quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Vale do Silício brasileiro
12/12/12 07:35 | Miguel Setas - Vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil
A cidade de São Paulo apareceu na lista das melhores cidades do mundo para lançar uma startup. O resultado foi anunciado pelo "Startup Ecosystem Report 2012", do Startup Genome Project.
Segundo este relatório, São Paulo é o 13º melhor ecossistema do mundo para startups, de uma lista encabeçada pelo Vale do Silício, na Califórnia.
O estudo avalia fatores como a disponibilidade de capital, desempenho, talento, apoio e tendências. Apesar de ser um bom resultado, os empreendedores de São Paulo têm 59% menos chance, do que no Vale do Silício, de se tornarem empreendedores em série.
O Vale do Silício constitui um exemplo singular em todo o mundo. Situado no privilegiado estado Californiano, o Vale (the Valley), como lhe chamam os locais, ocupa apenas cerca de 4 mil km2, ou seja, metade da região metropolitana de São Paulo e, no entanto, gera riqueza abundante para ajudar a posicionar a Califórnia, autonomamente, como a oitava maior economia do mundo.
Há cinco fatores que julgo formarem o "cocktail do sucesso" do Vale do Silício:
1. Ensino de excelência. A região alberga algumas das melhores universidades do mundo e consegue atrair muito do talento internacional.
A proporção de estrangeiros atinge a impressionante marca de 35% de toda a população. É um dos locais do Planeta com maior concentração de "cérebros" de várias nacionalidades.
2. Tecnologias exponenciais. O Vale ganhou importância no desenvolvimento das tecnologias da informação. Os gigantes da internet (Apple, Microsoft, Google, Facebook, Amazon, entre outros) habitam na região.
Atualmente destaca-se noutros domínios que transformarão a nossa Sociedade nos próximos anos: robótica e inteligência artificial, nanotecnologia, biotecnologia e bioinformática, medicina e neurociência e energia. Na recém-lançada "Singularity University" estuda-se o desenvolvimento e as implicações destas "tecnologias exponenciais".
3. "Learn fast, fail faster". O tempo e a atitude face ao risco são fundamentais. No Vale o importante é aprender rápido e falhar mais rápido ainda. O apetite pelo risco é devorador.
4. Cultura do "Impossible is nothing". No Vale do Silício, a criatividade é ilimitada. Não há impossíveis.
Um exemplo bem interessante é o da TechShop (já com 6 lojas abertas), uma espécie de oficina do século XXI, que permite aos seus associados produzir quase tudo o que se possa imaginar. Desde pequenas peças a veículos lunares ou obras de arte.
5. Capital fluido. Os quatro fatores anteriores potenciam-se porque os recursos para financiar novos projetos são facilmente acessíveis. Os chamados mecanismos de "crowdfunding" vieram democratizar e "fluidificar" o acesso a capital.
Sites como o kickstarter.com permitem facilmente angariar fundos para "startups" através da internet. Em 2012, o Vale do Silício captou cerca de 40% do capital de risco nos EUA.
O Vale do Silício continua a plantar as sementes que lhe permitirão liderar o mercado do empreendedorismo. A receita de sucesso está à vista de todo o mundo. São Paulo está no bom caminho. Como diria o comercial de uma conhecida marca de ténis: "Just do it!"
------------------------------------------------------------
Miguel Setas é Vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil