órgãos para doação estimula
tráfico de pessoas, alerta relatora especial da ONU
28 de outubro de 2013 · Notícias
Um número crescente
de pessoas são exploradas e obrigadas a fornecer seus próprios órgãos para
serem transplantados em outras pessoas, denunciou a relatora especial da ONU sobre o tráfico humano,
Joy Ngozi Ezeilo, na sexta-feira (25).
“A raiz do problema
é uma aguda escassez de órgãos para transplante em todo o mundo e um
descompasso entre a crescente demanda por transplantes e os estritos limites
definidos nas fontes disponíveis”, disse a especialista em seu relatório anual para a Assembleia Geral da ONU.
Ezeilo também
chamou a atenção para a falta de informação sobre a remoção de órgãos e afirmou
que isso é resultado, principalmente, da natureza clandestina do tráfico e do
fato das vítimas terem pouca oportunidade para denunciar, já que, em sua
maioria, elas são pobres, desempregadas e com baixo nível educacional.
Estudos de casos
analisados pela relatora mostram que as vítimas, em particular as do leste
europeu, América do Sul e Ásia, são atraídas para vender seus órgãos com a
promessa de grandes quantidades de dinheiro que quase nunca são pagas na
íntegra.
O estudo também
mostra que a assistência médica pós-operatória oferecida às vítimas é muitas
vezes inadequada. Muitos sofrem exclusão social e enfrentam ameaças diretas
para não denunciarem o tráfico.
Ezeilo ressaltou as
deficiências nas leis e políticas sobre o tráfico de pessoas para a remoção de
órgãos, inclusive a nível internacional. “Leis inadequadas não só evitam fortes
respostas nacionais como também inibem a cooperação internacional”, afirmou.
Os Estados devem
aumentar seus esforços para cumprir sua obrigação internacional para acabar com
todas as formas de tráfico humano, inclusive para a remoção de órgãos, disse a
especialista da ONU.