Ataques do Boko Haram são crescente ameaça na
África Ocidental e no Sahel, diz ONU
A situação de
segurança na África Ocidental e na região do Sahel continua alarmante, disse o
enviado especial das Nações Unidas para a região, Mohammed Ibn Chambas, na
quinta-feira (11). Apesar de avanços políticos do último ano, os ataques por
parte do grupo terrorista Boko Haram têm aumentado de maneira preocupante.
No nordeste da Nigéria, meninas preparam alimentos.
A crise causada pela milícia Boko Haram ameaça minar o desenvolvimento
regional. Foto: UNFPA Nigéria/Ololade Daniel
A situação de segurança na África Ocidental e na
região do Sahel continua alarmante, disse o enviado especial das Nações Unidas
para a região, Mohammed Ibn Chambas, na quinta-feira (11). Apesar de avanços
políticos do último ano, os ataques por parte do grupo terrorista Boko Haram têm aumentado de
maneira preocupante.
“Após uma notável diminuição de ataques por parte
do Boko Haram durante a primeira metade de 2017, os incidentes aumentaram
novamente desde setembro, cobrando a vida de 143 civis apenas no mês de
novembro, no ponto mais crítico”, disse Chambas, representante especial do
secretário-geral e diretor do Escritório da ONU para a África Ocidental e o
Sahel (UNOWAS).
De acordo com o relatório apresentado ao Conselho
de Segurança, o número de casos de crianças usadas para ataques suicidas a
bomba tem aumentado cinco vezes em relação a 2016, chegando a 135 casos em
2017.
Em relação ao Mali, Chambas informou que
terroristas lançaram um complexo ataque em Kidal contra os postos de segurança
da missão da ONU no país, a Missão Multidimensional Integrada para a
Estabilização do Mali (MINUSMA), matando um soldado das forças de paz. Além
disso, foram registradas as mortes de três soldados malineses devido a
explosões em Niono. Ataques na fronteira com Burkina Faso também foram
registrados.
“Os ataques no Mali e na tríplice fronteira entre
Mali, Níger e Burkina Faso se atribuem principalmente a grupos afiliados ao
Al-Qaeda e ao Estado Islâmico no Grande Sahara”, disse o enviado especial da
ONU.
No Níger, o aumento dos incidentes de segurança tem
obrigado o governo a ampliar o gasto público para o setor de segurança, cujo
efeito negativo na qualidade dos serviços sociais tem causado protestos na
capital.
O enviado especial da Organização apontou que,
embora 700 pessoas sequestradas pelo Boko Haram tenham conseguido fugir, o
grupo armado continua sequestrando pessoas. Mais de 2 milhões de deslocados
aguardam “desesperadamente” uma solução para a crise da região da Bacia do Lago
Chade, ocupada pelo grupo e assolada pela violência e pelas secas que afetam os
campos de cultivo.
Cumprimentando os esforços da Força-Tarefa
Multinacional na região, Chambas destacou que toda ação tomada para conter a
ameaça do Boko Haram deve contar com o apoio da comunidade internacional.
O enviado do secretário-geral explicou que o G5 —
formado pelos cinco países que fazem parte da região do Sahel, Burkina Faso,
Chade, Mali, Mauritânia e Níger — tem feito progressos significativos para
operacionalizar sua força conjunta, incluindo o estabelecimento da estrutura do
seu comando militar e do quartel general em Sevarÿ. A força conjunta do Sahel,
formada em agosto do ano passado, tem a missão de combater o terrorismo na
região.
Finalmente, Chambas informou sobre o crescente
problema do tráfico de pessoas, cuja atividade tem se transformado numa das
atividades ilegais mais lucrativas do mundo, principalmente após o surgimento
de grandes fluxos migratórios. A região do Sahel e da África ocidental são alvo
de redes de criminosos ativas ao longo do continente e do Oriente Médio.
“O combate ao tráfico humano precisa continuar
sendo uma das prioridades máximas em 2018, como o secretário-geral afirmou”,
finalizou Chambas.
No nordeste da Nigéria, meninas preparam alimentos.
A crise causada pela milícia Boko Haram ameaça minar o desenvolvimento
regional. Foto: UNFPA Nigéria/Ololade Daniel