quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


Exército da Argélia bombardeia campo de gás sitiado, diz agência

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A agência de notícias Nouakchott Information (ANI), da Mauritânia, informou nesta quinta-feira que o Exército da Argélia fez um bombardeio ao campo de gás onde radicais islâmicos mantêm cerca de 40 estrangeiros e mais de cem argelinos como reféns.

O sequestro começou na manhã de quarta (16) e atinge um campo de gás de um consórcio formado pela britânica BP, a norueguesa Statoil e a tunisiana Sonatrach. Os insurgentes dizem pertencer a um grupo vinculado à rede terrorista Al Qaeda e afirmam que a ação é uma represália à intervenção no Mali.

Segundo a agência, que tem informações dos rebeldes, helicópteros do Exército argelino disparam contra o complexo onde estão detidos os reféns. As informações iniciais ainda são contraditórias, mas os insurgentes dizem que há mortos, feridos e reféns que escaparam.

O canal de TV Al Jazeera, do Qatar, informa que 35 reféns e 15 sequestradores morreram, enquanto a ANI diz que 34 reféns e 14 sequestradores foram mortos na ação. Os radicais islâmicos dizem à agência da Mauritânia que o líder da ação, Abou el Baraa, também foi morto no bombardeio.

A ANI e a Al Jazeera são os únicos meios de comunicação com quem os rebeldes entram em contato. No entanto, as informações entram em contradição com o divulgado pela agência de notícias estatal APS, da Argélia.

Mais cedo, a APS informou que 25 dos 41 reféns estrangeiros fugiram da instalação. Caso essa primeira informação seja confirmada, não é possível que haja 35 estrangeiros entre os mortos no bombardeio.

Moradores da região consultados pela agência de notícias Reuters dizem que há várias vítimas do ataque, mas sem mencionar nenhum número de mortos. O governo argelino não confirma nem a operação nem os mortos na ação do Exército.

FUGA

O bombardeio também é apontado como a causa para a fuga de alguns dos 25 funcionários estrangeiros do campo de gás, segundo a APS. Na quarta (16), a APS disse que mais de 150 argelinos estavam na usina, junto com cerca de 20 estrangeiros, o que contradiz a informação sobre os libertados.

Mais cedo, os radicais islâmicos exigiram a saída das tropas que cercam o campo de gás de In Amenas, ocupado desde a manhã de quarta (16). Em entrevista à Al Jazeera, um dos insurgentes, que se identificou como Abu al Bara, afirmou que a retirada dos militares é a condição para negociar a liberação dos reféns.

O rebelde ouvido pelo canal exigiu a anistia de radicais islâmicos presos no país para soltar os estrangeiros e declarou que a ação é uma mensagem política à Argélia sobre sua postura contra os combatentes radicais, em uma mensagem que vale também para os países vizinhos.

O ataque ao campo de gás na Argélia aconteceu em meio às operações francesas no Mali, em que tropas francesas auxiliam o Exército local para retomar o controle do país. Paris recebe auxílio logístico de Reino Unido e Estados Unidos.

Em decorrência das ações, o governo do presidente François Hollande foi ameaçado pelos radicais islâmicos de ações contra representações diplomáticas e empresas europeias na África e alvos estratégicos na Europa.