terça-feira, 12 de março de 2013


Premiê britânico pede que Argentina respeite referendo nas Malvinas
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, pediu nesta terça-feira que o governo da Argentina respeite a decisão dos moradores das ilhas Malvinas de permanecer sob soberania britânica. A escolha foi definida por 99,8% dos eleitores em referendo na segunda (11).
Dentre os 1.700 residentes com direito a voto, apenas três optaram pelo "não" a ser um território ultramarino britânico. Buenos Aires não reconhece a consulta e diz que os moradores do arquipélago, conhecidos como kelpers ou malvinenses, são colonos britânicos.
Após o anúncio do resultado, na madrugada desta terça, Cameron afirmou que os habitantes das Malvinas "não poderiam ter sido mais claros" sobre a vontade de ser britânicos e pediu a todos os países, inclusive a Argentina, que respeitem a decisão.
"As ilhas Falklands [nome britânico para as Malvinas] podem estar a milhares de milhas de distância, mas são britânicos até a medula e isso que querem continuar sendo. As pessoas precisam saber que sempre estaremos lá para defende-los".
Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, William Hague, pediu que todos os países aceitem o resultado da consulta e o direito dos moradores das ilhas de decidir o caminho a ser tomado. "Todos os países deveriam aceitar os resultados deste referendo e apoiar os kelpers no desenvolvimento de seu lar e sua economia".
O referendo aconteceu no domingo (10) e na segunda (11), e teve a participação de 92% dos moradores votantes do país. A consulta foi convocada pelo Parlamento do arquipélago após intensa pressão da Argentina para resolver a disputa sobre a soberania das ilhas do Atlântico Sul.
Mais tarde, integrantes do Legislativo das Malvinas farão uma entrevista coletiva em que avaliarão os resultados da consulta.
REAÇÕES
Antes de sair o resultado, o governo argentino qualificou a consulta de ilegal e disse que é uma manobra midiática e uma manipulação do Reino Unido. A embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, disse que a consulta não tem valor porque não foi convocada nem supervisionada pela ONU.
"Respeitamos seu modo de vida, sua identidade. Respeitamos que queiram seguir sendo britânicos, mas o território que habitam não é", comentou Castro.
Em comunicado, a Casa Rosada disse que a votação não muda em nada a reivindicação pelo território do arquipélago. O governo de Cristina Fernández de Kirchner ainda não se pronunciou sobre a votação após a divulgação do resultado.
Na tarde de segunda (11), o senador e ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, disse que a consulta é uma manobra de publicidade do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e sem nenhum valor.
"Nunca haverá o direito de autodeterminação, porque estamos falando sobre uma população implantada nas ilhas logo que o Reino Unido ocupou o arquipélago", disse Fernández em entrevista à emissora Telefé.
O governo da Argentina, que reivindica que Londres abra negociações sobre a soberania das ilhas --ocupadas pelos britânicos desde 1833--, assinalou em reiteradas oportunidades que o referendo carece de validade legal para o direito internacional.