Terror aumenta no mundo e mata mais
O Índice Global do Terrorismo 2014 revela que o número de mortes no mundo resultantes de ações de terrorismo aumentou 61% entre 2012 e 2013
Redação Brasil Econômico redacao@brasileconomico.com.br
O terrorismo está em alta no mundo, com mais ataques e maior número de vítimas em todos os tempos. Quatro principais grupos são responsáveis por quase 70% destas ações: o Talibã, no Afeganistão e no Paquistão, a transnacional al-Qaeda, o Estado Islâmico (EI), na Síria e no Iraque, e o Boko Haram, na Nigéria. O Índice Global do Terrorismo 2014 revelou que o número de mortes em decorrência de ataques terroristas aumentou 61% entre 2012 e 2013, segundo relatório divulgado pelo Instituto de Economia e da Paz (IEP, na sigla em inglês), um centro de estudos baseado nos EUA e na Austrália, que investiga as tendências do terrorismo mundial. O levantamento analisou 162 países onde vivem 99.6% da população do mundo. Os indicadores incluem númerosde incidentes terroristas, de mortos, de feridos, e de prejuízo a propriedades.
O alvo principal do terrorismo tem sido os cidadãos e as propriedades privadas. Houve quase 10 mil ataques em 2013, 44% mais do que no ano anterior. Praticamente 18 mil pessoas morreram em consequência desses ataques no ano passado, bem mais do que os cerca de 11 mil mortos registrados em 2012. Hoje, essas mortes são cinco vezes mais numerosas do que em 2000, afirma o relatório. Desde aquele ano, ocorreram 48 mil ataques que mataram 107 mil pessoas. “Não apenas a intensidade do terrorismo que está aumentando, mas também sua amplitude”, observa o relatório. O conflito na Síria (país que hoje é um dos alvos preferenciais do EI e que amarga uma guerra civil desde 2011), e os ataques do Boko Haram na Nigéria são as principais causas do aumento expressivo deste tipo de violência. Quase 15 mil mortes (80% do total) aconteceram em apenas cinco países: o Iraque, a Síria, o Afeganistão, o Paquistão e a Nigéria. Mas 55 outros nações também registraram uma ou mais mortes decorrentes das ações de terroristas.
De todos, o país mais atingido é o Iraque (com mais de 6.300 mortes). A Índia, a Somália, as Filipinas, o Iêmen e a Tailândia são os outros cinco países de uma lista de 10 com maior número de mortes por terrorismo. Em 2013, 87 países registraram incidentes terroristas (em 2012 foram 81). Apenas 5% das mortes desde 2000 aconteceram no âmbito das 34 democracias que seguem os valores do livre mercado e que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Apesar da baixa percentagem de mortes nas nações da OECD, foram em alguns destes países que ocorreram os ataques mais mortais, como o do 11 de setembro de 2001, nos EUA (com 3.029 mortes).
A maioria dos atentados registrados desde 2000 aconteceram com o uso de explosivos. Apenas 5% deles foram ações de terroristas suicidas. Dos quatro principais grupos terroristas , o Talibã provocou o maior número de mortes até 2013: 8.763 no Afeganistão e no Paquistão. Apesar destas organizações usarem interpretações radicais do Islamismo sunita, nem sempre o que motiva o terrorismo é a religião, ressalta o relatório. Em muitas partes do mundo, o terror é insuflado por disputas políticas, sentimentos nacionalistas e movimentos separatistas. Os ataques na Índia — o sexto país mais afetado pelas ações terroristas — cresceram 70% em 2013 devido aos atentados promovidos por insurgentes comunistas.
“Para se contrapor à ascensão do extremismo religioso, teologias sunitas moderadas devem ser cultivadas dentro do Islã”, aconselha o estudo. "Não há dúvidas de que este é um problema crescente. As causas são complexas, mas os quatro principais grupos terroristas têm suas raízes no fundamentalismo islâmico”, disse Steve Killelea, fundador do IEP. “Estes grupos estão particularmente focados em lutar contra a educação ocidental. E isso torna qualquer tentativa de mobilização social particularmente difícil”, constatou. A pobreza e outros fatores econômicos, diz o relatório, tem pouca relação com o terrorismo.
Ações policiais e militares acompanhadas de atos que desrespeitam os direitos humanos tornam o problema mais acirrado, segundo Killelea. O relatório mostra que 80% dos grupos que abandonaram o terrorismo desde 2000, o fizeram após processos de negociação. Apenas 10% das organizações terroristas conseguiram alcançar seus objetivos e somente 7% delas foram eliminadas pela ação puramente militar.
Embora o terrorismo esteja em alta no mundo, metade dos ataques não fazem vítimas. Os homicídios matam 40 vezes mais do que as ações do terror, segundo levantamento das Nações Unidas, divulgado em 2012. Em 2013, 437 mil pessoas morreram assassinadas contra 17.958 vítimas do terrorismo. No caso dos EUA, por exemplo, os homicídios são 64 vezes mais mortais do que o terror. Com Reuters
Em busca de refúgio no Brasil
Nos últimos quatro anos, o número de refugiados no Brasil passou de 4.357 para 7.289 até outubro deste ano, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). No mesmo período, o percentual de pedidos de refúgio aceitos pelo governo brasileiro saltou 1.240%: de 150 , em 2010, passou a 2.032 até outubro de 2014.
Nos últimos quatro anos, o número de refugiados no Brasil passou de 4.357 para 7.289 até outubro deste ano, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). No mesmo período, o percentual de pedidos de refúgio aceitos pelo governo brasileiro saltou 1.240%: de 150 , em 2010, passou a 2.032 até outubro de 2014.
“O Brasil passa a ser um destino de proteção dos refugiados e as causas da elevação dos pedidos se devem a melhoria da visibilidade internacional do nosso país”, disse o secretário Nacional de Justiça e presidente do Conare, Paulo Abrão. Os refugiados pertencem a 81 nacionalidades. Os principais grupos são da Síria, da Colômbia, de Angola e da República Democrática do Congo. “Não vivemos no Brasil nenhuma crise de volume de entrada”, ressaltou Abrão. Segundo ele , nos países desenvolvidos o percentual de imigrantes varia entre 15 a 20% da população. Na Argentina, esse percentual é 5%, enquanto no Brasil não alcança 1% da população. ABr