Em
Jornada Climática, Defesa debate impactos das mudanças ambientais nas operações
militares
Foto: Tereza Sobreira
Além de palestras com integrantes das Forças, as exposições
contaram com profissionais dos ministérios do Meio Ambiente; Relações
Exteriores; Integração Nacional; Ciência, Tecnologia e Inovação; e do Centro
Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
Logo pela
manhã, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel
Fernando Perondi, explicou o funcionamento de seu órgão. Ele disse que a
instituição está dividida em três camadas: acesso ao espaço, infraestrutura
espacial e aplicações. Esses setores cuidam de temas como meteorologia e
ciência do sistema terrestre, entre vários outros.
Perondi
mostrou, também, como são gerados cenários futuros para chuvas, precipitações e
temperaturas, no formato de gráficos. “Esses mapas servem de entrada para
outros estudos”, alertou. Com tecnologia, as prospecções são realizadas em
períodos bem espaçados, como os anos de 2040, 2070 e até mesmo 2100.
Sobre o
clima, destacou que de acordo com estudos do Inpe, a tendência é que a
temperatura seja cada vez mais quente em toda a América do Sul. No Brasil, o
máximo de aquecimento será na região Centro-Oeste em todas as estações do ano.
No caso das chuvas, haverá aumento no extremo oeste da Amazônia.
Forças Armadas
A
apresentação da Marinha ficou a cargo do capitão-de-fragata Felipe Santos. O
oficial citou alguns eventos climáticos que já estão em andamento no país, tais
como ondas de calor, chuvas pesadas, furacões, inundações e secas, geleiras e
niveis do mar subindo.
“A
mudança no clima de ondas pode alterar o transporte de sedimentos e a
morfologia costeira, gerando impactos sobre as estruturas e benfeitorias, como,
por exemplo, em instalações portuárias”, falou.
A nível
mundial, segundo ele, pode haver escassez de alimentos, água potável, energia e
terras agrícolas, o que geraria aumento das tensões entre países e colapsos
econômicos.
Para o
capitão-de-fragata, “o acompanhamento e as possíveis consequências das
alterações climáticas devem estar previstas nas estratégias de defesa e
segurança nacionais. É fundamental o monitoramento de dados ambientais e a
realização de estudos científicos para refinar as projeções e permitir a
reavaliação regular dos riscos, vulnerabilidades e oportunidades”.
Já o
Exército ficou sob a responsabilidade do coronel Moacir Rangel Junior. Ele
acredita que é necessária uma nova estruturação da Força Terrestre, já que a
instituição vem sendo constantemente empregada para ações de ajuda humanitária
no caso de catástrofes naturais. Por conta disso, está em experimentação
doutrinária uma equipe do Exército só para atuação nessas situações.
Inicialmente, os testes acontecem em Recife (PE).
Foto: Gilberto Alves
O coronel
exemplicou, ainda, iniciativas sustentáveis em curso. Uma delas é o programa de
baterias de sódia da Usina de Itaipu, que servirá, por exemplo, para suprir
energia dos pelotões especiais de fronteira. A tecnologia recarrega o
equipamento por meio de força eólica ou solar.
No que
diz respeito às soluções para o problema do clima, o militar sugeriu que o tema
seja estudado pelo Estado-Maior do Exército e pelo Departamento de Ciência e
Tecnologia da Força. “Não existe, ainda, nenhum desdobramento da temática em
curso.”
Por fim,
a Aeronáutica apresentou os impactos das mudanças climáticas nas operações
aéreas por meio do tenente-coronel Paulo Roberto Bastos de Carvalho. De acordo
com seus estudos, com a variação de temperatura, há diferença no desempenho das
aeronaves.
Também
advertiu que, com o tempo, os aeroportos sofrerão impactos e a malha aérea
deverá ser alterada. Acerca do aumento no nivel do mar, detalhou que as
consequências vão de encontro à alta incidência de tempestades, principalmente
em áreas costeiras.
“O Brasil
vai sofrer grandes variações climáticas de Norte a Sul e vai impactar nas
operações aéreas. É uma situação nova para a Força que deverá ser pensada”,
afirmou.
O chefe
da Assessoria de Doutrina e Legislação da Defesa, general Manoel Lopes de Lima
Neto, acrescentou que no caso do ministério, já existe um protocolo de
intenções para atuação em casos de desastres naturais, quando o apoio da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica é solicitado. “Este memorando é em
conjunto com os ministérios da Integração e da Saúde.”
Por Marina Rocha
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
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