El Niño causa dia mais quente em Manaus desde 1925
Meteorologista
explica que o fênomeno, que aquece águas do oceano Pacífico, interfere nas
temperaturas na Amazônia
Manaus, 15 de Setembro de 2015
ISABELLE VALOIS
Sem a tradicional
formação de nuvens, por causa do El Niño, região recebe mais raios solares e
fica mais quente (Lucas Amorelli/Free lancer)
Manaus
registrou neste último final de semana o dia mais quente da história desde
1925. De acordo com o meteorologista do 1º Distrito do Instituto Nacional de
Meteorologista (INMET), Gustavo Ribeiro, domingo a temperatura chegou aos 38,6
graus, com a sensação térmica de 40,2 graus., e ultrapassou o maior registro
ocorrido em setembro de 2010, quando a temperatura marcou 38,3 graus.
Ribeiro
explicou que a temperatura é considerada normal para este período do
ano quando estamos em plena estação seca, considerado pelos
meteorologistas como estação menos chuvosa. Porém, este ano, por estarmos sob o
efeito do fenômeno climático conhecido como El Niño, que é o aquecimento
anômalo das águas superficiais e sub-superficiais na região Equatorial do
Oceano Pacífico, que causa uma modificação da circulação dos ventos,
dificultando a formação de nuvens em grande parte da região amazônica, o calor
está mais intenso do que o normal. “Com isso mais radiação solar chega a
superfície terrestre e mais elevadas temperaturas do ar são registradas”,
reforçou.
A
meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Deydila Bonfim,
informou que acredita-se que o atual evento ocasionado pelo El Ninõ, deve agir
em parte da Amazônia por mais 4 meses. Conforme a meteorologista, a transformação
da paisagem natural pelo homem, com o desenvolvimento das cidades, redução da
vegetação nativa e impermeabilização da superfície, pode causar mudança no
clima urbano, gerando ilhas de calor mais intenso, no qual estamos vivenciando
neste período do ano.
“Estamos no
período da estação seca que caracteriza-se pela presença mais frequente de dias
com céu claro, poucas nuvens, maior disponibilidade de radiação solar,
temperaturas elevadas e menor volume de precipitação (chuva). Além disso, este
ano temos a presença do fenômeno El Niño que acentua esses padrões já esperados
durante este período”, reforçou sobre as atividades relacionadas com o fenômeno
El Ninõ.
Os dois
órgãos informaram que a previsão para os próximos dois dias é de dias com um
pouco mais de nebulosidade e com pequena possibilidade de chuvas em áreas
isoladas, devido ao calor, que deve se manter nos próximos dias.
Condições adversas para as chuvas
Sobre as
condições oceânicas observadas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam)
restou claro que a atmosfera mantêm condições desfavoráveis para o regime de
precipitação, especialmente na porção norte da Amazônia, e isso conduz a
ocorrência de temperaturas elevadas de 1ºC a 2ºC acima da média. “Alguns sinais
observados no Oceano Pacífico Equatorial são indicativos da ocorrência do
fenômeno El Niño, quando persistentes de 3 meses ou mais”, disse.
Esses sinais
são de as anomalias positivas da temperatura da superfície do mar conhecida
como TSM; a redução (ou mesmo a inversão) no comportamento dos ventos alísios;
alterações nos centros de alta(Tahiti) e baixa (Darwin) pressão. “Esses sinais
são indicativos de mudanças na circulação atmosférica, as quais afetam o regime
de chuvas em parte da Amazônia”, completou a meteorologista.
Variação
Conforme o
site oficial do INMET, a temperatura do ar pode variar de 26 a 38 graus. Com o
tempo nublado a parcialmente nublado com possibilidade de chuva em áreas
isoladas.