O Conselho de
Segurança da ONU guarda um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do voo
MH17. Foto: ONU/Loey Felipe
Queda de avião mostra urgência de resolver
crise na Ucrânia, alerta ONU
18 de julho de 2014 · Destaque - ONU
Entre os 298 mortos
no acidente encontrava-se um funcionário da Organização Mundial de Saúde. A ONU
pede às partes em conflito que cooperem com as investigações.
A aparente derrubada deliberada do avião de passageiros malásio no leste
da Ucrânia destaca a necessidade de retomar o cessar fogo e os esforços sérios
para terminar a crise, anunciou o subsecretário-geral da ONU para assuntos
políticos, Jeffrey Feltman, no Conselho de Segurança da organização nesta
sexta-feira (18).
Apesar de a ONU não
contar neste momento com nenhuma verificação independente das circunstâncias
dessa tragédia, o representante de assuntos políticos afirmou que o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está alarmado com “os relatos numerosos e
críveis” que sugerem que um sofisticado míssil terra-ar foi usado.
“O secretário-geral
condena veemente esta aparente derrubada deliberada de uma aeronave civil”, disse
Feltman. “Este incidente aterrador serve como um recordatório extremo da
situação dramática que o leste da Ucrânia tem vivido e como afeta outros países
e familiares muito além das fronteiras ucranianas.”
Tanto o
secretário-geral como o Conselho de Segurança solicitaram uma investigação
internacional sobre o incidente. O Conselho, através de um comunidade de
imprensa, também frisou a necessidade de que todas as partes permitam o acesso
imediato de investigadores ao lugar do acidente.
Feltman disse que a
ONU está preparada para cooperar, e que está em contato com a Organização da
Aviação Civil Internacional das Nações Unidas (ICAO), que ofereceu aos oficiais ucranianos sua capacidade
investigativa para organizar uma equipe internacional.
Entre os 298 mortos
do acidente se encontravam um funcionário da Organização Mundial de Saúde (OMS), Glenn Thomas, quem
viajava para a Austrália para participar de uma conferência internacional sobre
aids. Colegas e amigos observaram um minuto de silêncio em Genebra.
Reconhecendo que a
situação de segurança, política, econômica, social e de direitos humanos na
Ucrânia é complicada, Feltman disse que espera que o choque com a queda do
avião motive um esforço “sério e sustentado” para acabar com as disputas.
Segundo o
subsecretário-geral, depois do anúncio realizado em 30 de junho pelo presidente
ucraniano de finalizar o cessar-fogo de 10 dias e subsequente retomada de
operações de segurança e aplicação da lei no leste do país, as disputas entre
as forças do governo e grupos armados têm se intensificado perigosamente,
resultando em incontáveis mortes.
A situação na
fronteira entre a Rússia e Ucrânia e nas regiões adjacentes é de “particular
preocupação”, ele disse, observando que, apesar de ser impossível para as
Nações Unidas verificarem de forma independente o ocorrido, um número de
relatos sobre os incidentes fatais e a intensidade da disputa foram reportados
nos últimos dias.
Apesar das
estimativas do número de civis mortos variarem, os relatórios do escritório de
direitos humanos da ONU calculam que aproximadamente 500 pessoas morreram,
1.400 ficaram feridas e mais de 10 mil foram deslocadas.
Para reverter essa
situação, Feltman pediu para que todas as partes do conflito “deem um passo
crítico para retomar de forma imediata o cessar-fogo”. Nos próximos dias, o
subsecretário-geral viajará a Kiev e Moscou representando das Nações Unidas.
O representante
permanente da Ucrânia junto às Nações Unidas, Yury Sergeyev, afirmou nesta quinta-feira (17)
que a situação da segurança no leste ucraniano continua a se deteriorar,
acusando “gangues terroristas” de estarem se tornando mais cruéis e
destrutivas.
Investigações
preliminares confirmaram que a aeronave foi abatida por um míssil, mas o autor
do ataque continua desconhecido.
UNAIDS lamenta
perdas
O Programa Conjunto
das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) expressou “profundo pesar” pela perda dos passageiros e tripulação do
voo MH17. Apesar dos detalhes ainda não estarem claros, a agência da ONU lembra
que muitos dos passageiros estavam a caminho da Conferência Internacional de
Aids em Melbourne, Austrália.
Entre as pessoas
que perderam suas vidas neste trágico incidente estão acadêmicos, profissionais
de saúde e ativistas da resposta à aids que estavam a caminho do encontro
internacional de especialistas e entusiastas da causa. Além do funcionário da
OMS, foi confirmada a morte do professor Joep Lange, ex-presidente da Sociedade
Internacional de Aids (International AIDS Society – IAS).
“Nossos sentimentos
vão para as famílias de todas as vítimas deste acidente trágico. As mortes de
tantas pessoas comprometidas na luta contra o HIV serão uma grande perda para a
resposta à aids”, disse Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS.