Petrolão: sem informações, Congresso vive dias tensos
Com o caso de denúncias de corrupção na Petrobras, Miro Teixeira (Pros-RJ), deputado há dez legislaturas, vê um clima muito mais tenso desta vez no Congresso do que em outras vezes em que a Casa investigou parlamentares
Gilberto Nascimento gilberto.nascimento@brasileconomico.com.br
“É uma tensão que não fica expressa nas palavras, mas está presente”, comenta o deputado federal MIro Teixeira sobre o clima no Congresso
Foto: André Luiz Mello/Agência O Dia
Com a experiência de quem completa sua décima legislatura (oito delas consecutivas), o deputado federal Miro Teixeira (Pros-RJ) vê um clima mais tenso desta vez, com as denúncias de corrupção na Petrobras, do que em outros escândalos que abalaram o Congresso Nacional desde que lá chegou pela primeira vez (em 1971). Um dos motivos é que as investigações são feitas pela Polícia Federal e o Ministério Público sem a participação dos parlamentares. “Os envolvidos sabem que vão ser citados, mas não têm informações de quando isso vai acontecer. Os demais sequer sabem quem vai aparecer na lista”, afirma. Isso, somado com a renovação que vai acontecer por conta do resultado das eleições causa um clima de apreensão. “É uma tensão que não fica expressa nas palavras, mas está presente”, comenta.
A expectativa entre os parlamentares é que as denúncias contra os colegas sejam feitas até o dia 15. Só a partir daí fica claro quais são os congressistas envolvidos no escândalo. Os procuradores da República estão conseguindo manter o sigilo com relação a isso. Inclusive conseguiram rejeitar o pedido de informações feito pela CPMI da Petrobras, que está em andamento. A dúvida em relação aos próprios colegas e a certeza de que uma parte expressiva deles será citada nas investigações tem impacto até mesmo em situações aparentemente sem relação com o assunto. Miro diferencia a situação, por exemplo, do escândalo dos anões do Orçamento, quando a investigação foi feita dentro do próprio Congresso, por meio de uma CPI. Agora, a sensação é de que existe menos controle político do que está sendo investigado e de suas consequências.
Conselho do MP afasta defensor de golpe
O plenário do Conselho Nacional do Ministério Público afastou por 90 dias o procurador da República em Joinville (SC) Davy Lincoln Rocha por ter defendido uma intervenção militar no Brasil. Para ele, o golpe deveria ser feito com o apoio dos Estados Unidos. O caso foi encaminhado para o procurador-geral, Rodrigo Janot, que decidirá se oferece uma denúncia criminal contra Rocha. A decisão do CNMP causou polêmica entre os procuradores. Parte deles defendia o direito à manifestação do colega. Outros entendiam que Rocha cometeu um crime, agravado pela sua condição de integrante do MP, cuja análise foge às atribuições do conselho.
Corte cobra ações
A Corte Interamericana vai exigir que o Brasil adote medidas urgentes para proteger “eficazmente” a vida e a integridade de presos do Complexo de Pedrinhas, no Maranhão. A decisão foi comunicada nesta semana às entidades que denunciaram violações à OEA.
PT-SP lava a roupa suja
A derrota do PT em São Paulo provocou uma caça às bruxas na primeira reunião após o resultado. A atuação do presidente do partido no Estado, Emídio de Souza, foi bastante criticada pelos colegas de partido. A sua condução tida como personalista foi alvo de críticas. Sobrou também para o ex-presidente do PT paulista Edinho Silva, seu antecessor no cargo, que também teria cometidos erros de estratégias, que prejudicaram o PT na disputa proporcional.
Campanha de Padilha foi criticada
Candidato derrotado ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha também ficou com seu quinhão de culpa. A avaliação dos colegas de partido é que ele não soube fazer um discurso de oposição capaz de diferenciá-lo do governador Geraldo Alckmin (PSDB), reeleito no primeiro turno, e do presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), que ficou na segunda colocação. A avaliação é que seu palanque fraco também afetou o desempenho da presidenta Dilma em SP.