‘Crueldade horrível’ contra crianças na
República Centro-Africana tem que acabar, diz UNICEF
14 de fevereiro de 2014 · - ONU
O Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF) disse na quinta-feira (13) que está “horrorizado” com
a crueldade e a
violência perpetradas contra as crianças da República
Centro-Africana (RCA), onde pelo menos 133 delas foram mortas ou mutiladas nos
últimos dois meses.
“As crianças são
cada vez mais visadas por causa de sua religião ou por causa de sua
comunidade”, disse o diretor regional do UNICEF para a África Ocidental e
Central, Manuel Fontaine.
Segundo a agência,
a violência infantil atingiu níveis “sem precedentes” nas últimas semanas, à
medida que disputas entre os muçulmanos do grupo Séléka e os cristãos dos
anti-Balaka foram acirradas.
O UNICEF recebeu
relatos de crianças decapitadas, mutiladas e feridas, que tiveram seus membros
amputados, pois não conseguiram chegar a tempo no centro médico.
“Embora a violência
esteja sendo cometida por todos os grupos, os alvos mais recentes têm sido os
muçulmanos, resultando na evacuação de comunidades inteiras e um aumento
significativo no número de crianças desacompanhadas, separadas de suas
famílias. Estas crianças estão particularmente em risco”, disse o UNICEF.
A agência está
pedindo que o governo, as comunidades e os líderes civis e religiosos ajudem a
acabar com a violência e promovam a reconciliação e que os casos de violações
graves contra crianças sejam investigados e os culpados sejam punidos.
Mais da metade dos
habitantes do país precisam de assistência humanitária
O país tem a
terceira maior taxa de mortalidade materna no mundo e a sexta maior taxa de
mortalidade infantil, mesmo antes do início da atual crise, alertou a
Organização Mundial da Saúde (OMS),
acrescentando que a grande maioria das clínicas foram danificadas e saqueadas e
os profissionais tiveram que deixar seus postos devido à insegurança.
Segundo o
Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), estima-se que 2,5
milhões de pessoas – mais da metade dos 4,6 milhões de habitantes da RCA –
necessitam de assistência.
Os programas
essenciais para a promoção da saúde no país, como a vacinação, foram
interrompidos e as pessoas têm sido forçadas a fugirem para acampamentos
insalubres.
A OMS e seus
parceiros têm tomado uma série de medidas para resolver a situação, tentando
ampliar os serviços de saúde às pessoas deslocadas nos campos.
Mais de 140 mil
crianças foram vacinadas, especialmente contra o sarampo, e medicamentos para
atender às necessidades de 180 mil pessoas para os próximos três meses foram
distribuídos.
Enquanto isso, a
porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Elisabeth Byrs, disse que o transporte aéreo de comida
para a RCA, que começou na última terça-feira (11), continua e está previsto
para durar um mês.
Esta operação vai
levar um total de 1,8 tonelada métrica de cereais, o suficiente para alimentar
150 mil pessoas durante um mês.
Dois comboios
rodoviários transportando 1,2 tonelada chegaram à cidade de Bangui entre os
dias 8 e 13 de fevereiro, permitindo ao PMA reabastecer seus estoques e
aumentar as rações distribuídas diariamente. Até agora, somente este mês, a
agência já forneceu ajuda alimentar para 39 mil deslocados internos ou pessoas
extremamente vulneráveis em Bangui e nas cidades de Bouar e Bossangoa.