Por Mauro Zafalon
11/01/2014 - 03h00
Soja tem um terço das exportações para a China
O Brasil participou do ano marcante no comércio
para a China, que em 2013 tornou-se a principal potência do mundo nessa área,
ao apresentar o maior valor de importações e exportações.
As commodities, mais uma vez, foram as
protagonistas dessa relação. Com um crescimento de 44% nos embarques, a soja
representou mais de um terço (37%) dos embarques brasileiros para a China, com
US$ 17 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.
As exportações totais do Brasil para os chineses
aumentaram 11,6% no período.
Também houve recuperação nas vendas de minério de
ferro (6,7%) e expansão nos embarques de açúcar e de celulose, ambos em 33%, na
análise por receita.
Refletindo a retração nas importações totais de
petróleo da China e a queda na produção brasileira, as vendas de óleo em bruto
do Brasil para aquele país caíram 16%.
Essa não foi a única má notícia. Ao mesmo tempo em
que elevaram a importação de soja em grão, os chineses reduziram em 45% as
compras de óleo de soja, para US$ 507 milhões. O produto está entre os dez mais
importados do Brasil pelos asiáticos.
A estratégia dos chineses, de comprar a
matéria-prima do Brasil para produzir o óleo e o farelo de soja internamente,
prejudica a indústria brasileira. No ano passado, pela primeira vez, as
exportações brasileiras de soja superaram o volume processado no país.
Mas outros caminhos foram abertos para os
exportadores brasileiros em 2013.
Com a retirada das barreiras fitossanitárias sobre
o milho, as exportações do cereal devem subir no próximo ano.
O consumo de milho já supera a produção na China e
deve continuar crescendo.
O novo plano de crescimento do governo chinês,
baseado no consumo interno, também abre novas oportunidades para o Brasil.
Áreas ainda incipientes no comércio bilateral, como a de carnes, tem amplo
potencial.
Por enquanto, a maioria dos produtos passa por Hong
Kong antes de entrar na China, devido a restrições sanitárias impostas por
Pequim.
Não por acaso, Hong Kong está entre os maiores
importadores de carne bovina, de frango e suína do Brasil. Nos dois primeiros
casos, os embarques brasileiros atingiram receita recorde em 2013.
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Mauro Zafalon é jornalista e, em duas
passagens pela Folha, soma mais de 38 anos de jornal. Escreve sobre commodities
e pecuária.