Hidrovia do Madeira coloca Rondônia na rota
de grandes transportadoras
A MSC é especializada no transporte
de contêineres, possui 475 navios e 200 portos
Por DECOM-RO
Balsa no Rio Madeira
Porto
Velho, RO - A segunda maior empresa do mundo em transporte marítimo, a
Mediterranean Sphipping Company (MSC), opera há um mês a rota a partir de Porto
Velho, que conecta Rondônia com os principais portos do planeta. As operações
realizadas superaram todas as expectativas em razão do potencial produtivo do
estado, conforme revelaram membros da diretoria na audiência que tiveram nessa
quinta-feira (24) com o governador Confúcio Moura.
A MSC é especializada no transporte
de contêineres, possui 475 navios e 200 portos. A infraestrutura possibilita
alcançar cinco mil locais em todo o mundo. Toda esta experiência está, agora,
focada nas importações e exportações através da hidrovia do Madeira.
Segundo o presidente da MSC no
Brasil, Elber Alves Justo, as operações pelo rio Madeira se justificam pela
redução do custo do frete e de tempo em relação ao porto de Santos (SP), por
exemplo.
A empresa vislumbra na nova rota
atender com vantagens Rondônia, Amazonas e Sul do Mato Grosso. A hidrovia do
Madeira é vista como estratégica também para os países mais próximos.
Pela hidrovia devem passar madeira,
grãos, pescado e carne bovina, entre outros, para mercados como a Europa e
Ásia. Por essa via, o frete é mais barato e o tempo é reduzido, segundo o
secretário estadual da Agricultura, Evandro Padovani. A madeira produzida em
Ariquemes, que é utilizada como dormentes, e atende à malha ferroviária da
Inglaterra, também poderá chegar ao seu destino através dos contêineres.
Padovani participou recentemente de
negociações com autoridades bolivianas da região do Beni, na fronteira com o
Brasil, e destacou que a rota da MSC vai favorecer as operações que os vizinhos
pretendem realizar através do rio Madeira.
FERROVIA
Além de elogiar a iniciativa da
empresa de transportes, o governador Confúcio Moura manifestou que esta rota
pode estabelecer, num formato diferenciado, a exportação de borracha que a
Bolívia pretendeu realizar através da Ferrovia Madeira-Mamoré. A estrada de
ferro funcionou por algumas décadas e acabou desativada por se tornar inviável
economicamente. Ele comentou: “As expectativas comerciais renascem desta vez
com outros propósitos”.
Segundo o governador, o estado
aproveitará melhor o momento aumentando a produção de alimento. Ele anunciou
que o assoreamento do rio Madeira, preocupação dos empreendedores, será objeto
de conversação com o governador do Amazonas, José Melo, outro beneficiado com
as operações do transporte de cargas. Conforme Confúcio, a conjuntura atual não
é favorável para esperar por ajuda do governo Federal para a dragagem do rio e
as soluções locais são mais objetivas.
Gilberto Maciel, diretor da empresa
SC, que é a operadora da MSC na região, explicou que as operações iniciaram há
um mês, com projeção de 80 contêineres por mês. “As expetativas foram superadas
e conseguimos alcançar este volume por semana. É um resultado surpreendente”,
comemorou.
Para Rubens Nascimento,
superintendente de Desenvolvimento de Rondônia, o empreendimento iniciado pela
MSC é resultado de prospecção que apontaram vantagens na utilização de Porto
Velho como base logística para o transporte de cargas em contêineres. Ele prevê
que outras empresas também passarão a utilizar esta rota, que se apresenta como
a mais promissora para o País, uma vez que está mais próxima do canal do
Panamá, e de lá pode chegar mais rápido aos demais mercados. “As discussões
sobre a construção da ponte interligando Brasil e Bolívia farão parte deste
novo cenário”, acrescentou.
Também participaram da audiência, o diretor de Comércio Internacional da
MSC, Laurent Van Der Voo; o vice-presidente da empresa no Brasil, Elmer Alves
Justo; o diretor Comercial no Brasil, Rui Lourenço; e o presidente da
Assembleia Legislativa, deputado Maurão de Carvalho.