Uma batalha e a guerra
eleitoral
Será que Dilma terá
forças para superar as atuais adversidades? Ela não é de entregar os pontos no
primeiro embate
Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br
Que Dilma Rousseff está em baixa nas pesquisas de opinião não é novidade
para ninguém. Surpresa seria se ela estivesse resistindo à barragem de más
notícias das últimas semanas. Na linguagem popular, a presidente está apanhando
mais do que boi ladrão. Noite e dia surgem novas denúncias sobre a gestão
da Petrobras. A estatal procura reagir com uma agenda positiva. Tenta
contra-atacar com a divulgação de bons resultados na exploração do pré-sal
e na produção de derivados de petróleo, mas a investida da mídia continua a
fazer estragos na imagem do governo. Como ressaltou um diretor da Confederação
Nacional dos Transportes (CNT), ao divulgar ontem nova queda da popularidade de
Dilma, “o escândalo de Pasadena atingiu em cheio a presidente”.
Há mais de um mês, a Petrobras não sai das manchetes de jornais do Rio e
São Paulo. Um dos alvos é a compra da refinaria de Pasadena por US$ 1,2 bilhão.
Mas, simultaneamente, divulgam-se os detalhes das investigações da Polícia
Federal sobre o envolvimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com
o doleiro Alberto Youssef, ambos acusados de criar uma espécie de propinoduto
nos contratos da estatal. Na opinião de especialistas em pesquisas, a cobertura
da imprensa é tão intensa que leitores desavisados podem concluir que todos os
negócios são de responsabilidade do governo Dilma. Tanto assim que uma secção
da pesquisa encomendada pela CNT é dedicada à reação dos entrevistados às
notícias envolvendo a Petrobras.
Mas o que concluir exatamente da pesquisa da CNT/MDA? Para a oposição,
está claro que a candidatura da presidente perdeu sustentação. Dilma caiu para
36,5%, Aécio Neves subiu para 21,5% e Eduardo Campos pela primeira vez chegou
aos dois dígitos, com 11,2%. Marcante, sem dúvida, foi a evolução do tucano
Aécio, que cresceu quase cinco ponto percentuais entre fevereiro e abril.
Talvez tenha sido reflexo do programa de TV do PSDB, no qual colou sua imagem à
do avô Tancredo Neves, o primeiro civil a ser eleito presidente da República
(pelo Congresso) após o ciclo de ditadores militares. O senador mineiro também
se beneficia da tradicional queda de braço entre PT e PSDB. Mudam os nomes dos
candidatos ao Planalto, mas não muda a disputa bipartidária iniciada em 1994.
Aécio, de fato, tem chão para crescer. O mesmo, porém, não se pode dizer
do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Na pesquisa espontânea, ele
aparece apenas com 3,6% das intenções de voto. Na induzida, só ganhou dois
pontos percentuais, apesar da exposição que teve durante todo o mês de abril.
Se Campos não decola agora quando se comporta como franco atirador, que dirá
quando for atacado pelos adversários.
E a presidente Dilma? Será que terá forças para superar as atuais
adversidades? Ela garante que sim e afirma que não teme o movimento Volta Lula.
“Temos, eu e o Lula, uma relação de muita lealdade. Sou muito grata a ele.
Existe uma coisa que é lealdade. Então, isso não me pega”, disse a jornalistas
durante jantar no Palácio Alvorada. Conta a seu favor um aspecto importante da
pesquisa. Apesar do tiroteio, ela continua a derrotar os dois principais
opositores por larga margem, na hipótese de segundo turno. E ainda ganharia no
primeiro turno. Por sua história de vida, Dilma Rousseff não é de entregar os
pontos no primeiro embate. Está perdendo a batalha de Pasadena, mas pode ganhar
a guerra das eleições.