sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NOVOS TEMPOS - Um comunista no Ministério da Defesa

Em primeiro discurso como ministro da Defesa, Aldo Rebelo defende valorização de projetos estratégicos
Brasília, 08/10/2015 – Na cerimônia de passagem de cargo do Ministério da Defesa, Aldo Rebelo prometeu apoiar “cada uma das agendas estratégicas das Forças”. A solenidade ocorrida nesta quinta-feira (8), pela manhã, no Clube Naval de Brasília (DF), foi marcada pela assinatura do Livro de Transmissão de Posse pelo ministro que deixou o posto, Jaques Wagner, recém-empossado como chefe da Casa Civil da Presidência da República, e pelo novo titular.
Foto: Gilberto Alves

Rebelo citou nominalmente projetos como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Exército; e o FX-2 para aquisição dos caças Gripen da Aeronáutica, ressaltando a importância deles para o fortalecimento da soberania brasileira. E completou: “Desejo assumir, também, alguns compromissos, como a valorização institucional da agenda da Defesa, no sentido de buscar, na sua dimensão civil e militar, a legitimação e a legitimidade junto ao Poder Executivo, Legislativo e à sociedade”.
Em solenidade concorrida, Aldo Rebelo enalteceu a história de fundação das Forças Armadas e fez questão de elencar algumas conquistas das três instituições. No caso da Marinha, destacou a Batalha do Riachuelo. “Ali, ao vencer a Armada Paraguaia, o Brasil e a Força Naval abriram caminho para o progresso das forças terrestres”, disse. Prometeu, ainda, atualizar o Projeto Nacional de Domínio do Ciclo Nuclear, além de “lutar para preservar a capacidade operacional da nossa Esquadra”.
Já para o Exército, ressaltou que a Força nasceu nos idos do nacionalismo do País. Citou o “Exército da luta pela independência, que nos deu essa heroína única de convicções e de bravura, Maria Quitéria. O Exército de Duque de Caxias e da consolidação da República”. De acordo com o ministro, não era preciso fazer mais referências “a esta instituição para atualizar a memória da sua importância e dos seus compromissos com o Brasil”.
Por fim, sobre “a mais jovem das Forças”, a Aeronáutica, lembrou que aviadores brasileiros “deixaram nos céus da Europa o tributo de sangue para que o mundo vivesse em liberdade”. “À Força Aérea, nós devemos o Correio Aéreo Nacional, que era muito mais que correio. Era a instituição integradora de um País sem logística, separado pelas distâncias”, lembrou.    
Foto: Gilberto Alves/MD

Recursos
Também na cerimônia, o ministro Aldo Rebelo comprometeu-se a trabalhar para que uma parte dos recursos oriundos do fundo social do pré-sal (dos 50% restantes ainda não regulamentados) seja destinada para as Forças Armadas. À frente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rebelo negociou com o governo federal para que o sistema de ciência e pesquisa recebesse parte desses recursos. “Vou propor que as Forças Armadas também tenham uma participação”, acrescentou.
Rebelo deixou claro que está ciente do tamanho da responsabilidade em chefiar a pasta. “É uma alegria poder encontrar um Ministério da Defesa com agenda compatível com os interesses do Brasil e com o fortalecimento desta instituição. Sei do que pesa sobre meus ombros ao conduzir os destinos, ao liderar a perspectiva e o futuro dos seus servidores civis e suas instituições militares”, salientou.
O ministro finalizou seu primeiro discurso como Ministro da Defesa enaltecendo o trabalho da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. “O Brasil precisa de Forças Armadas que correspondam aos desafios geopolíticos. Precisa ter Forças compatíveis com o seu tamanho.”
Entrevista
À imprensa, dentre outros temas, Aldo Rebelo falou sobre a revisão dos documentos que norteiam as políticas do Ministério. "Embora tenham grande fundamento e sentido de permanência, eles precisam de atualização, como toda normatização de política pública".
Foto: Gilberto Alves

Em discurso, Aldo afirma que deseja assumir compromissos, como a valorização institucional da agenda da Defesa
Sobre o impacto do ajuste fiscal na pasta, o novo ministro da Defesa disse que vai lutar para preservar os programas estratégicos. "Vou trabalhar com a adaptação à escassez de recursos, que já foi projetada pelo meu antecessor, Jaques Wagner, e procurar recompor o orçamento do Ministério. Além disso, buscarei meios não apenas para solucionar demandas imediatas, mas para dar continuidade e permanência ao orçamento, para que ele não fique sujeito à sazonalidade dos momentos da economia do País", destacou.
Em relação ao fato de pertencer a uma sigla partidária de esquerda, lembrou que tem compromisso com o País, na defesa e soberania do Brasil. "E é assim que assumo o Ministério da Defesa. Não tenho outra finalidade, a não ser servir ao Brasil, via a função que me foi confiada pela presidenta da República".
Na conversa com os jornalistas, Aldo Rebelo também lembrou de sua origem alagoana e dos heróis da terra: "Sou alagoano de nascimento, paulista adotivo com muita honra, onde fiz toda a minha trajetória política. Tenho por São Paulo uma dívida de gratidão pelo acolhimento político e social que recebi, e por Alagoas, os laços sentimentais".
Solenidade
Foto: Tereza Sobreira

Wagner despediu-se do cargo emocionado
Na transmissão de cargo dessa quinta-feira, o agora ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, despediu-se da Defesa, após nove meses à frente do órgão. “Para mim, este não é um momento de alegria. Deixo o ministério com o sentimento e dever não cumprido”, disse.
Emocionado, Wagner relembrou os tempos de aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro e reafirmou “o profundo respeito às três instituições”. Ele repassou, ainda, alguns feitos de sua gestão e importantes missões que teve a oportunidade de conhecer, de perto, como o trabalho dos brasileiros no Haiti. “Vi a combinação entre empatia e profissionalismo lá.” 
Acompanharam a cerimônia os comandantes da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira; do Exército, general Eduardo Dias Villas Bôas; e da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato; além do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, dentre outras autoridades civis, militares, parlamentares, embaixadores e adidos. 
Por Marina Rocha e Alexandre Gonzaga
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa