quarta-feira, 30 de abril de 2014


Uma batalha e a guerra eleitoral

Será que Dilma terá forças para superar as atuais adversidades? Ela não é de entregar os pontos no primeiro embate

Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br

Que Dilma Rousseff está em baixa nas pesquisas de opinião não é novidade para ninguém. Surpresa seria se ela estivesse resistindo à barragem de más notícias das últimas semanas. Na linguagem popular, a presidente está apanhando mais do que boi ladrão. Noite e dia surgem novas denúncias sobre a gestão da Petrobras. A estatal procura reagir com uma agenda positiva. Tenta contra-atacar com a divulgação de bons resultados na exploração do pré-sal e na produção de derivados de petróleo, mas a investida da mídia continua a fazer estragos na imagem do governo. Como ressaltou um diretor da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), ao divulgar ontem nova queda da popularidade de Dilma, “o escândalo de Pasadena atingiu em cheio a presidente”.

Há mais de um mês, a Petrobras não sai das manchetes de jornais do Rio e São Paulo. Um dos alvos é a compra da refinaria de Pasadena por US$ 1,2 bilhão. Mas, simultaneamente, divulgam-se os detalhes das investigações da Polícia Federal sobre o envolvimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com o doleiro Alberto Youssef, ambos acusados de criar uma espécie de propinoduto nos contratos da estatal. Na opinião de especialistas em pesquisas, a cobertura da imprensa é tão intensa que leitores desavisados podem concluir que todos os negócios são de responsabilidade do governo Dilma. Tanto assim que uma secção da pesquisa encomendada pela CNT é dedicada à reação dos entrevistados às notícias envolvendo a Petrobras.

Mas o que concluir exatamente da pesquisa da CNT/MDA? Para a oposição, está claro que a candidatura da presidente perdeu sustentação. Dilma caiu para 36,5%, Aécio Neves subiu para 21,5% e Eduardo Campos pela primeira vez chegou aos dois dígitos, com 11,2%. Marcante, sem dúvida, foi a evolução do tucano Aécio, que cresceu quase cinco ponto percentuais entre fevereiro e abril. Talvez tenha sido reflexo do programa de TV do PSDB, no qual colou sua imagem à do avô Tancredo Neves, o primeiro civil a ser eleito presidente da República (pelo Congresso) após o ciclo de ditadores militares. O senador mineiro também se beneficia da tradicional queda de braço entre PT e PSDB. Mudam os nomes dos candidatos ao Planalto, mas não muda a disputa bipartidária iniciada em 1994.

Aécio, de fato, tem chão para crescer. O mesmo, porém, não se pode dizer do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Na pesquisa espontânea, ele aparece apenas com 3,6% das intenções de voto. Na induzida, só ganhou dois pontos percentuais, apesar da exposição que teve durante todo o mês de abril. Se Campos não decola agora quando se comporta como franco atirador, que dirá quando for atacado pelos adversários.

E a presidente Dilma? Será que terá forças para superar as atuais adversidades? Ela garante que sim e afirma que não teme o movimento Volta Lula. “Temos, eu e o Lula, uma relação de muita lealdade. Sou muito grata a ele. Existe uma coisa que é lealdade. Então, isso não me pega”, disse a jornalistas durante jantar no Palácio Alvorada. Conta a seu favor um aspecto importante da pesquisa. Apesar do tiroteio, ela continua a derrotar os dois principais opositores por larga margem, na hipótese de segundo turno. E ainda ganharia no primeiro turno. Por sua história de vida, Dilma Rousseff não é de entregar os pontos no primeiro embate. Está perdendo a batalha de Pasadena, mas pode ganhar a guerra das eleições.

 

Rússia segue passos da China e censura internet

O presidente do conselho da Google, Eric Schmidt, já havia advertido sobre as intenções de Putin

Bloombergredação@brasileconomico.com.br

O presidente do conselho da Google Inc., Eric Schmidt, advertiu no ano passado que a Rússia estava “seguindo os passos” do modelo da China de censura à internet. Vladimir Putin está lhe dando razão.

Com a Rússia travada no pior impasse com os EUA desde a Guerra Fria, o presidente russo disse na semana passada que seu governo precisa impor um controle maior sobre os fluxos de informações na web que, segundo o ex-coronel da KGB, é uma criação das agências de espionagem dos EUA.

Os comentários de Putin surgiram depois que a câmara baixa do parlamento aprovou uma proposta de lei que exige que as empresas de internet, como a Google, situem os servidores que lidam com o tráfego russo dentro do país, similar às regras chinesas, e armazenem dados dos usuários por seis meses. A legislação, que precisa da aprovação da câmara superior e da assinatura de Putin para se tornar lei, também classifica os blogueiros com 3.000 leitores ou mais – cerca de 30.000 pessoas – como saídas de “mídia”, o que significa que eles e seus servidores devem ser responsáveis pelo conteúdo e que estão sujeitos a regulação.

“Esta lei é mais um passo em direção à segmentação e à nacionalização da internet e a colocá-la sob o controle do Kremlin”, disse por e-mail Matthew Schaaf, que trabalha no grupo de pesquisa Freedom House, com sede em Washington. “Isso poderia provocar um sério efeito inibidor na expressão on-line da Rússia, fazendo com os que usuários parem para pensar como suas buscas no Google e publicações no Facebook poderiam ser utilizados contra eles”.

"Vingança" de Putin

As agências de inteligência russas, assim como suas correspondentes dos EUA, aumentam constantemente suas capacidades cibernéticas, disse Putin em uma reunião com executivos dos meios de comunicação em São Petersburgo, em 24 de abril. A Rússia deve proteger suas informações em um mercado dominado pelas empresas americanas de tecnologia, disse Putin, 61.

O projeto de lei sobre o armazenamento de dados dos usuários segue uma lei decretada em 1º de fevereiro que dá ao Roskomnadzor, o regulador de comunicações, o poder de bloquear sem decisão judicial os sites considerados “extremistas” ou uma ameaça à ordem pública.

O Roskomnadzor fez exatamente isso em 13 de março, quando interrompeu temporariamente o acesso a meia dúzia de sites, incluindo o do líder da oposição, Alexei Navalny, para impedir iniciativas de realização de comícios não aprovados contra a anexação da Crimeia, efetuada por Putin. O órgão regulador também fechou 13 grupos ucranianos no VKontakte, um site russo semelhante ao Facebook.

“Putin vê uma ameaça importante à sua lei vinda dos EUA, e a Ucrânia é só o motivo mais recente para as tentativas de desacreditá-lo”, disse Alexei Mukhin, diretor do Centro de Informações Políticas, um grupo de pesquisa em Moscou. Para Putin, “isso se tornou uma vingança pessoal, então limitar a internet é uma medida necessária”.

Consciência tranquila

As agências russas vêm pressionando as empresas de internet para obter dados sobre os ucranianos que apoiaram a expulsão do presidente da Ucrânia apoiado pelo Kremlin, Víktor Yanukóvytch, de acordo com Pavel Durov, fundador do VKontakte, ou VK.

Durov, que começou o VK em 2006, o mesmo ano em que o bilionário Mark Zuckerberg abriu a Facebook Inc. ao público, disse em 16 de abril que vendeu suas ações e abandonou o cargo de CEO para não ter que cumprir as demandas de entregar os dados pessoais dos usuários ucranianos.

“Já não tenho uma participação, mas tenho algo mais importante: consciência tranquila e ideais que estou disposto a defender”, disse Durov em sua página do VK.

Para as empresas estrangeiras, mudar os servidores para a Rússia pode não valer o investimento, o que significa que seus serviços poderiam deixar de estar disponíveis para os russos, disse Karen Kazaryan, analista da Associação Russa de Comunicações Eletrônicas.

 

terça-feira, 29 de abril de 2014


SÓ O TEMPO DIRÁ SE É VERDADE OU NÃO. 

 

A Visão de Israel do Avião Desaparecido no mar! 

Você já ouviu sobre essa teoria da conspiração no desaparecimento do Vôo MH 370?

 

Essa estória é assim:

 

Enquanto os Estados Unidos retiravam do Afeganistão um dos seus sistemas de comando e controle usado para controlar e pilotar seus drones eles foram seqüestrados por talibans quando o comboio de transporte americano descia de uma de suas bases localizadas no alto de um monte. Os talibans emboscaram o comboio, mataram dois “seals” da marinha americana, tomaram posse do equipamento e das armas, incluindo o módulo de comando e controle de todo o sistema pesando cerca de 20 toneladas embalados em 6 caixotes. Isso aconteceu aproximadamente há um mês atrás, em fevereiro de 2014.

 

O que o Taliban quer é dinheiro. Eles ofereceram para vender o sistema para os russos e chineses toda aquela tecnologia. Os russos estavam ocupados com a Ucrânia mas os chineses estão loucos para conhecer essa tecnologia. Imagine só se os chineses dominarem o controle dessa tecnologia  todos os drones americanos se tornarão inúteis.                                                                      

 

Então a China mandou 8 cientistas “top” de defesa para avaliar o sistema e pagar os milhões por ele.

No começo de março de 2014, os 8 cientistas e os 6 caixotes foram levados para a Malásia, pensando ser a melhor maneira de dissimular e esconder a transação do resto do mundo. A carga toda foi mantida na embaixada chinesa debaixo de proteção diplomática. Nesse entremeio, os americanos uniram-se à Inteligência Militar de Israel e juntos decidiram interceptar e recapturar a carga.

 

Os chineses decidiram que seria mais seguro transportá-la via uma aeronave civil para evitar suspeitas. Assim, o vôo MH370 seria o carreto perfeito. Tinha 5 agentes americanos e Israelenses bastante familiarizados com a operação do Boeing.                                 

 

Os dois iranianos com passaporte “roubado” poderiam estar entre eles.

Quando o vôo MH370 estava para deixar o espaço aéreo da Malásia e estava se comunicando com o Controle Aéreo Vietnamita, um AWAC americano interferiu no sinal, desabilitou o sistema de controle do piloto e passou-o para um controle remoto. Isso foi quando a aeronave perdeu altitude momentaneamente.

