quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Comandante do CMA afirma que precisa de mais equipamento para vigiar a fronteira do Amazonas
A afirmação é do Comandante Militar da Amazônia , Guilherme Cals Theophillo, durante o 1º Seminário sobre Drogas Ilícitas na Amazônia Internacional
17 de Setembro de 2015
NELSON BRILHANTE

General Guilherme Cals Theophillo (D), do Comando Militar da Amazônia (CMA), avalia que o tráfico de drogas no Amazonas é pouco reprimido na fronteira ( Antônio Menezes)
“Estamos vivendo duas grandes guerras, a da fronteira e a urbana. O que alimenta a guerra urbana é a da fronteira. A droga e o armamento que vem de lá abastece a cidade, fragilizada pela falta de estrutura em todos os aspectos”. A afirmação é do Comandante Militar da Amazônia , Guilherme Cals Theophillo, durante o 1º Seminário sobre Drogas Ilícitas na Amazônia Internacional, que termina hoje no auditório do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), na avenida do Turismo, Tarumã, Zona Oeste.
O evento é uma parceria entre o CMA, Polícia Federal (PF), Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), Fundação Nacional do Índio (Funai), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Ministério da Saúde e Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP).
O general Theophillo cobrou mais eficiência na fiscalização da fronteira brasileira pelos órgãos de controle. “Nossa fronteira é muito grande e o número de pessoas cuidando disso é muito pequeno. Meu grande objetivo é fortalecer a vigilância nas fronteiras. Por exemplo, esses drones são fundamentais na fronteira. Só falta recurso para colocarmos lá. Se me derem mais lanchas, mais armamento, dispositivos de visão noturna, o Exército tem como, e os demais órgãos de segurança pode cuidar mais da fronteira e evitar a entrada de tanta droga no Brasil”, afirma o comandante do CMA.
Cuidado
O tenente Gnutzman, psiquiatra chefe do serviço de atendimento a dependentes de álcool e drogas do Hospital Militar de Manaus do CMA, falou da preocupação da instituição com a saúde de seus membros. “Nos preocupamos com qualquer transtorno mental, do mais leve ao mais grave, porque isso leva ao risco de suicídio. Não estou nem falando de dependência, mas ao uso e abuso de substâncias químicas como o álcool e cocaína”, alerta o militar.
Ele reconhece que o usuário que se envolve com grupos religiosos (não importa a denominação) tem mais chances de se livrar de uma recaída.
A Polícia Federal (PF) no Amazonas conta com três peritos criminais que trabalham no processo de identificando de entorpecentes apreendidos no Amazonas.
Recuperação feita dentro do quartel
Um dos palestrantes de ontem foi o tenente Gnutzman, psiquiatra chefe do serviço de atendimento a dependentes de álcool e drogas do Hospital Militar de Manaus do CMA. Para muitos é uma novidade o Exército instalar uma clínica de recuperação para os militares envolvidos com entorpecentes. “É melhor tentar recuperar do que expulsar um militar viciado. Isso é um crime, porque estarei colocando na rua uma pessoa perigosa à sociedade”, disse o general Theophillo, titular do Comando Militar da Amazônia (CMA). Durante seis meses a clínica oferece acompanhamento psiquiátrico, psicológico, espiritual e de cunho social. Há parceria com todas as entidades que atuam no combate às drogas.
“Temos pacientes que estão detidos no quartel, tem paciente de apenas um dia, outros que assistem apenas às palestras, enfim, é um trabalho de recuperação. Investimos na manutenção do trabalho porque a questão é séria”, explica o Ten. Gnutzman, que comanda o serviço de atendimento psiquiátrico no CMA. Ele também destacou, com detalhes, os serviços oferecidos pela Prefeitura de Manaus e pelo Governo do Estado, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAP). “Tem muito serviço à disposição, mas a demanda é muito grande. Infelizmente, essa doença que aumenta a cada dia e muita gente não procura ajuda”, lamenta o psiquiatra militar.
Quase pura
Cerca de 90% da cocaína apreendida no Amazonas é pura. A afirmação é do perito criminal Mozart Pimentel de Melo, da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Amazonas fez uma descrição dos adulterantes que existem na cocaína. “A maioria é pura, principalmente os grandes carregamentos. A identificação pode ser útil na investigação ou mesmo no monitoramento de produtos químicos”, informa o perito.
 De acordo com ele, o uso dos cães treinados é fundamental na identificação. “Para o cão, pode ter cinco por cento de droga num pacote de um quilo que ele identifica”, garante. A orientação é que as pessoas denunciem qualquer atitude suspeita, utilizando os canais disponibilizados pelas autoridades. “O trabalho da polícia é a ponta da lança, e a repressão é lá no final. O trabalho preventivo e social é mais importante”, orienta o profissional.
Em números
6 mil quilos de drogas foram apreendidas somente nos oito primeiros meses de 2015 no Amazonas. A informação é do titular da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), Sérgio Fontes, que participou do seminário. Os números são referentes apenas às apreensões feitas pela Polícia Militar do Amazonas (PM/AM).