Conflito no Sudão do Sul
afeta futuro de milhões de crianças, alerta chefe do UNICEF em visita ao país
Após uma visita de
dois dias ao Sudão do Sul, país africano devastado pelo conflito e onde 250 mil
crianças estão severamente desnutridas e em risco iminente de morte, a chefe do
UNICEF disse que apenas o fim das hostilidades pode trazer esperança e
segurança para as crianças e os jovens.
Henrietta H. Fore
observou que os combates não mostram sinais de diminuir e as necessidades
humanitárias são enormes: 2,4 milhões de crianças foram forçadas a fugir de
suas casas.
Após uma visita de dois dias ao Sudão do
Sul, país africano devastado pelo conflito e onde 250 mil crianças
estão severamente desnutridas e em risco iminente de morte, a chefe da agência
das Nações Unidas para a infância disse que apenas o fim das hostilidades pode
trazer esperança e segurança para as crianças e os jovens.
“Acabei de passar
dois dias no Sudão do Sul, onde vi em primeira mão como quatro anos de conflito
provocados pelo homem deixaram as crianças doentes, com fome e à beira da
morte”, disse Henrietta H. Fore,
diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na
quinta-feira (18) na capital Juba, ao encerrar sua visita.
Ela destacou que o
impacto da violência “implacável” tem sido “devastadora”. Fore lembrou um
encontro com uma mãe que teve que caminhar por dias para obter tratamento para
o bebê desnutrido. Relatando outro incidente sombrio, ela disse que falou com
um menino que foi forçado a se juntar a um grupo armado com apenas 10 anos de idade.
Ao mesmo tempo,
acrescentou que viu “sinais de esperança” que nascem das famílias que
experimentam o horror.
“O UNICEF e outras
agências humanitárias estão trabalhando localmente em algumas das condições
mais perigosas para proporcionar às crianças e aos jovens necessidades básicas.
Este não é um feito pequeno”, disse.
Ela lembrou que o
Sudão do Sul como o lugar mais perigoso do mundo para agentes humanitários. No
total, 28 trabalhadores humanitários foram mortos só no ano passado.
Forças leais ao presidente
Salva Kiir e seu ex-vice-presidente Rieck Machar estão se enfrentando durante
os últimos cinco anos. O que começou em 2013 como uma rivalidade política se
tornou um conflito de enormes proporções, deixando cerca de 7 milhões de
pessoas precisando de assistência e proteção imediata. Os combates também
forçaram mais de 2 milhões a fugir para países vizinhos.
Fore observou que
os combates não mostram sinais de diminuir e as necessidades humanitárias são
enormes: 2,4 milhões de crianças foram forçadas a fugir de suas casas. Mais de
250 mil crianças estão gravemente desnutridas e em risco iminente de morte.
Além disso, mais de
19 mil crianças foram recrutadas para o conflito. Pelo menos uma em cada três
escolas foi danificada, destruída, ocupada ou fechada. Mais de 1.200 casos de
violência sexual contra crianças foram documentados.
“Os números
continuam. São negadas a uma geração inteira de jovens as oportunidades que
elas tão desesperadamente precisam para contribuir para construir sua
sociedade”, disse ela.
À medida que a
estação seca se aproxima, as necessidades – e ameaças – continuarão a crescer.
“Somente o fim das
hostilidades pode trazer esperança e segurança às crianças e aos jovens do
Sudão do Sul. Até então, precisamos de acesso incondicional e sustentável das
partes em conflito e mais recursos dos doadores”, disse. “Sem isso, as vidas e
os futuros de milhões de crianças no Sudão do Sul continuarão incertos.”
ONU e União
Africana condenam violações de acordo
A Comissão da União Africana e as
Nações Unidas condenaram nesta semana (15) recentes violações
ao Acordo de Cessação das Hostilidades, Proteção de Civis e Acesso Humanitário,
no Sudão do Sul.
Em nota, o
secretário-geral António Guterres e o presidente da Comissão Africana, Moussa
Fali Mahamat, pediram a todas as partes do conflito que evitem novas ações
militares e executem os compromissos assumidos.
O acordo, firmado
em dezembro, prevê acesso irrestrito e seguro aos civis além de aderir às leis
humanitárias e ao direito internacional.
Os líderes da União
Africana e da ONU reafirmaram que apenas uma solução política pode solucionar o
conflito no Sudão do Sul.
Eles pediram a
todos que demonstrem vontade política para negociar um acordo permanente de
cessar-fogo e atualizar o Acordo sobre a Resolução do Conflito no Sudão do Sul.
O objetivo é acabar com o sofrimento ultrajante imposto à população do país.
No Sudão do Sul, a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta H. Fore, e o
chefe de nutrição da agência, Joseph Senesie (de azul), falam com pacientes no
Hospital Al Sabbah, na capital Juba, onde o UNICEF está implementando um
programa de nutrição. Foto: UNICEF/Prinsloo