 

Como o AWAC pode fazer isso? Lembram-se do incidente do vôo 911? Depois do acidente do 911, toda aeronave Boeing (e possivelmente também todo AirBus) tem instalado um sistema de controle remoto para anular ações terroristas. Desde então, todo Boeing pode ser remotamente controlado e pilotado por uma torre de controle em terra. É o mesmo sistema de controle remoto usado para pilotar drones e aviões espiões sem piloto a bordo.

 

Os 5 agentes americanos e israelenses logo assumiram o controle do avião, desligaram o transponder e todos os outros sistemas de comunicação, mudaram o curso e tomaram direção leste. Eles não ousaram voar para oeste  em direção às Filipinas ou Guam porque todo o espaço aéreo do sul da China é monitorado por radares e satélites chineses.

 

Os radares militares da Malásia, Tailândia e India detectaram a aeronave não identificada porém não reagiram “profissionalmente”.

O avião passou por cima de Sumatra, Anambas, Sul da India e então aterrissou nas ilhas Maldivas (alguns moradores viram a aeronave pousando), reabasteceu e continuou seu vôo para Diego Garcia, uma base aérea americana no meio do Oceano Indico. A carga e a caixa preta foram desembarcados. Os passageiros foram silenciados para sempre via meios naturais: falta de oxigênio. Eles acreditavam que somente pessoas mortas não iriam falar. O vôo MH370 com todos os passageiros mortos decolou de novo via controle remoto e caiu a ao sul do Oceano Indico, fazendo o mundo acreditar que o avião eventualmente ficou sem combustível pondo assim a culpa no comandante desobediente e no co-piloto.

 

Os americanos encenaram um grande show. Primeiro concentrando toda a atenção e esforço de resgate no mar do sul da China enquanto o avião era desviado para o Oceano Indico. Então emitiram declarações e evidências conflitantes para confundir todo o mundo. A Austrália é cúmplice.

 

A quantidade de recursos e esforços que a China movimentou, em termos de aviões de resgate, satélites, navios, vasculhando primeiro o mar do sul da China e depois no estreito de Mallaca e no Oceano Indico é sem precedentes. Isso mostra que a China está muito preocupada --- não muito com os passageiros chineses mas com a valiosa carga e seus 8 cientistas de defesa aérea altamente qualificados.

 

Não acredita na estória? Não se espera que você acredite, mas vamos esperar para ver como o episódio se revela por si mesmo.

 

Ou talvez isso não aconteça a menos que apareça outro Snowden...

 

 

VIDE ORIGINAL EM INGLÊS ABAIXO ---

Have you heard of this conspiracy theory re the disappearance of MH 370? The story goes like this:

        While the USA is withdrawing from  Afghanistan one of their command and control system (used for controlling the pilotless drones) was hijacked by the Taliban while the American transport convoy was moving down from one of the hill top bases. The Taliban ambushed the convoy and killed 2 American Seal personnel, seized the equipment/weapons, including the command and control system which weighed about 20 tons and packed into 6 crates. This happened about a month ago in Feb 2014.

        What the Taliban want is money. They offered to sell the system to the Russians &r the Chinese. The Russians are too busy in Ukraine but the Chinese are hungry for the system's technology. Just imagine if the Chinese master the technology behind the command and control system, all  American drones will become useless. So the Chinese sent 8 top defense scientists to check the system and agreed to pay millions for it.

        Sometime in early Mar 2014,  the 8 scientists and the 6 crates made their way to Malaysia, thinking that it was the best covert way to avoid detection. The cargo was then kept in the Embassy under diplomatic protection.  Meanwhile the Americans  engaged the assistance of Israeli intelligence, and together they were determined to intercept and recapture the cargo.

        The Chinese decided that it will be safest  to transport it via civilian aircraft so as to avoid suspicion. After all the direct flight from KL to Beijing takes only 4 and half hours, and the American will not hijack or harm  a civilian aircraft.. So MH370 is the perfect carrier.

        There are 5 American and Israeli agents onboard who are familiar with Boeing operation. The 2 "Iranians" with stolen passports could be among them.

        When MH370 is about to leave  Malaysian air space and was reporting to Vietnamese air control, one American AWAC jammed their signal, disabled the pilot control system and switched over to remote control mode. That was when the plane suddenly lost altitude momentarily.

        How  AWAC can do this ? Remember the 911 incident ? After the 911 incident, all Boeing aircraft (and possibly all Airbus) were installed with a remote control system to counter terrorist hijacking. Since then all  Boeings could be remote controlled by ground control tower. The same remote control system used to control the pilotless spy aircraft and drones.

        The 5 American/Israeli agents soon took over the plane, switched off the transponder and other communication systems, changed course and flew westwards. They dare not fly east to Philippines or Guam because the whole South China Sea air space is covered by Chinese surveillance radar and satel

 

Mulheres do Sudão do Sul, um dos países com alto número de estupros. Foto: ONU/Martine Perret

Estupro é usado como arma de guerra em zonas de conflito de 21 países, diz novo relatório da ONU

28 de abril de 2014 · Notícias  - ONU

 
 


“Não importa se ela vem da Bósnia, da Colômbia, da Síria ou da África Central, a dor que a mulher que foi estuprada sente é a mesma”. Esta foi a declaração feita pela representante especial do secretário-geral da ONU sobre violência sexual em conflito, Zainab Bangura, nesta quinta-feira (24), no lançamento do relatório anual do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre o assunto em Nova York. Bangura lembrou, na ocasião, que apesar de um aumento sem precedentes no combate ao estupro em zonas de guerra, a violência sexual continua a ser um crime global que afeta mulheres, homens e crianças.

Com base em casos registrados pela ONU, o relatório identifica 34 grupos armados, milícias e forças de segurança de governo, responsáveis, em 21 países, por usar o estupro como uma arma de guerra em zonas de conflito.

Entre as suas conclusões, o relatório vincula também a violência sexual com as economias locais. Ele observa que o estupro é usado para ganhar o controle de territórios com recursos naturais que são utilizados por grupos para financiar o próprio conflito, assim como o tráfico de pessoas e o comércio ilegal de drogas.

Os estupros também forçam fugas em massa, o que torna as mulheres, e especialmente as jovens, ainda mais vulneráveis a abusos. Alguns pais tentam proteger suas filhas empurrando-as para casamentos precoces e forçados, o que leva a casos de tráfico humano e escravidão sexual, observou Bangura.

Entre as recomendações do relatório, Ban Ki-moon pede que os governos “trabalhem para desenvolver uma maior proteção e serviços de respostas mais abrangentes para os sobreviventes” de violência sexual, incluindo serviços de saúde reprodutiva, sensibilização sobre o HIV e assistência em ajuda psicossocial, e jurídica.

República Centro-Africana, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Mali, Sudão do Sul, Síria, entre outros, são alguns dos 21 países que estão na lista do Conselho de Segurança onde há grupos suspeitos de cometer estupro e outras formas de violência sexual em situações de conflito armado.

 

Criança realiza check-up para desnutrição em ponto médico de Bangui. Foto: UNICEF/Roger LeMoyne

UNICEF alerta: mais crianças morrerão devido à fome do que à guerra na República Centro-Africana

28 de abril de 2014 · Notícias  -ONU

 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou, na sexta-feira (25), que o número de crianças com severos casos de desnutrição em Bangui, capital da República Centro-Africana (RCA), triplicou desde o início do ano, e afirmou que o quadro tenderá a piorar nos próximos meses.  ”Aqui na RCA”, afirmou o representante do UNICEF no país, Souleymane Diabaté, “mais crianças morrerão por desnutrição e doenças relacionadas do que por balas, e a situação ficará ainda pior durante a estação chuvosa – auge dos casos de diarreia e malária”.

Quase 680 casos de desnutrição foram reportados pelo Hospital Pediátrico de Bangui somente no primeiro trimestre de 2014, contra 214 casos em todo o ano anterior. Estimativas do UNICEF, que já requereu 11 milhões de dólares para programas de nutrição infantil na RCA, revelam que até 28 mil crianças poderão sofrer de formas agudas da condição no país este ano.

“A maior parte das famílias não tem conseguido cultivar suas plantações e garantir o próprio sustento”, disse o porta-voz do UNICEF, Christophe Boulierac, a jornalistas em Genebra (Suíça). “Outros obstáculos incluem a falta de acesso à água potável, saneamento básico e serviços de saúde”, completou.

 

segunda-feira, 28 de abril de 2014


Tudo em nome da amizade

O deputado André Vargas deu as explicações comuns a todos os políticos que são pegos com a mão na botija

Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br

O deputado federal André Vargas é ex-secretário nacional de Comunicação do PT e ex-vice-presidente da Câmara. Dentro em pouco, também se tornará ex-deputado. Motivos não faltam. Vargas encontrou no mandato popular a porta aberta para a conquista de vantagens para si e para seus amigos. Um dos mais próximos era o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e processado como chefe de quadrilha de lavagem de dinheiro. Vargas é acusado pela PF de tráfico de influência em benefício de Youssef. Não se sabe o que recebeu em troca, mas, numa mensagem, o doleiro diz que a intermediação junto ao Ministério da Saúde iria garantir a “independência financeira” de ambos. A “independência”, obviamente, se daria à custa do Tesouro Nacional.

Antes da denúncia sobre a defesa dos interesses do laboratório Labogen no contrato de produção de genérico do Viagra, soube-se, também pela PF, que Vargas fez viagem de férias a João Pessoa em jatinho fretado por Youssef, por R$ 100 mil. O deputado deu as explicações comuns a todos os políticos que são pegos com a mão na botija. Afirmou que era amigo de Youssef há muitos anos, mas não sabia de suas atividades comerciais. Contou que o aluguel do jato foi um pequeno favor e que tentou reembolsar a despesa, mas não conseguiu. Mais ou menos o que o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, disse sobre as despesas e viagens pagas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, “seu amigo de longa data”. Quanto à acusação de tráfico de influência, Vargas explicou que os diálogos estavam fora do contexto. Cobrou a presunção de inocência e se disse vítima de um linchamento midiático.

