terça-feira, 30 de dezembro de 2014


Governo do Sudão expulsa dois representantes da ONU; Ban Ki-moon diz que ação é ‘inaceitável’

O presidente sudanês já havia pedido a saída da missão de paz da ONU e da União Africana em meio à tentativa de investigação de um estupro em massa de 200 mulheres que teria ocorrido no país.

 

Foto: Albert González Farran/UNAMID

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, classificou como “inaceitável” a expulsão de dois funcionários de alto escalão das Nações Unidas no país. Segundo um comunicado emitido por seu porta-voz, a ONU confirmou que o governo do Sudão decidiu expulsar o atual coordenador residente e coordenador humanitário da Organização, Ali al-Zaatari, e a diretora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no país, Yvonne Helle.

“O secretário-geral condena a decisão do governo do Sudão de expulsar [os dois funcionários]. A sanção de funcionários das Nações Unidas enviados ao Sudão para exercer as suas funções em conformidade com a Carta das Nações Unidas é inaceitável”, disse o comunicado da ONU.

O secretário-geral pediu que o governo local reverta sua decisão “imediatamente” e o incitou a cooperar “plenamente” com todas as entidades das Nações Unidas presentes no Sudão.

Segundo relatos da imprensa internacional, a expulsão ocorre um mês depois do presidente ter pedido a saída da missão de paz conjunta da ONU e da União Africana (UNAMID), a chamando de um “fardo para a segurança”. O chefe da força de paz da ONU já havia declarado que a missão não deve aceitar o pedido para sair do país, quando a situação parece estar piorando.

Por meio da missão de paz, a ONU está investigando o estupro em massa de 200 mulheres no país, mas está tendo dificuldades de concluir as investigações devido à falta de cooperação das autoridades. Em novembro, Ban Ki-moon já havia solicitado acesso “irrestrito” à cidade de Tabit para que os investigadores possam verificar os relatos sobre os supostos crimes, sem sucesso.

A ONU tem uma forte presença no país atingido por graves problemas humanitários e de segurança, tanto com a missão de paz quanto com as diversas agências, fundos e programas que atuam no Sudão.