quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CEPAL prevê cenário negativo para exportações e importações do Brasil

Em novo relatório, Comissão descreveu a situação da indústria automobilística brasileira como reflexo do cenário mundial de desaceleração econômica. Produtividade do segmento será reduzida a 50%.

O valor do comércio exterior do país ao exterior terá queda de cerca de 16. Foto:APPA
Em relatório publicado nesta terça-feira (20), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)destacou a retração no valor das exportações e importações da região. A indústria automobilística do Brasil foi citada como exemplo do cenário de desaceleração econômica. Em 2015, sua capacidade será reduzida pela metade. O valor do comércio exterior do país ao exterior terá queda de cerca de 16%.
Segundo a agência da ONU, o baixo crescimento mundial, atrelado à incapacidade das economias desenvolvidas de retomar os níveis de crescimento e consumo do período pré-crise, contribui para a redução das remessas da América Latina. A recente desaceleração da China também está afetando a região, que exporta grandes volumes para o país. Dados de 2013 indicavam que 19% das exportações brasileiras iam para o mercado chinês. Em 2014, o Brasil foi responsável por 75% das exportações agrícolas regionais para a nação oriental.
De acordo com a CEPAL, os últimos três anos (2013, 2014 e 2015) apresentam a pior contração em oito décadas nas exportações da América Latina e Caribe. Para esse ano, estima-se uma retração de 14% no valor das vendas ao exterior.
No Brasil, o cenário global de desaceleração se reflete na queda da produção de determinados segmentos. A indústria automobilística, por exemplo, terá sua capacidade produtiva reduzida a 50% em 2015, índice que se manterá estagnado em 2016. Embora, ainda nesse ano, esteja previsto um aumento de 1% no volume de exportações brasileiras, o valor dessas transações deve apresentar uma queda de 15,1%. Para a CEPAL, o saldo positivo referente aos volumes não vai conseguir sustentar a queda dos preços (-16,1%).
A agência da ONU também apontou que a recessão no país e o consequente ajuste macroeconômico são responsáveis por uma forte contração nas importações brasileiras, cujo valor terá uma queda projetada de 22,6% em 2015. A contração é negativa para a economia regional, mas benéfica para o Brasil, que conseguirá sair de uma situação de déficit, verificada em 2014, para alcançar um superávit de cerca de 13,8 bilhões de dólares.
A depreciação da moeda brasileira também foi tema do levantamento, que ressaltou processo semelhante de desvalorização em países da América Latina e também nas nações do BRICS, com a exceção da China. Para a CEPAL, o fraco desempenho das moedas sul-americanas tem provocado a estagnação do comércio intrarregional. Entre membros do MERCOSUL, houve uma queda de 23% nas trocas comerciais, durante o primeiro semestre de 2015. Entre Brasil e Argentina, a redução foi de 17%.