terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Ponto Final - A marcha dos insensatos
11/02/14 10:45 | Octávio Costa (ocosta@brasileconomico.com.br)

A página dos Black Blocs no Facebook trazia a seguinte mensagem ontem à tarde:
"Estamos muito chateados com a notícia sobre a morte de Santiago, lamentamos demais e desejamos toda a força à família, é uma perda muito difícil". Foi assim que o grupo, que se diz anarquista, lamentou a morte cerebral do cinegrafista Santiago Andrade, atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento do preço do ônibus, em frente à Central do Brasil, na quinta-feira, 6. Com a mesma inconsequência de suas ações, os BBs ficaram "chateados". Tão "chateados" estão que marcaram novas manifestações para ontem à tarde.
Está claro, portanto, que, apesar de todas as evidências, os homens de preto não se consideram responsáveis pelo crime.Sem interromper sua marcha da insensatez por um breve momento que fosse, os BBs afirmam que "é muito triste e difícil esse momento em que estamos lutando por um País melhor e acontece uma infelicidade dessa". A morte de Santiago não foi obra do acaso. Não foi "uma infelicidade". Foi consequência da irresponsabilidade de dois integrantes dos BBs. Quem acende um rojão em praça pública, joga artefato ao pé de uma árvore e sai correndo sem olhar para trás sabe exatamente o que está fazendo.
O morteiro iria explodir em qualquer direção, pondo em risco todas as pessoas no raio de alcance do rojão. Foi atingido o cinegrafista da Rede Bandeirantes, que realizava a cobertura com a eficiência de sempre que lhe deu prêmios de jornalismo. Como acontece nas guerras, Santiago foi morto em ação. Mas não estava no Vietnã, nem na Sérvia, nem no Afeganistão. Cobria manifestação no Centro do Rio de Janeiro, em tempos de normalidade e democracia. Mas pagou com a vida e deixa a mulher, uma filha e três enteados.
Os Black Blocks estão "chateados", mas continuam arrogantes. Afinal de contas, dizem agir por um País melhor, que não se sabe exatamente qual é. No atual país dos BBs, mascarados podem sair às ruas para destruir o patrimônio público, vidraças de lojas e fachadas de bancos como se fossem a um baile de carnaval. Eles também consideram normal carregar rojões e coquetéis molotov nas mochilas para enfrentar a polícia. Dizem que se trata do direito de reunião e manifestação.
Porém, se o ato na Central do Brasil fosse apenas um protesto democrático e pacífico, a tragédia de Santiago não teria ocorrido. O cinegrafista foi vítima da insanidade de Fábio Raposo e seu cúmplice, o outro manifestante, de calça jeans e camiseta cinza, que acendeu o pavio. É cômica a explicação de Raposo de que se limitou a repassar o objeto que encontrou no chão. Por mais que se faça de bobo, Fábio é vândalo contumaz e já responde por dano ao patrimônio e associação criminosa nos protestos de 2013.
A sociedade só tem uma arma contra a insensatez dos BBs: a mão pesada da Justiça. Enquanto o segundo criminoso não se entrega, Fábio foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão. Sua pena pode chegar a 35 anos de reclusão. Na tentativa de reduzi-la, a defesa certamente alegará que não houve intenção de matar. Os dois BBs não miraram em Santiago Andrade. Soltaram um rojão a esmo no meio da praça, sem medir as consequências. São dois idiotas, irresponsáveis. É verdade. Fábio Raposo e seu parceiro são o retrato fiel dos Black Blocs.