Reintegração de 14 mil ex-combatentes é desafio
para paz na Colômbia, diz especialista da ONU
Outro problema são
os relatos de violações do cessar-fogo entre o governo e outra entidade
paramilitar, o Exército de Liberação Nacional (ELN). Representante máximo da
ONU no país disse, em pronunciamento no Conselho de Segurança, que organismo
internacional “acompanhará de perto” a situação.
Em reunião no Conselho de Segurança da ONU, o
representante máximo da Organização na Colômbia,
Jean Arnault, alertou nesta semana (10) que a inclusão socioeconômica de
ex-soldados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) permanece um
desafio para a paz no país. Outro problema são os relatos de violações do
cessar-fogo entre o governo e outra entidade paramilitar, o Exército de
Liberação Nacional (ELN). Enviado das Nações Unidas disse que organismo
internacional “acompanhará de perto” a situação.
“Enquanto as peças da estabilização estão se
encaixando, não podemos perder de vista os desafios da reintegração”, frisou
Arnault, que lembrou a realização futura de eleições parlamentares e
presidencial.
Na avaliação do dirigente, o pleito, previsto para
este ano, será uma oportunidade para consolidar o estabelecimento das FARC como
partido político e permitir à antiga organização de guerrilha conquistar
assentos no governo.
Em menos de dois anos, a Colômbia também realizará
eleições para províncias e outras localidades.
“Mas continuamos a ver com preocupação a integração
socioeconômica dos 14 mil ex-combatentes”, disse Arnault, explicando que muitos
deles ainda estão na prisão e se sentem extremamente frustrados com o processo
de reintegração.
O representante da ONU no país descreveu como
importante a decisão do presidente colombiano Juan Manuel Santos de reconhecer
o acesso a terra como incentivo fundamental ao processo de reinserção social
dos rebeldes. Já os membros das FARC demonstraram de forma concreta que estão
dispostos e capazes de trabalhar com agricultura, proteção ambiental e substituição
de safras.
Para Arnault, que lidera a Missão de Verificação da
ONU na Colômbia, decisões são “desdobramentos promissores”, mas não mais do que
isso. Os próximos meses têm de ser a ocasião para “virar a página” e tornar
mais consistente um processo ainda frágil.
A missão começou a operar em 26 de setembro de
2017, com o propósito de monitorar o cumprimento de compromissos do governo e
das FARC em reintegrar tropas à sociedade colombiana e garantir a segurança em
territórios afetados pelo conflito armado.
ELN volta a atacar tropas do governo e propriedades
A respeito do cessar-fogo temporário entre o
governo e o ELN, Arnault enfatizou que o clamor pela suspensão prolongada de
ações militares foi unânime no país. O representante da ONU reiterou a
necessidade de manter reduzido o nível de violência, como foi visto ao longo
dos últimos três meses de trégua. Todavia, cobrou um cessar-fogo mais sólido e
com termos mais claramente definidos.
“Infelizmente, foi anunciado há pouco que ataques
contra oleodutos pelo ELN foram retomados. Acompanharemos de perto os
desdobramentos e manteremos o Conselho informado”, acrescentou o dirigente.
Jean Arnault, representante máximo da ONU na
Colômbia, em pronunciamento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Foto:
ONU/Manuel Elias