ONU pede resposta mais efetiva para ‘crise
de proporções épicas’ na República Centro-Africana
21 de janeiro de 2014 · Destaque - ONU
Deslocados no
aeroporto de Bangui, capital da República Centro-Africana. Foto: OCHA/R.Gitau
As Nações Unidas
pediram nesta segunda-feira (20) uma resposta mais efetiva para evitar que a população da República
Centro-Africana (RCA) continue sofrendo uma crise, segundo o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de “proporções épicas”.
A preocupação e o
pedido de ação de Ban foram reforçados pelo Conselho de Direitos Humanos em uma
resolução – adotada por unanimidade em sessão especial realizada em Genebra –
que caracterizou a situação na RCA como um colapso total da lei e da ordem.
O Conselho
“condenou fortemente as violações generalizadas e contínuas de abusos dos
direitos humanos e ressaltou que os autores [dessas violações] serão responsabilizados
e levados à justiça”. Em comunicado, Ban alertou que “a RCA está em queda
livre”.
O escritório das
Nações Unidas para os direitos humanos e outras entidades da ONU acrescentaram
que têm documentado violações de direitos humanos “indescritíveis e generalizadas“, afirmando que “estas
violações têm dividido comunidades cristãs e muçulmanas que há décadas têm
coexistido pacificamente como vizinhos e amigos”. Ban destacou que “as tensões
religiosas não fazem parte do passado da RCA e não devem se tornar uma parte do
seu futuro”.
A deterioração da
segurança no país forçou um quinto da população a fugir de suas casas e deixou
mais da metade da população em necessidade de assistência humanitária.
Ban observou que a
ONU tem aumentado sua resposta de emergência, mas que o apelo humanitário
permanece subfinanciado. A ONU e seus parceiros ainda precisam de 152 milhões
de dólares para executar um plano de emergência para oferecer socorro e
proteção vital a 1,2 milhão de pessoas em todo o país pelos próximos três
meses.
Igualmente
preocupante são os desafios para as autoridades nacionais e as tropas
estrangeiras de responder adequadamente à insegurança crônica; o vácuo contínuo
da autoridade de um Estado legítimo; a impunidade para violações dos direitos
humanos e a terrível situação da população deslocada no país.
Por isso, a alta
comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu “a todos com
influência nacional e internacional para incentivar fortemente outros líderes
religiosos, políticos e tribais a unirem esforços e desarmarem as tensões
intercomunais, acabando com o desejo de vingança antes que ele se torne incontrolável”.
O Conselho designou
Marie-Thérèse Keita Bocoum como a nova especialista independente sobre a RCA e,
através de um processo político transparente conduzido pelo Conselho Nacional
de Transição, saudado por Ban e pelo Escritório Integrado da ONU de Construção
da Paz na RCA (BINUCA),
Catherine Samba Pança foi eleita chefe de Estado de Transição da RCA.
“A mudança de
liderança na RCA oferece uma oportunidade fundamental para que o processo de transição
volte a fazer progressos”, disse o
secretário-geral em comunicado.