Tudo indica, porém, que quem andou fora do contexto nos seus dias de Brasília foi o deputado Vargas. Além de responder a processo disciplinar na Comissão de Ética que pode levar à cassação do mandato, ele não conseguir sequer convencer a cúpula do PT. O partido continua a considerar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares injustiçados, mas concluiu que a situação de Vargas é indefensável. Os argumentos que apresentou são frágeis. Na visão de petistas experientes, se o jatinho pago por Youssef tivesse sido usado para um objetivo humanitário (por exemplo, o socorro de comunidades isoladas por algum cataclismo), a ajuda seria aceitável, apesar da origem. Mas o financiamento de viagem de turismo com a família é incompatível com o mandato. Não condiz com a linha de conduta que o PT espera de seus parlamentares.

Pediu-se que Vargas deixasse a vice-presidência da Câmara. Ele relutou, mas acabou cedendo. Após novas denúncias, a direção do PT entendeu que só havia uma saída para o deputado: a renúncia. Diante de sua resistência, foi marcada reunião da Executiva Nacional, em que seria aplicado o artigo 246 do estatuto do PT, que prevê a suspensão por 60 dias até julgamento pela Comissão de Ética. Estaria aberto, assim, o processo para exclusão dos quadros. Sem saída, Vargas pediu a desfiliação. A direção do PT deu o caso por encerrado e acha que estancou o desgaste da legenda. Mas Vargas continua agarrado ao mandato. Diz que vai se dedicar à defesa na Câmara. Suas chances, porém, são mínimas. Na verdade, teme ser preso assim que perder a imunidade parlamentar. É mais um que deixará a Câmara pela porta dos fundos. A Casa é de representantes do povo, e não de intermediários de doleiros e bicheiros.

 

28/04/2014 | 09:29 - Atualizado em: 28/04/2014 | 10:03

"Dilma não percebeu a armadilha do consumo", diz Luiz Carlos Mendonça de Barros

O economista e ex-presidente do BNDES afirma que não adianta continuar subindo a taxa de juros, pois o problema da inflação atual é de outra natureza

Octávio Costaocosta@brasileconomico.com.br e Marcelo Loureiromarcelo.loureiro@brasileconomico.com.br

Luiz Carlos Mendonça de Barros participou ativamente do governo Fernando Henrique Cardoso nos anos 90, quando foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Hoje, é sócio da gestora Quest Investimentos e assumiu uma postura independente no debate sobre a economia, fugindo do clima apocalíptico da oposição. Em entrevista ao Brasil Econômico , afirma que “a política monetária está no caminho certo”. A redução no ímpeto do consumo “já aconteceu”, diz, e se a inflação ainda resiste, é porque há gargalo na oferta. “Não estamos à beira de um colapso, mas, sim, no meio de uma armadilha clássica de demanda crescendo acima da oferta”. No mercado financeiro dizem que Luiz Carlos se tornou simpatizante do PT. O ex-ministro se diverte com essas reações. E, apesar de aplaudir a ação do Banco Central, prevê que, num segundo governo Dilma, a equipe econômica precisará “de um nome que tenha peso”.

Crescimento baixo, desequilíbrio fiscal, inflação resistente às doses altas de juros. O sr. concorda que a economia brasileira está vivendo um mau momento?

O momento da economia é difícil. Crescimento bem mais baixo, com inflação alta... A diferença é que eu olho para essa situação como resultado de duas coisas básicas. Primeiro, há uma componente conjuntural clássica. Todos os países, desenvolvidos ou emergentes, passam por momentos de desequilíbrio entre oferta e demanda que levam à inflação mais alta. Neste momento, a demanda precisa de um freio, um choque para que a oferta seja corrigida, avance e a economia volte a crescer. O controle da inflação está nesse equilíbrio. Esses são os ciclos curtos da economia capitalista. O Brasil vive um desses ciclos, mas com uma peculiaridade. Viemos de um período longo de crescimento bastante sustentável. Se pegarmos a renda per capita média do brasileiro, tanto formal quanto informal, calculada pelo IBGE desde o Plano Real até o fim do mandato do Lula, cresceu 4,7% ao ano, na média. Mais do que dobrou no período — não se encontra algo parecido na história do Brasil. 

A nova classe média surge daí?

Isso. Aí vem a crítica de que essa nova classe média tem pés de barro e renda baixa. Eu prefiro dividir a sociedade brasileira de outra forma. Vejo dois grandes grupos: o que vive na formalidade econômica e o que está fora dela. Classes A, B e C no primeiro grupo, D e E na informalidade. A diferença é a segurança em termos de renda e cobertura social. O sujeito que vive na formalidade tem um controle muito maior sobre o futuro. Ele pode se endividar, comprar a prazo, porque consegue projetar a renda futura. Foi trazendo para a formalidade que o Brasil conseguiu expandir a renda em 4,7%.

E criou pressão na oferta...

