terça-feira, 17 de janeiro de 2012

MUNDO

Crise europeia e alta taxa de desemprego ameaçam desacelerar economia global, afirma relatório da ONU
17 de janeiro de 2012 · Destaque - ONU



Países em todo o mundo vão sofrer uma desaceleração econômica esse ano, já que a crise da dívida europeia continua a se desdobrar. A análise faz parte do informe das Nações Unidas apresentado hoje (17/01) e alerta também que os governos devem tratar urgentemente da questão das altas taxas de desemprego, particularmente entre a juventude.
O relatório ‘Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2012′ (WESP) mostra um quadro detalhado de sete regiões geográficas e previsões de que as taxas de crescimento para os próximos dois anos continuarão decrescendo na maior parte dessas regiões, com exceção do continente africano, que continuará a desfrutar de crescimento devido aos preços das commodities estáveis e dos investimentos estrangeiros.
O relatório, elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA), aponta crise da dívida europeia que irrompeu na Grécia em maio de 2011 como o maior choque na economia global, cujos efeitos negativos continuarão a reverberar em todo o mundo.
“A falência dos formuladores de políticas públicas, especialmente os europeus e os norte-americanos, em tratar a crise de emprego e prevenir o perigo da dívida pública e a fragilidade do setor financeiro representa o maior risco para a economia global na perspectiva de 2012-2013”, afirma o relatório.

Rob Vos, economista do Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA). Foto: ONU/Paulo Filgueiras
Também estima que o crescimento da União Europeia deve ser de somente 0,7% em 2012, substancialmente menor do que o crescimento registrado no último ano, de 1,6%. Além disso, o desemprego em todo o continente permanecerá perto de 10% na área do euro, tendo mudado muito pouco desde setembro de 2009.
Espera-se que a África continue a crescer, desafiando a tendência mundial. O continente tem previsão de presenciar um aumento no seu crescimento total de 2,7% em 2011 para 5% em 2012 e 5,1% em 2013. Esse crescimento será principalmente liderado pelos preços relativamente elevados das commodities, pelos constantes fluxos de capital externo e pela demanda continuada e o investimento da Ásia.
Entretanto, o crescimento variará muito entre os países do continente devido a conflitos militares, corrupção, falta de infraestrutura e severa seca. O relatório também alerta que o desemprego e a pobreza permanecem como os maiores problemas e fontes de instabilidade, fatores que já levaram à agitação política no Norte da África.
A África do Sul deve ter o maior crescimento econômico em 2012, baseado na demanda crescente vinda da Ásia, medidas de estímulo fiscal continuado e um aumento do consumo, impulsionado pelo aumento da renda.
O quadro econômico no mundo árabe continuará sujeito a alta incerteza devido à transição política e aos protestos civis iniciados pela Primavera Árabe. O crescimento regional é previsto para declinar de 6,6% para 3,7% enquanto os conflitos de violência dificultarem a atividade econômica. A agitação social afetou as transações comerciais e as receitas do turismo.
Entretanto, o relatório afirma que medidas de generosos gastos sociais implementadas em 2011 pelos governos árabes tais como da Arábia Saudita, como uma forma de aliviar os protestos populares, ajudaram a impulsionar o crescimento econômico, que continuará em 2012.
Tanto na Europa quanto na África, o desemprego permanece um problema-chave na região. Apesar de as taxas extremamente baixas quanto à participação feminina, as taxas de desemprego estão entre as mais altas do mundo, especialmente entre a juventude escolarizada. O relatório alerta que deixar o desemprego sem solução representa o maior risco à estabilidade das regiões.
Na Ásia Oriental, o crescimento deve cair para 6,9% tanto em 2012 quanto em 2013. A China também deve sofrer uma redução de 9,3% para 8,7%. Caso haja maior desaceleração econômica na China, outros países da região serão ainda mais afetados.
As regiões do Sul da Ásia, da América Latina e do Caribe permanecem particularmente suscetíveis ao futuro das economias desenvolvidas como a União Europeia e os Estados Unidos, que são mercados de exportação fundamentais assim como fontes de receita turística.
Para a América Latina, uma queda no crescimento econômico da China também afetaria a região, uma vez que os chineses são os maiores compradores de suas commodities e investidores-chave do continente.
“As nuvens sobre a região estão escurecendo. Com os riscos de agravamento da situação europeia e norte-americana, a América Latina e as economias do Caribe seriam duramente atingidos e o crescimento poderia cair abaixo de 1% na região, com o Brasil estagnado e o México entrando em recessão juntamente com os Estados Unidos”.
No mês passado, o DESA deu um alerta de que medidas de austeridade fiscal prematuras dos países desenvolvidos arriscaram colocar o mundo em uma nova recessão, recomendando medidas de estímulos adicionais para estimular a criação de empregos e investimentos.
Acesse o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2012 clicando aqui. O documento está disponível nas seis línguas oficiais da ONU.