Em encontro com
Dilma, governador José Melo propõe transposição do rio Amazonas
Governador diz a
secretários que sugerirá à presidente da República levar água da foz do rio
Amazonas para o Nordeste
30 de Dezembro de 2014
LUCIANO FALBO
Presidente Dilma Rousseff e governador José Melo,
em reunião em Brasília no primeiro semestre de 2014 (Roberto Sturck )
Em um almoço informal com secretários e
jornalistas na tarde de ontem na sede da Secretaria Estadual de Fazenda
(Sefaz), o governador José Melo (Pros) revelou que pretende levar à presidente
Dilma Rousseff (PT) uma proposta de transportar água da foz do Rio Amazonas
para o semiárido nordestino. O governador também revelou que quer sensibilizar
a presidente para o potencial de piscicultura que tem o Amazonas. Na edição de
ontem, A CRÍTICA mostrou que José Melo pretende se reunir com Dilma
Rousseff nos primeiros dias do ano que vem.
Segundo o governador, “os ricos
sentiram na pele” o problema da falta de água, ao se referir à crise que o
Estado de São Paulo passa com escassez do recurso em suas fontes. Para José
Melo, o País acordou para a questão da falta de água. O governador disse
acreditar que a transposição deve secar o Rio São Francisco em cerca de
50 anos.
José Melo disse que a água do Rio
Amazonas vai para o mar e que não há nenhuma comprovação científica de que a
retirada da água doce faça alguma interferência na natureza. O governador
citou a construção de um oleoduto de milhares de quilômetros na Sibéria como
exemplo da viabilidade da proposta. “Se eu
fosse a Dilma, investiria na ideia”, disse Melo.
O governador também disse que para o
futuro a psicultura é a saída mundial para a produção de proteínas e que a
Região Norte é estratégica nesse quesito. “Ao invés de ela (Dilma) dizer
que o Amazonas é o maior produtor de celular, ela poderá dizer que é o maior
produtor de proteína de peixes do mundo. Vou levar essas ideias para ela”,
disse. “Vou colocar no ouvido dela essas minhas loucuras”, brincou.
Em 2015, o governador disse que
investirá fortemente, “com dinheiro do tesouro”, no setor. O gestor revelou que
tem a intenção de investir em enlatados de peixe. “Assim agregamos valor. Temos
mercado mundial, exportação”, afirmou. Melo disse que 80% da produção será do
produtor e 20% será recolhido pelo governo, que usará os recursos para
programas sociais e enviar uma parte para o nordeste. “Lá ainda existe criança
correndo atrás de calango para comer”, disse.