terça-feira, 26 de novembro de 2013


 OS MILITARES E A DEMOCRACIA


Por Reinaldo Azevedo

Leitores me perguntam como foi a palestra de ontem (08 Fev) no Comando
Militar do Sudeste. Excelente! No dia 7 deste mês, falei no Clube
Militar, no Rio. Encontro igualmente agradável. Não chego a dizer que
é “impressionante” a formação intelectual dos oficiais — inclusive a
dos jovens — porque isso faria supor que eu esperasse coisa diferente,
tendo sido surpreendido. E não esperava. Estão mais bem-informados, e
pensam segundo modelos de precisão freqüentemente mais atilados, do
que muitas categorias profissionais das quais se deveria cobrar
especial apuro intelectual — jornalistas, por exemplo. Minha palestra
desta quarta encerrou o “III Estágio de Comunicação Social — Exército
na Sociedade: Conhecer, Integrar, Comunicar”. É a segunda vez que sou
convidado para o evento.

A petralhada chiou pra chuchu. “Aí, hein? está querendo dar golpe!”.
Os mediocremente informados procuraram me associar a Carlos Lacerda.
Vocês imaginam o rol de bobagens de que essa gente é capaz. Pois é…
Nas duas vezes — ou três, se eu levar em conta o convite do ano
passado —, falei em defesa das instituições democráticas e da
Constituição. Dos militares, em suas intervenções nos debates, só ouvi
palavras de defesa da Carta que rege o país. E nem poderia ser
diferente.

Se existe alguma tentação golpista no Brasil, ela não veste uniforme.
Se existem pessoas que hoje desrespeitam abertamente as leis que nos
regem, elas não estão nos quartéis. Na América Latina — e também por
aqui, ainda que de modo um tanto mitigado —, as tentações autoritárias
partem daqueles que pretendem que as urnas abram caminho para uma
espécie de absolutismo do voto. Querem alguns que, porque eleitos,
podem fazer da Constituição e das leis o que bem entendem. E eu
existo, entre outras razões, para dizer: “NÃO PODEM!!!”

Sinto-me honrado com tais convites. E participarei quantas vezes me
convidarem. O Exército entende hoje em dia a imprensa com muito mais
clareza e propriedade do que a imprensa entende o Exército. Ademais,
vale a minha frase que deixa alguns irritadinhos: as Forças Armadas
são a democracia de farda. E são, como em todas as democracias, as
garantidoras últimas do regime de liberdades. Os absolutistas das
urnas não gostam de pensar que algo possa ser superior à sua vontade —
as leis, por exemplo. Mas elas são.

É sobre isso que falo nessas palestras.