Poupança tem retirada de R$
38,5 bi, a maior da história no 1º semestre
Segundo BC, é o
sexto mês seguido que caderneta registra perda de recursos. Alta da Selic, que
tornou poupança menos atraente do que outras aplicações, é vista como um dos
motivos da fuga
Agência Brasilredação@brasileconomico.com.br
Pelo sexto mês seguido, a poupança registrou perda de recursos. Segundo
dados divulgados hoje (6) pelo Banco Central, os correntistas retiraram R$
38,542 bilhões a mais do que depositaram no primeiro semestre. A caderneta
registrou a pior captação líquida (diferença entre depósitos e retiradas) da
história para o período.
Nos seis primeiros meses do ano, os brasileiros depositaram R$ 909,632
bilhões na poupança. No entanto, as retiradas somaram R$ 948,174 bilhões.
Apenas em junho, os investidores sacaram R$ 6,261 bilhões a mais do que
depositaram na poupança, também a pior captação líquida registrada para o mês.
No mês passado, os depósitos somaram R$ 162,854 bilhões, mas os saques
totalizaram R$ 169,114 bilhões.
Nos últimos meses, vários fatores estão provocando a fuga de recursos da
poupança. Em primeiro lugar, a alta da Selic (taxa básica de juros da economia)
tornou a poupança menos atraente que outras aplicações. Segundo a Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a
caderneta é vantajosa do que os fundos de investimento apenas quando as
aplicações são inferiores a seis meses, apesar de a poupança ser isenta de
Imposto de Renda e de taxas de administração.
A alta da inflação também contribuiu para a perda de atratividade da
poupança. Nos últimos 12 meses, a caderneta rendeu 7,43%, equivalente à Taxa
Referencial mais 6,17% ao ano. A inflação pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo, no entanto, está em 8,47%, puxada pela alta de preços
administrados, como combustíveis e energia. O aumento dos preços e do
endividamento dos consumidores também diminuem a sobra de recursos a ser
aplicada na caderneta.
A fuga de recursos da caderneta provocou problemas no crédito
imobiliário porque os depósitos da poupança são usados para os financiamentos
de imóveis. Em maio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) remanejou R$ 22,5
bilhões de compulsórios – parcela que os bancos são obrigados a manter
depositados no Banco Central – para evitar a escassez de recursos para o setor.