Exatamente. Até porque houve um desvio no governo Lula, ao passar o foco para o estímulo ao consumo. Embora não tenha deixado de investir, como ele parou as privatizações no serviço público, acabou reduzindo o investimento. Ficamos com a infraestrutura sucateada. Mas a mudança mais importante foi a seguinte: tínhamos um terço da população na formalidade, e teremos 75% nesse grupo até 2016, de acordo com o Itaú. Uma mudança extraordinária. Mesmo a crítica sobre o baixo valor da renda da classe média não cabe. O “Financial Times” já falou exatamente sobre a criação de uma classe média nova no mundo todo. Mas na Índia e na China, essa nova faixa é qualificada com uma renda muito menor do que aqui.

Mas essa mudança se deveu só à economia?

Tivemos uma sequência de governos democráticos que mudaram a sociedade. Uma pesquisa recente revelou que 75% das pessoas querem mudanças. É o mesmo pessoal que ascendeu. Falta entender que mudança eles querem. Todos os indicadores, como o das cestas básicas compradas com um salário mínimo, melhoraram. Não me choca nem surpreende que, ao fim do processo, tenhamos entrado nessa armadilha econômica clássica.

O sr. se refere ao gargalo da oferta?

É, a demanda andou na frente da oferta. O investimento não andou no governo Lula, que privilegiou os gastos sociais. O investimento puro do governo está em torno de 1% do PIB, o que criou o gargalo. A renda do sujeito aumenta, a mudança é muito rápida e não há resposta a isso. A moça não ia ao cabeleireiro e passou a ir. O erro foi quando Dilma Rousseff assumiu e não atentou para a armadilha do consumo. Tentou apostar no mesmo modelo, forçou os bancos públicos a dar mais crédito, tirou IPI de alguns produtos, não entendeu o que acontecia. Aplicou uma terapia oposta ao que era necessário, em 2011, e só modificou ano passado quando o BC passou a aumentar os juros. Em 2010, as vendas do varejo estavam crescendo 10% ao ano. Hoje, avança perto de 3% com perspectiva de zerar o crescimento. Minha diferença para o mercado é que vejo o movimento como natural, enquanto outros acham que é o fim do mundo, comparam com a Venezuela.

O mercado diz que o governo demorou a corrigir o caminho. O “Financial Times”, recentemente, criticou a matriz da expansão pelo consumo, que estaria esgotada.

O “Financial Times”... me poupe. Gosto muito do jornal inglês, da revista “The Economist” também. Mas falando do Brasil? Eles não nos conhecem. Falam como se a Inglaterra não tivesse passado por isso. A matriz econômica baseada no consumo, câmbio desvalorizado, juro baixo, funcionou lá com o Lula. Ela não tem nada de nova e apresentou o mesmo resultado que se previa depois de tanto tempo. O crescimento recuou, a inflação subiu, a conta corrente piorou. O BC tomou a atitude necessária do freio de arrumação através dos juros. Tanto é verdade que, como disse, o consumo que crescia a 10%, hoje avança quase 3%. Evidentemente, aqueles indicadores deteriorados vão melhorar. E essa é a diferença entre o que penso e o entendimento do mercado. Não vejo nenhuma crise de ruptura ou qualquer beira de abismo. Ainda. Vamos ver como o próximo presidente reagirá a esse sentimento de mudança. O discurso da oposição ainda não convenceu. Até agora, o sentimento de mudança de 75% das pessoas não está refletido nos candidatos de oposição.

As pessoas, quando dizem que querem mudança, estão querendo dizer que querem mais saúde e educação, por exemplo?

Elas sentiram intuitivamente que a política que as fez crescer se esgotou. A oposição está confundindo isso com mudança radical. Essa não é minha leitura.

Mas querem uma troca de guarda?

Não, não. Para mim, elas estão dizendo que “não é a Dilma do primeiro mandato o que a gente quer”. Dilma pode responder a isso. Além dessa possibilidade, as pessoas vão ouvir o que a oposição tem a oferecer. Mas a oposição deve tomar cuidado. Outro dia, ouvi o Armínio Fraga dizer que uma das coisas a se fazer é reduzir a meta de inflação para 2,5%. Não me parece o discurso adequado a ganhar corações e mentes dos eleitores. Me parece uma meta absurda para um país que não consegue fazer 4,5%.

Qual discurso conquistaria corações e mentes?

Eu gosto do discurso do Eduardo Campos. Algo como “para preservar os ganhos do passado, é preciso mudar o jeito de governar”. É um discurso que acomoda as duas situações. Defende o governo do Lula, o ganho de renda. Mas diz também que a presidenta está pondo as coisas a perder. Me parece um raciocínio razoável. O discurso errado, para mim, é o da ruptura total.

Há quem defenda uma nova carta ao povo brasileiro, como a de 2002, dizendo quais serão as linhas mestras da política econômica de um novo governo. Seria o caso?

A grande questão para a Dilma não é o que ela fará, mas com quem ela irá governar. A turma dela, da Unicamp, está queimada com a matriz do consumo. Esse pessoal vai ser enterrado junto com o desgaste do modelo.

Se reeleita, Dilma mudará a política econômica?

