sexta-feira, 14 de junho de 2013

Após oito horas, ruralistas encerram protesto que isolou Roraima
 
CYNEIDA CORREIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BOA VISTA
Após oito horas, ruralistas encerraram, no final da tarde desta sexta-feira (14), o protesto que fechou a única estrada que liga Boa Vista, capital de Roraima, ao restante do país e à Venezuela.
Em manifestação de caráter nacional contra a política federal de demarcação de terras, cerca de 2.000 pessoas bloquearam a BR-174 com pneus, caminhões, tratores e carretas.
Iniciado por volta das 7h, o protesto foi encabeçado pelo Movimento dos Produtores Rurais de Roraima e envolveu produtores de arroz e outros grãos e pecuaristas, que reclamam das demarcações das áreas indígenas no Estado.
Os manifestantes dizem pedir também o fim da violência gerada pela disputa de terras, a suspensão imediata de todos os processos de demarcação, a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dá competência ao Congresso Nacional para homologar os novos territórios indígenas e a revalidação de portaria da AGU (Advocacia-Geral da União) que restringe a ampliação de áreas já demarcadas. Segundo a produtora rural Tatiana Faccio, os produtores "sobrevivem" aos efeitos da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em 2005.
"Conseguimos promover nossa sobrevivência. A mídia nacional acha que está tudo bem em nosso Estado. Ledo engano. O que restou nas terras são pessoas que precisam vir para a cidade atrás de trabalho, pois muitas estão passando dificuldades", disse Tatiana.
Na saída norte da rodovia, que dá acesso à Venezuela, o protesto foi coordenado pelo deputado federal Paulo César Quartiero (DEM-RR), produtor que chegou a ser preso em 2005 por liderar protestos contra a demarcação da Raposa Serra do Sol.
"Estamos pedindo maior apoio, respeito, oportunidade de trabalho. Quero dizer que a Polícia Federal não conseguiu nos intimidar", afirmou Quartiero.
A produtora Isabel Itikawa disse que a manifestação causou engarrafamento de mais de 15 km na rodovia. "Consideramos [o protesto] um sucesso. Tivemos adesão da sociedade e nosso objetivo foi alcançado. Nossa manifestação foi pacífica e servimos água gelada, arroz carreteiro e mingau de arroz para os motoristas e participantes, mostrando que o arroz em Roraima ainda é forte", disse.
A Polícia Rodoviária Federal ajudou a conter os ânimos das pessoas que tentavam passar pela rodovia e não conseguiam.
O município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, chegou a ficar totalmente fechado e sem saída. Moradores da cidade reclamaram de prejuízos. "É uma briga feita de forma ilegal, que prejudica muita gente. "Eles podem reivindicar, mas de uma forma que não prejudique a população", disse o professor Raimundo dos Santos.