Dilma estuda medidas de retaliação aos EUA após denúncia de espionagem
VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
ANDRÉIA SADI
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Demonstrando indignação com as informações de que
foi alvo direto de espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança, na sigla
em inglês), dos EUA, a presidente Dilma Rousseff analisa pelo menos três
reações contra o governo americano:
1) fazer um "forte discurso" contra a NSA
em setembro, na abertura da Assembleia-Geral da ONU;
2) convocar o embaixador brasileiro em Washington e
3) até cancelar, em último caso, a viagem oficial
aos EUA, prevista para outubro.
Dilma vai decidir de acordo com a resposta que o
presidente Barack Obama der ao episódio, revelado pelo "Fantástico".
Segundo um assessor, a presidente exige uma
"resposta satisfatória" porque não está só "indignada, mas
também muito irritada". Sente-se "enganada" pelo governo
americano.
Quando surgiram as primeiras notícias sobre
espionagem da agência americana no Brasil, os EUA garantiram que a atuação
estava circunscrita a "metadados" (telefone de origem, destino, hora
e duração da chamada), com cruzamentos de informações genéricas que seriam,
inclusive, de interesse brasileiro.
Dilma deve pedir uma ação multilateral contra a
espionagem americana.
Em reunião nesta segunda-feira (2) com alguns
ministros, ela determinou que o Itamaraty busque apoio de outras nações, como
os demais integrantes dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul), para se
construir um discurso único contra ações que afetem a soberania dos países.
A presidente tem reunião bilateral prevista com
Barack Obama já nesta semana, na cúpula do G20, na Rússia. O encontro vinha
sendo combinado antes de o "Fantástico" revelar o caso de espionagem.
Dentro do governo, uma ala defende um discurso duro
em "pleno território americano", durante a Assembleia da ONU.
Outra quer convocar o embaixador brasileiro em
Washington, e um terceiro grupo advoga por uma resposta mais extrema, o
cancelamento da viagem de outubro.
A avaliação desses últimos é que, sem
"resposta convincente" de Obama, Dilma não teria como ficar
"tirando foto" ao lado do presidente americano. Nas palavras desses
auxiliares, seria o mesmo que o Brasil dizer ao mundo que não se importa em ser
espionado.
O porta-voz da presidente, Thomas Traumann, diz que
"a possibilidade [cancelamento da viagem] não está na mesa" nem
"em análise".