Gaza continua somando
mortos, apesar de apelos por trégua
As 67 instalações
da ONU começavam a ser insuficientes para os 87.000 deslocados. Nesta segunda,
15 pessoas ficaram feridas em um ataque a um hospital no centro de Gaza
AFPredação@brasileconomico.com.br
Israel e o Hamas protagonizaram novos confrontos fatais nesta
segunda-feira, após um domingo sangrento na Faixa de Gaza e apesar dos apelos
da comunidade internacional por uma trégua.
Ao menos 15 pessoas, entre ela integrantes da equipe médica, ficaram
feridas em um bombardeio israelense em um hospital do centro da Faixa de Gaza,
indicaram os serviços de socorro. Segundo o porta-voz, Ashraf al-Qudra, os
bombardeios atingiram o terceiro andar do hospital de Deir al-Balah.
O Conselho de Segurança da ONU pediu no domingo "o fim imediato das
hostilidades", que já deixaram 509 palestinos mortos, a maioria civis.
Vinte israelenses faleceram - 18 deles soldados - desde o início do conflito,
no dia 8 de julho.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou em um
comunicado que a operação se desenrolava conforme o planejado e inclusive
superava as expectativas em relação à destruição de túneis subterrâneos do
Hamas - que controla a Faixa - em direção a Israel.
Na manhã desta segunda-feira, 15 palestinos, nove deles de uma mesma
família, perderam a vida em um ataque aéreo israelense contra sua casa em Rafah
(sul da Faixa).
Em Khan Yunes, também no sul, foram encontrados os cadáveres de 28
pessoas sob os escombros.
No domingo, mais de 140 palestinos faleceram, a metade deles em
Shejaiya, um bairro periférico do leste da cidade de Gaza (norte) que nesta
segunda-feira continuava sendo atacado duramente pelo exército israelense.
As 67 instalações da ONU começavam a ser insuficientes para os 87.000
deslocados, e mulheres e crianças não encontravam lugar para se sentar nem
mesmo nos corredores.
Ao sul de Israel, o exército matou mais de dez combatentes palestinos
que conseguiram se infiltrar por dois túneis subterrâneos.
As localidades israelenses localizadas perto da Faixa de Gaza foram
colocadas em estado de alerta e seus habitantes foram advertidos a não sair de
suas casas.
Um total de 27 foguetes caíram sobre Israel sem deixar vítimas. Mais de
1.500 projéteis foram disparados a partir da Faixa de Gaza desde o início das
hostilidades.
Na frente diplomática, o Conselho de Segurança da ONU pediu o retorno
"ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012" entre Israel e o Hamas
e convocou "o respeito às leis humanitárias internacionais, especialmente
sobre a proteção de civis".
O presidente americano, Barack Obama, disse que enviará seu secretário
de Estado, John Kerry, ao Cairo nesta segunda-feira e declarou buscar um
cessar-fogo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, atualmente no Oriente Médio,
denunciou a ação atroz do exército israelense em Shejaiya.
Ban visitará nos próximos dias Kuwait, Cairo, Jerusalém, Ramallah
(Cisjordânia) e Amã.
Crime contra a humanidade
O presidente palestino, Mahmud Abas, que se reuniu no domingo em Doha
com Ban Ki-moon, classificou em uma mensagem televisionada o bombardeio de
Shejaiya de "crime contra a humanidade", cujos autores devem ser
julgados e punidos.
Os sindicatos e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) de
Abbas convocaram uma greve geral na Cisjordânia, onde durante a tarde estão
previstas manifestações contra a ofensiva.
O exército israelense justificou sua ação sangrenta de domingo ao
afirmar que o Hamas havia colocado civis na linha de mira ao instalar seus
sítios militares.
Para Israel, o dia de domingo também foi sombrio: treze soldados da
brigada de elite Golani morreram em combate, elevando a 18 o número de
militares mortos, uma quantidade sem precedentes desde a guerra do Líbano de
2006. Também há 90 militares feridos, segundo a rádio israelense.
Dois civis israelenses faleceram desde o início da operação
"Barreira Protetora".
O braço armado do Hamas afirmou no domingo ter sequestrado um soldado
israelense, mas a informação foi desmentida pelo embaixador israelense da ONU,
Ron Prosor.
Israel mobilizou 53.200 homens dos 65.000 reservistas autorizados pelo
governo para a ofensiva neste pequeno território de 362 km2, onde vivem na
miséria 1,8 milhão de habitantes.
A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e o
assassinato de três estudantes israelenses em junho, atribuídos por Israel ao
Hamas, seguidos pelo assassinato de um jovem palestino, queimado vivo em
Jerusalém.