Mulheres
do Sudão do Sul, um dos países com alto número de estupros. Foto: ONU/Martine
Perret
Estupro é usado como arma de guerra em zonas
de conflito de 21 países, diz novo relatório da ONU
28 de abril de 2014 · Notícias - ONU
“Não importa se ela
vem da Bósnia, da Colômbia, da Síria ou da África Central, a dor que a mulher
que foi estuprada sente é a mesma”. Esta foi a declaração feita
pela representante especial do secretário-geral da ONU sobre violência
sexual em conflito, Zainab Bangura, nesta quinta-feira (24), no lançamento do relatório anual do Secretário-Geral da ONU, Ban
Ki-moon, sobre o assunto em Nova York. Bangura lembrou, na ocasião,
que apesar de um aumento sem precedentes no combate ao estupro em zonas de
guerra, a violência sexual continua a ser um crime global que afeta mulheres,
homens e crianças.
Com base em casos registrados pela ONU, o relatório identifica
34 grupos armados, milícias e forças de segurança de governo, responsáveis, em
21 países, por usar o estupro como uma arma de guerra em zonas de conflito.
Entre as suas
conclusões, o relatório vincula também a violência sexual com as economias
locais. Ele observa que o estupro é usado para ganhar o controle de territórios
com recursos naturais que são utilizados por grupos para financiar o próprio
conflito, assim como o tráfico de pessoas e o comércio ilegal de drogas.
Os estupros também
forçam fugas em massa, o que torna as mulheres, e especialmente as jovens,
ainda mais vulneráveis a abusos. Alguns pais tentam proteger suas filhas
empurrando-as para casamentos precoces e forçados, o que leva a casos de
tráfico humano e escravidão sexual, observou Bangura.
Entre as
recomendações do relatório, Ban Ki-moon pede que os governos “trabalhem para
desenvolver uma maior proteção e serviços de respostas mais abrangentes para os
sobreviventes” de violência sexual, incluindo serviços de saúde reprodutiva,
sensibilização sobre o HIV e assistência em ajuda psicossocial, e jurídica.
República
Centro-Africana, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Mali, Sudão
do Sul, Síria, entre outros, são alguns dos 21 países que estão na lista do
Conselho de Segurança onde há grupos suspeitos de cometer estupro e outras
formas de violência sexual em situações de conflito armado.