Número de refugiados é o
maior desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a ONU
Mais de 50 milhões
de pessoas abandonaram seus lares em 2013. Um total de 86% vivem nos países em
desenvolvimento
AFPredação@brasileconomico.com.br
Suíça - No total, 51,2 milhões de deslocados e refugiados pela
guerra e pela violência foram registrados em 2013, o maior número desde a
Segunda Guerra Mundial, alertou nesta sexta-feira a Agência da ONU para os
refugiados.
São seis milhões a mais que em 2012, lembrou Antonio Guterres, alto
comissário para os refugiados, ao apresentar o relatório à imprensa.
"Enfrentamos um enorme aumento de todos os deslocamentos
forçados", declarou o alto comissário, que alertou sobre a existência de
2,5 milhões de novos refugiados sírios e 6,5 milhões de deslocados internos no
país desde o início do conflito, há mais de três anos.
Na África, em particular na África Central e no Sudão do Sul, ocorreram
grandes deslocamentos de população. Longe da África, a Colômbia é um dos países
com o maior número de deslocados no mundo, 5,3 milhões.
Segundo Guterres, o forte crescimento é explicado pela multiplicação de
novas crises, que forçam a população a abandonar seus lares, e pela
"persistência de velhas crises que parecem não querer morrer nunca".
A comunidade internacional, disse Guterres, "deve superar suas
divergências e encontrar soluções aos conflitos atuais no Sudão do Sul, na
Síria, na República Centro-Africana e em outros locais".
"Atualmente, há tantas pessoas deslocadas quanto a população total
de países como Colômbia, Espanha, África do Sul ou Coreia do Sul",
comparou Guterres para dar uma ideia do alcance do fenômeno.
86% dos refugiados nos países em
desenvolvimento
Os deslocamentos forçados reúnem três categorias de população: os
refugiados, os demandantes de asilo, que atuam a título individual, e os
deslocados internos, que permanecem em seus países, mas que tiveram que deixar
suas casas.
No total, 16,7 milhões de pessoas escolheram o caminho do exílio, o
maior número desde 2001.
Os afegãos, os sírios e os somalis são os grupos de refugiados mais
numerosos.
Por região, Ásia e Pacífico contam com o maior número de refugiados no
mundo, com 3,5 milhões de pessoas; 2,9 milhões vivem na África subsaariana e
2,6 milhões na África do Norte e no Oriente Médio.
Um total de 86% dos refugiados vivem nos países em desenvolvimento.
No total, 1,1 milhão de pessoas fizeram no ano passado um pedido de
asilo (+15%), em sua maior parte nos países desenvolvidos.
Trata-se do maior número dos últimos 10 anos. A eles se somam o 1,2
milhão de pessoas que já fizeram o pedido de asilo e que esperam uma resposta.
A Alemanha foi o país mais solicitado, com 109.600 pedidos de asilo em
2013, 70% a mais que em 2012, destronando os Estados Unidos. Russos, sérvios e
sírios lideraram esta lista.
O número de demandantes de asilo russos quadruplicou em 2013, a 14.900.
Também duplicou o número de demandantes sírios, a 11.900, e o de sérvios
cresceu 50%, a 14.900.
O número de solicitantes eritreus passou de 650 em 2012 a 3.600 em 2013.
Além de Alemanha, Estados Unidos (84.000, +19%), África do Sul (70.000,
-15%) e França (60.200, +9%) são os que mais pedidos de asilo receberam.
"A qualidade das infraestruturas de recepção e a situação econômica
são as duas principais razões que explicam o atrativo destes países",
justifica Guterres.
Mas os deslocados internos também marcaram um novo recorde no ano
passado, com 33,3 milhões de pessoas, 7,6 milhões a mais que em 2012.
Os quatro países mais afetados pelos deslocamentos internos são Síria
(6,5 milhões), Colômbia (5,3 milhões), República Democrática do Congo (2,9
milhões) e Sudão (1,8 milhões).