Estamos em 'situação de
emergência', diz ministro após denúncia de espionagem
Dilma convocou Gilberto Carvalho para reunião no Planalto nesta manhã;
encontro, que não estava previsto na agenda oficial, deve discutir suposto
monitoramento de agência dos EUA
O ministro-chefe da da Secretaria-Geral, Gilberto
Carvalho, afirmou na manhã desta segunda-feira, 2, que o governo está em
"situação de emergência" em razão das denúncias de espionagem à
presidente Dilma Rousseff e a seus assessores pela Agência de Segurança
Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Carvalho foi um dos
assessores convocados por Dilma para uma reunião nesta manhã. O encontro não
estava previsto na agenda oficial da presidente.
"Estamos numa situação de emergência por causa
dessas denúncias de espionagem", afirmou o ministro, referindo-se às novas
denúncias, reveladas por reportagem programa Fantástico, da TV Globo, neste
domingo, 1º. Carvalho ressalvou, no entanto, que não sabia se esse era o
assunto do encontro, mas que estava sendo convocado pela presidente para uma
reunião.
O ministro participava da abertura do 4º Fórum
Interconselhos do Plano Plurianual (PPA) e justificou que não poderia
permanecer no evento por ter sido convocado para um encontro com a presidente.
"Não sei se o assunto é esse". Questionado pela imprensa, o ministro
evitou fazer mais comentários e alegou pressa para ir para o encontro.
Participam também da reunião os ministros da
Justiça, José Eduardo Cardozo; da Defesa, Celso Amorim; da Secretaria Geral,
Gilberto Carvalho; e das Comunicações, Paulo Bernardo.
Nesse domingo, à TV Globo, Cardozo classificou o
ato do governo norte-americano como "inadmissível" e afirmou que
cobrará explicações formais.
Em seu perfil no Twitter, a ministra-chefe da
secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que as "novas
informações sobre a espionagem da NSA indicam grau máximo de desrespeito à
soberania do País". Segundo ela, a violação de informações de dirigentes e
cidadãos de nações soberanas deve ser tema central das Nações Unidas. "É
violação também de direitos humanos", postou a ministra.
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), informou que vai sugerir um protesto formal do Congresso Nacional contra
a espionagem norte-americana. "Me parece não haver dúvidas de que houve
espionagem. Isso fere a nossa soberania, invade a nossa privacidade e, no caso
da presidente Dilma, é de um abuso inaceitável", criticou o deputado.
Em agosto, o ex-agente da Agência de Segurança
Nacional Edward Snowden revelou documentos que indicariam a interceptação de
informações de cidadãos brasileiros pelo governo dos EUA. No dia 13 daquele
mês, a presidente recebeu no Palácio do Planalto o secretário de Estado dos
Estados Unidos, John Kerry, que tentou prestar esclarecimentos sobre a
espionagem norte-americana. Na ocasião, o Planalto considerou insatisfatória a
explicação de Kerry. / Colaboraram Sandra Manfrini e Rafael Moraes Moura