segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Economia, a inimiga da guerra
24/10/11 07:40 | Joaquim Castanheira - Diretor de Redação do Brasil Econômico

Mudança - esse foi o principal cabo eleitoral de Barack Obama para chegar à Presidência dos Estados Unidos. Quando depositaram seus votos nas urnas, os americanos ansiavam por respostas para a crise econômica, para as diferenças sociais e para conflitos militares em que o país estava envolvido.
O novo presidente frustrou nesses quase três anos de mandato boa parte desses anseios. Na última sexta-feira, finalmente, Obama veio a público para anunciar que, até o fim do ano, os 40 mil soldados americanos presentes no Iraque deixarão o país.
Com isso, a invasão ocorrida há quase nove anos chegará ao fim. "Hoje posso dizer que nossas tropas estarão em casa neste Natal", afirmou o líder, num estilo pomposo, típico dos americanos. À primeira vista, o anúncio parece feito sob medida para cumprir uma promessa eleitoral.
Mas, como dizia um sábio, a economia é a mãe de todas as decisões - e mesmo em assuntos militares o dinheiro é mais forte do que o poder de fogo das armas. Obama tem os olhos voltados, sobretudo, para as contas públicas.
Ninguém sabe ao certo quanto já custou as guerras no Iraque e no Afeganistão. Um estudo realizado pelo economista Joseph E. Stiglitz, da Universidade Colúmbia, e a professora Linda Bilmes, de Harvard, joga luz sobre o assunto e chegou a uma conclusão impressionante: segundo eles, o conflito no Iraque pode custar a fantástica soma de US$ 2 trilhões.
Para chegar a esse total, Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, e Bilmes consideraram os desembolsos com armamentos e com o deslocamento e a manutenção das tropas em território iraquiano. Acrescentaram a estimativa de gastos com os mais de 16 mil soldados americanos feridos - desses, cerca de 20% sofreram danos cerebrais graves ou ferimentos na coluna vertebral, que terão assistência médica e psicológica do Estado pelo resto de suas vidas.
Para se ter uma ideia do descontrole dos gastos, antes da invasão, o responsável pelo orçamento federal dos EUA, Mitch Daniels, rejeitou a previsão feita por outro assessor, segundo o qual o país gastaria entre US$ 100 bilhões e US$ 200 bilhões na guerra.
Daniels considerou o cálculo "exagerado". Isso mostra que a real origem da crise econômica que os EUA enfrentam está localizada no dia 11 de setembro de 2001. Os atentados contra as Torres Gêmeas provocaram investimentos militares só comparáveis à época da Guerra Fria.
Se, há décadas, os EUA estavam armados até os dentes, a partir daquele momento se armariam até os fios de cabelo. Só assim, garantiam os governantes republicanos da época, o território