Dilma já deu algumas indicações. Aparentemente, no segundo mandato dela as privatizações vão voltar com toda a carga. Foi um sinal que deu. Os contratos novos de privatização das estradas estão muito bem feitos. Digo até que estão melhores do que os feitos pelos tucanos. Os governos do PSDB aproveitavam a privatização para cobrar do vencedor antes de começar a obra. Sempre fui contra esse modelo. Não me parece justo porque quem está pagando esse montante é o usuário. A privatização de estradas é o fluxo de caixa. O governo obriga a empresa a pagar R$ 1 bilhão na frente. O modelo da Dilma não cobra nada. Essa é a primeira indicação que nós temos sobre um segundo mandato dela. O que é correto, porque vamos precisar de investimento privado para melhorar a infraestrutura.

Há outros sinais?

O segundo sinal que ela precisa dar é um voto de confiança na economia de mercado. Uma das causas para a redução no volume de investimento no país é que, vamos dizer assim, ela foi agressiva com o capital.

O que significa exatamente esse “agressiva”?

Por exemplo, ao dizer que a opinião do governo sempre deveria prevalecer e também as medidas autoritárias no setor de energia elétrica, antecipando concessões que estavam em vigor... Outros membros da equipe também falavam no mesmo tom: “Quem manda na economia é o Estado, e vocês são atores secundários”.

Essa visão é mais do que keynesiana...

É verdade. Eu chamo de soviética. Mas, você sabe, a escola keynesiana é a mais soviética de todas. Agora, Dilma vai ter que desdizer: “Olha, a economia brasileira é privada”. E contar também quem vai trabalhar com ela

Isso está em linha com a ideia de uma carta aberta com possíveis nomes para um segundo mandato?

Olha, a história nunca se repete a não ser como farsa. A carta aberta foi um instrumento inteligente usado pelo Lula para vencer o pânico, que naquela época era com o PT. O partido hoje é uma fera domada perto daquele lá. Mas Dilma poderia reconhecer que fez uma análise errada da economia, tentou superar os problemas e hoje tem uma visão diferente para tentar avançar.

É importante o governo dizer que dará mais peso ao mercado?

O fator crucial dos próximos quatro anos é investimento, ao invés do consumo. Dilma vai precisar do setor privado, cuja confiança está abalada. A prova mais importante dessa falta de credibilidade foi o Pedro Passos, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), romper com o governo em fevereiro. Logo o Iedi, criado sob a influência do pensamento da Unicamp e bastante alinhado ao PT. Ali, ela perdeu o último elo de confiança do mercado.

Os juros estão caminhando para onde o mercado quer, as rodadas de leilões e as privatizações foram retomadas. O que mais seria necessário?

O nome da jogada é investimento. A primeira coisa é criar um clima de confiança com o mercado. A segunda é ter uma equipe econômica que funcione como uma âncora de investimento. Precisa, portanto, de um nome de peso. Não pode ser o Nelson Barbosa, que é um grande desconhecido de todo o mundo.

E o Alexandre Tombini, do BC?

Acho que o Tombini vai muito bem onde está. Digo isso porque o grande desafio dos próximos quatro anos é de natureza microeconômica, e não macro. O investimento precisa de condições básicas. Primeiro, é a confiança no futuro. Segundo, uma política econômica consistente e conhecida de todos, estável. Em terceiro vem a demanda. Essa já existe, tanto que estamos com um problema de oferta. O quarto ponto é a perspectiva de ganho, rentabilidade na operação. Aí, temos um problema sério na indústria, de competitividade. Como a estrutura de custos no Brasil é muito mais elevada do que no exterior, os setores que não têm proteção estão minguando. É necessário dar fôlego a esse pessoal. Só conheço um jeito: reduzir a carga tributária.

O sr. defende a redução para algum setor específico?

Por setores, não. Reduzir carga tributária depende de o governo diminuir despesas. Sabemos que há uma rigidez muito grande por esse lado. Por isso, é necessário reduzir a carga dos tradables , esses produtos industriais que podem elevar as exportações. Inclusive, já propus pegar o PIS/Cofins, o imposto mais deletério para a indústria, e o reduzir até a eliminação. É como se desse ao beneficiário uma desvalorização do real, sem afetar a inflação. Em troca, adotaria uma contribuição em cima do pagamento de dividendos. Dessa forma, há o incentivo para o empresário reaplicar uma parte maior do lucro na produção, melhorando a oferta.

Mas o problema da indústria hoje não é a expectativa, que está negativa?

É negativa por causa da estrutura de custos. O PIS/Cofins representa de 5% a 6% do custo da produção. Com a fórmula que propus, a indústria ganha margem no mercado interno e externo, aumenta a rentabilidade do negócio e, por consequência, o investimento. Para mim, é melhor uma ideia dessas do que mexer no sistema de metas do BC.

A alta dos juros é suficiente para evitar que a inflação passe do teto este ano?

A inflação brasileira tem, de novo, características inerciais fortes. Dificulta trazer o índice para baixo. Mas a alta dos juros reduziu o consumo de forma importante, fazendo a demanda recuar. O BC tirou lenha da fogueira inflacionária, o que vai melhorar a conta corrente. Tem outro instrumento, que está sendo usado agora, o câmbio. No ano passado, o governo fez uma barbeiragem ao desvalorizar o câmbio quando as outras moedas emergentes não estavam se desvalorizando. Ali, a inflação mudou de patamar. Mas a condição necessária para controlá-la é reduzir a demanda. Necessária, mas não suficiente para trazer a inflação para 4,5%. Precisa de outros instrumentos e de tempo. Os preços defasados também precisam ser corrigidos. Represados, pressionam a inflação.

E se forem corrigidos agora?

Não vai acontecer, por causa da eleição. O presidente competente faz isso no primeiro dia após a eleição, não antes.

O sr. acha que a inflação está sob controle, como diz o governo?

A inflação está louca para sair do controle...

Há necessidade de um novo aumento nos juros?

Por mim, teria parado, porque o sinal que precisava ter era a redução no ímpeto do consumo. Isso já aconteceu. Só um demente acharia que o juro, sozinho, levará a inflação ao centro da meta. O pior é que tem alguns dizendo isso. Gostei do que disse a Fitch (agência de rating), que não espera aperto por parte do governo em ano de eleição. É da natureza da política. Não estamos à beira de um colapso, e sim no meio de uma armadilha clássica de demanda crescendo acima da oferta. Mas, agora, a política monetária está no caminho certo. É possível estabilizar a inflação entre 6,5% e 7%, o que não faz muita diferença. O próximo governo, sim, terá de investir muito tempo para mudar esse cenário.

Nessas condições, a presidenta se reelege?

Não sei. Se perguntarem à nova classe média como se sente, ela responderá que está bem de vida, que vai assistir à Copa numa TV nova. Mas se perguntarem se está preocupada, vai dizer que sim, porque sente que a melhoria começa a perder força. A melhor interpretação que vi sobre as manifestações é a de que a população começa a perceber que tudo o que depende do setor privado melhorou nesses anos, e tudo o que depende do setor público, como o transporte, está uma porcaria. Essa talvez seja uma armadilha que o PT não percebeu.

E a oposição?

No PSDB, tem gente que não reconhece a melhoria dos últimos anos. Chega a ser engraçado. Está difícil pensar assim sem ser considerado petista.

O sr. tem sido rotulado assim?

Já fui e estou pouco me lixando. Sempre digo que esse período de crescimento deve ser entendido como uma combinação entre os governos FHC e Lula. Todo mundo me pergunta quem foi mais importante. Minha resposta: inverta a ordem dos governos e pense no que aconteceria. Ponha o Lula primeiro e acho que não chegaríamos aqui. Para essa nova classe média, o Lula é mais importante pelo crescimento recente da renda. Agora, isso tudo pode ser jogado no lixo se não vier um governo em 2015 que trate das questões substantivas. O medo que tenho é que o PSDB entenda esse desejo de mudança como radical e passe a propor coisas que as pessoas não estão demandando.

O sr., obviamente, não é petista. Ainda se identifica com o PSDB?

Do ponto de vista amplo sobre um partido, o PSDB é mais completo. Tenho uma discórdia com o PT que é a dominação da sociedade. Essa linha do PT clássico morreu quando o José Dirceu foi para a cadeia. O PT de hoje é muito articulado em torno do Lula e do poder. O Leôncio Martins Rodrigues, que conhece o partido, disse bem: quando o Lula deixar de ser o fator agregador, o PT vai se dividir em dois ou três. O que será bom para a democracia.

A alternativa ainda é o PSDB?

O PSDB tem de mudar também. Não apareceu nenhuma liderança nova. Os quadros são bastante concentrados em São Paulo. Eu acho que a política vai mudar é com a classe média nova. Se fosse montar um partido hoje, ele seria de centro-direita, porque essa classe emergente terá um discurso mais conservador.

O sr. fica espantado com os casos de corrupção recentes?

Me espanto com a incompetência dos corruptos. A Polícia Federal esses dias recolheu dezenas de pen drives com indícios...

O mercado está muito nervoso com a eleição. O que explica essa volatilidade?

O mercado hoje tem uma consistência muito diferente daquela de dez anos atrás. Olhávamos muito para a análise dos fundamentos. A molecada hoje, talvez por efeito da internet, está mais interessada nas notícias pontuais da imprensa. Dou um exemplo. O mercado embarcou na tese de que o enxugamento da liquidez nos EUA provocaria uma fuga de capitais dos emergentes. Foi um erro de diagnóstico medíocre. Apostaram que o dólar iria a R$ 3: nunca vi um erro de diagnóstico tão homogêneo. Só o pessoal de mais idade não comprou isso. A geração com 30, 35 anos, que junta ignorância com agressividade, reagiu errado. Aí veio o investidor estrangeiro, que nas últimas semanas se aproveitou para corrigir o preço dos ativos. É evidente que eleição é um evento importante na precificação do mercado, mas não da maneira que estamos vendo.

A Petrobras é o papel que mais oscila nesse cenário?

O que essa movimentação diz é: a Petrobras, com uma gestão correta, eficiente, em três anos recupera o valor que já teve. Não me parece crível que a Petrobras vá replicar no próximo governo os mesmos erros desses últimos anos. Vai ter de tirar o monopólio da operação do pré-sal, rever a regra de conteúdo nacional na política de compra que só fez quebrar empresas. São coisas simples. Por isso, não acredito em catástrofe.