Embraer aposta na
diversificação
Em operação desde
janeiro, Embraer Sistemas analisa oportunidades nas áreas de óleo e gás,
mineração e agronegócio com o objetivo de ganhar espaço no mercado global
Rodrigo Carrorodrigo.carro@brasileconomico.com.br
Mais conhecida por sua atuação no mercado aeronáutico, a Embraer
prospecta oportunidades nos setores de mineração e agronegócio, dentro do plano
de expansão da sua unidade de negócios de automação industrial. A estratégia de
diversificação adotada pela fabricante de aviões passa pela internacionalização
da Embraer Sistemas, com foco inicial no segmento de óleo e gás. Dessa forma, a
divisão criada no ano passado pretende atrair a atenção de players
internacionais que atuam no mercado brasileiro de exploração e produção.
“O petróleo é o grande foco”, diz o presidente da Embraer Sistemas,
Daniel Moczydlower, que ontem participou do Rio Conferences, encontro para
promoção de investimentos no estado. A ideia é de que algumas das soluções
desenvolvidas pela Embraer Sistemas para o segmento de óleo e gás sejam
aproveitadas para resolver problemas de outras indústrias. “Quando falamos de
gestão logística, olhamos para uma indústria como a de mineração, por exemplo,
e vemos que ela trabalha com uma escala muito grande, com investimentos
pesados. Se você consegue ganhar 2%, 3% de eficiência, o retorno é gigantesco”,
acrescenta.
O agronegócio também é encarado pelo executivo como um setor que pode
projetar a marca da Embraer Sistemas fora do Brasil. “Adicionar valor neste
mercado, no Brasil, te credencia em nível mundial”, afirma Moczydlower,
ressaltando que esta seria uma possibilidade a ser explorada posteriormente,
depois do petróleo e da mineração. No agronegócio, as oportunidades estariam na
otimização da logística e na automação de processos, principalmente para
viabilizar a chamada “agricultura de precisão”, que está diretamente ligada à
instalação de sensores e à transmissão de dados.
Comum na indústria aeronáutica, a instalação de sensores ao longo da
estrutura do avião é um conceito que a Embraer Sistemas pretende aplicar no
segmento de óleo e gás. O objetivo é transformar a estrutura metálica de uma
plataforma, por exemplo, num componente “inteligente”, com sensores capazes de
monitorar suas condições de funcionamento e o desempenho.
Pouco mais de seis meses após o início das operações, a Embraer Sistemas
ainda negocia com potenciais clientes, mas tem na manga uma carta favorável:
assinou em maio um memorando de entendimento com a Petrobras para fazer um
estudo de confiabilidade do blowout preventer, principal elemento de ligação
entre a cabeça do poço, no fundo do mar, e a sonda. Conhecido como BOP, o
sistema evita o vazamento descontrolado de líquidos e gases durante o processo
de perfuração. “O Brasil é uma plataforma perfeita para você iniciar o negócio
porque o desafio está aqui”, argumenta Moczydlower, referindo-se ao desafio
tecnológico representado pela exploração do pré-sal.
A intenção é aplicar o conhecimento acumulado no desenvolvimento de
produtos e serviços aeroespaciais e de defesa em outras indústrias. Para
Moczydlower, as similaridades entre a indústria aeronáutica e outros setores
que lidam com operações críticas são um trunfo para a Embraer Sistemas. Como exemplos,
o executivo cita a necessidade absoluta de segurança operacional — vital tanto
nos campos de petróleo como nas aeronaves — e a exigência de equipamentos com
altíssima disponibilidade (sem falhas).
A experiência da Embraer no terreno logístico é — segundo Moczydlower —
outra vantagem competitiva. Milhares de aeronaves fabricadas pela Embraer são
monitoradas pela própria fabricante para determinar a data de manutenção, entre
outras necessidades. “Um bom exemplo de um software de aplicação crítica é o
sistema de gerenciamento de tráfego aéreo brasileiro, inteiramente desenvolvido
por uma empresa 100% Embraer”, conta.