Prorrogação por mais
50 anos da Zona Franca de Manaus causa discussão e novos desafios
Aguardada desde 2010,
a prorrogação dos incentivos fiscais promete, a partir de agora, 'virar o jogo'
da economia amazonense, atraindo investimentos e empregos
17 de Julho de 2014
JULIANA GERALDO
Foi aprovada ontem, na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado em dois turnos, a Proposta
de Emenda a Constituição (PEC), que estende os incentivos da Zona Franca de
Manaus (ZFM) até 2073. Aguardada desde 2010, a prorrogação dos incentivos
promete, a partir de agora, “virar o jogo” da economia amazonense, atraindo
investimentos e garantindo mais emprego e renda para o Estado.
Entretanto, os próximos 50 anos
implicam desafios que precisam ser solucionados em tempo hábil. Empresários,
consultores e estudiosos ouvidos por A CRÍTICA falaram sobre o assunto. Para
eles, há que se comemorar a prorrogação, mas sabendo de que ela não é
suficiente para ativar todo o potencial da economia amazonense.
Para o presidente do Centro da
Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a prorrogação
representa tempo suficiente para que o modelo amadureça e desenvolva outras
matrizes econômicas de forma a desfazer a dependência do Estado em relação ao
parque industrial. “Em paralelo, não podemos deixar de trabalhar questões que
historicamente afetam nossa competitividade como infraestrutura, logística,
comunicação e energia”, relacionou.
Outro ponto importante, segundo Périco,
passa pelo resgate da autonomia e da autoridade da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa), dando-lhe mais independência do Governo Federal.
Gestão
Já na avaliação do economista e
consultor empresarial José Laredo, a solução, para não repetir os mesmo erros
da primeira fase do projeto, é a modernização da gestão.
“A ZFM é uma grande empresa. É preciso
estabelecer metas a cumprir por seus gestores, com sistemática, fiscalização e
avaliação de resultados por meio, por exemplo, de um Conselho Especial Gestor
Local que possa dar suporte com experiência e recomendações essenciais para
redirecionar o modelo para os anos vindouros”, sugeriu.
Efeito prorrogação
A vitória da prorrogação deve impactar
diversos setores da economia local em curto prazo. Os novos investimentos, por
exemplo, “congelados” pela incerteza da permanência do modelo, começam a ser
reativados. “Em breve vamos anunciar projetos de grande porte que estavam
aguardando a confirmação obtida hoje (ontem)”, declarou o secretário de
planejamento e desenvolvimento econômico do Amazonas, Airton Claudino.
No comércio, os efeitos também serão
positivos. Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus
(CDL-Manaus), Ralph Assayag, com a prorrogação, a indústria acelera, gera
empregos, aumenta o consumo e aquece o comércio. “Apostamos que em menos de um
ano, estaremos colhendo os frutos dessa boa notícia”.