quarta-feira, 4 de julho de 2012

Desperdício de água
04/07/12 08:16 | Cláudio Conz - Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)

Em tempos de Rio+20, discussões sobre uso de sacolas plásticas e tantos outros assuntos relacionados à sustentabilidade, fiquei triste ao ler o resultado de uma pesquisa recém-divulgada pela WWF-Brasil, ONG brasileira comprometida com o meio ambiente.
Segundo estudo realizado pelo Ibope e contratado pela ONG, 48% da nossa população consome água com pouco controle e 30% demora mais que 10 minutos para tomar banho.
As pessoas que controlam pouco o gasto de água (48%) eram 37% há cinco anos e os 30% que demora mais de 10 minutos para tomar banho eram 18% há cinco anos. Num tempo em que tanto se fala em uso racional, o que será que está acontecendo com nossa população, que piorou seu comportamento?
Não temos dúvida de que falta informação. Ainda de acordo com a mesma pesquisa, 81% das pessoas acreditam que quem mais gasta esse importante recurso são as residências e indústrias.
Na verdade, o principal setor a demandar água em nosso país é a agricultura, que consome 70% dos insumos. As pessoas também pensam que os grandes poluidores são as indústrias, esquecendo-se do impacto que o esgoto tem nas grandes cidades, onde hoje vive 80% da nossa população.
O estudo revelou ainda que as pessoas têm consciência da gravidade do desperdício. 68% dos entrevistados reconhecem que este é o grande vilão para o problema de abastecimento de água no futuro. 
Como colocar em prática atitudes para diminuir o consumo de água? Em um banho de 10 minutos, gasta-se 100 litros de água. As pessoas sabem que devem fechar a torneira enquanto escovam os dentes, que não devem lavar calçadas com mangueira e que precisam consertar os vazamentos. Então por que o resultado do levantamento mostrou piora nos hábitos?
Nesse sentido, nosso segmento de material de construção tem um papel importante. O principal deles, propõe a troca de bacias sanitárias antigas por modernas e a implementação de uma série de produtos, como torneiras economizadoras de água.
Um case interessante da Anamaco foi o projeto realizado na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, em prédios públicos. Na Escola Municipal de Vinhedo, a troca de louças e metais comprovou economia de 97% no consumo de água. Lá se consumia 129 mil litros de água por mês e, depois da obra concluída, a escola passou a gastar, em média, 3,8 mil litros mensais.
O retorno sobre o investimento aconteceu em menos de três meses. O projeto também foi implementado na Escola Municipal Integração de Vinhedo, maior colégio da rede pública da cidade, com 1,1 mil alunos. Lá, o consumo era de 853 mil litros de água por mês e, após a implantação do projeto, a escola passou a consumir, em média, 355 mil litros por mês, redução de 58,4% no seu consumo total.
Nesse sentido, organizações, empresas e governo têm papel fundamental para estimular o consumo consciente e promover alterações estruturais, visando mudanças no estilo de vida das pessoas.
Como integrante do CDES, quero aprofundar este tema para que ele seja parte do programa de sustentabilidade do governo em relação aos prédios públicos. É um de meus principais propósitos.
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Cláudio Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)