quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Amorim defende maior cooperação em Defesa entre Brasil, Índia e África do Sul

Publicado em Quinta, 20 Novembro 2014 09:38 | Última atualização em Quinta, 20 Novembro 2014 10:30
Rio de Janeiro, 20/11/2014 – “Nós temos que trabalhar rapidamente para desenvolver os projetos concretos apresentados aqui. É um exemplo muito importante de cooperação Sul-Sul para o mundo e trará benefícios para os nossos países.” As palavras do ministro da Defesa, Celso Amorim, foram proferidas durante o encerramento do 6° Encontro do Grupo de Trabalho Conjunto de Defesa do IBAS – bloco trilateral formado por Índia, Brasil e África do Sul.

Realizado na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro , o encontro terminou na manhã da última quarta-feira (19). O objetivo foi discutir propostas de cooperação militar conjunta em diversos setores, como ciência e tecnologia, além da defesa.
Entre as possibilidades de parceria entre os três países está a execução de competições esportivas, exercícios de operação de paz e de forças especiais, seminários e workshops.
O ministro da Defesa assinou a ata do encontro, juntamente com os representantes das delegações sul-africana e indiana. Também participaram da firma do documento o comandante da ESG, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e o chefe de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa (MD), general Gerson Menandro Garcia de Freitas.
Off-set
Amorim defendeu a flexibilização das regras brasileiras de off-set – processo de contratação onde um dos requisitos é a compensação comercial –, a fim de beneficiar a Índia e a África do Sul. “Poderíamos facilitar isso entre nós. Temos que garantir a compensação e dar preferência às nações do IBAS nas compras na área de defesa. No entanto, sei que nossas leis são complexas”, afirmou.
Sobre o assunto, o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Industrial do MD, general Aderico Visconte Pardi Mattioli (foto abaixo), disse aos presentes que o tema consta na ata e será levado em consideração. “A flexibilização das normas é necessária para explorar potencialidades com outros países.”
Cooperação
Ainda em sua palestra de encerramento, o ministro elogiou o trabalho militar realizado na manobra marítima IBSAMAR. A atividade consiste em um exercício de adestramento entre as Marinhas da Índia, do Brasil e da África do Sul.
“Vamos continuar a desenvolver programas como esse. Ele é um exemplo”, disse. E completou: “A confiança recíproca entre nós vai possibilitar, cada vez mais, o desenvolvimento de projetos conjuntos”. O próximo IBSAMAR será em 2016, na Índia.
Amorim citou, ainda, dois exemplos de cooperação do Brasil com os países do bloco IBAS. Um deles é o desenvolvimento, junto com a África do Sul, do míssil Ar-Ar de quinta geração A-Darter.
Em relação à Índia, destacou a integração de radares da nação-amiga à aeronave brasileira Embraer EMB-145. “Houve a tentativa de venda desses aviões com a plataforma indiana. Isso pode se tornar um projeto conjunto mais para frente”, explicou.
Segundo o ministro da Defesa, é fundamental que ações dessa natureza sejam apresentadas ao exterior. “Podemos desenvolver muitas coisas em parceria com os demais países.”
Sobre o grupo IBAS
Em 2014, o grupo IBAS completa mais de uma década de existência. Ele foi formalmente instituído em 2003, em Brasília (DF). No evento, Amorim destacou sua participação na criação do fórum e disse estar “contente de ver, como padrinho do projeto, que ele tenha se desenvolvido tanto”.
“O Brasil tem muitas semelhanças com a África do Sul e a Índia, em termos econômicos, na maneira de exercer a democracia, como na obediência a tratados de não intervenção, nas relações internacionais e até mesmo nas nossas próprias carências e problemas sociais”, falou.
Por fim, o ministro manifestou o interesse de que sejam feitos eventos entre as nações do IBAS com o objetivo de mostrar a experiência brasileira de inserção do tema de defesa na sociedade civil. E sugeriu, ainda, a realização de nova reunião entre ministros.
Projetos 
As atividades do encontro do IBAS foram divididas em dois subgrupos: de defesa e de ciência e tecnologia. A apresentação dos resultados do primeiro subgrupo ficou a cargo do subchefe de Assuntos Internacionais do MD, general Décio Luís Schons (foto ao lado).
Ele citou a realização dos Jogos Militares do IBAS, na Índia em 2015 – com competições de futebol e vôlei; do Seminário de Segurança Marítima em 2016 no Brasil e em 2018 na Índia, com revezamento entre países de dois em dois anos; do Seminário de Cooperação em Saúde Militar, na África do Sul, em 2016; além do Workshop de Defesa Cibernética, em 2015 no Brasil.
Já o general Mattioli expôs as iniciativas do subgrupo de ciência e tecnologia. São elas: verificar proposta de criar um grupo virtual para identificar pontos em comum de interesse na área espacial e aeronáutica; utilização de sistema de inteligência com linguagem universal em catalogação; inserção de discussões sobre controle de armas nas próximas reuniões; e assinatura de acordo específico de ciência e tecnologia entre os três países.
Fotos: Felipe Barra
Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa