sexta-feira, 29 de agosto de 2014


Marina convence mercado e Ibovespa sobe 9,8% em agosto

Eleições devem continuar no foco dos investidores. Copom e relatório de emprego dos EUA são destaque na agenda da semana

Priscilla Arroyoparroyo@brasileconomico.com.br

A reviravolta eleitoral que se desenrolou durante o mês, com a morte de Eduardo Campos e a posterior ascensão de Marina Silva nas pesquisas, agradou o mercado. À medida que a presidente Dilma Rousseff perdia força nos levantamentos eleitorais, os investidores apostavam nas ações das estatais, que dispararam e elevaram os ganhos do Ibovespa. O índice acumulou alta de 9,81% no mês – foi o melhor agosto desde 2003-, o que incrementou o avanço no ano, para 19,02%. A expectativa eleitoral deve continuar a pautar o desempenho do Ibovespa em setembro. A reunião do Copom e o relatório de emprego dos Estados Unidos, destaques da agenda da semana, devem ficar em segundo plano.

As ações das estatais, por sua vez, terminaram o mês com ganhos expressivos. Petrobras PN subiu 22,2%; Banco do Brasil ON acumulou alta de 26,5% e Eletrobras PN avançou 13,4%.

Na sexta-feira, o Ibovespa abriu volátil, mas firmou uma trajetória ascendente na parte da tarde, enquanto a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, apresentava junto ao seu partido as diretrizes do seu eventual governo. A carta de intenções convenceu o mercado e o principal índice da Bovespa fechou em alta de 1,65%, aos 61.288 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,9 bilhões e ficou mais uma vez acima da média de agosto – R$ 6,3 bilhões.

“O programa de governo de Marina agradou aos investidores. Ela sinalizou que não irá usar as empresas estatais para fazer política econômica, o que acaba favorecendo principalmente a Petrobras, que está sendo prejudicada por arcar com o subsídio dos combustíveis para conter a inflação. Outro ponto importante apresentado foi o compromisso com o tripé macroeconômico (metas de inflação, câmbio flutuante e compromisso fiscal). Ela se comprometeu ainda em prover maior transparência na área fiscal, ao propor um conselho independente. Além disso, a independência formal do Banco Central também faz parte do plano”, afirmou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

As eleições devem continuar a ser o grande fator para movimentar o mercado também no mês de setembro, de acordo com o economista-chefe da Guide Investimentos, Guilherme da Nóbrega. “Isso virou o assunto da vez, o que acaba deixando os indicadores econômicos em segundo plano. O mercado ainda está construindo uma ideia do que seria o governo Marina, já que agora há uma possibilidade concreta de ela subir ao Planalto. Sua política econômica vai em direção do que o mercado e os empresários gostam, mas fica uma dúvida sobre as alianças partidárias que serão firmadas caso ela ganhe a eleição”, avaliou Nóbrega, para quem um agravamento dos conflitos entre Ucrânia e Rússia pode impactar o Ibovespa mesmo diante da euforia eleitoral.

Em plena tendência de alta, o Ibovespa fechou a sexta-feira na faixa dos 61.288 pontos e poderia cair até os 60.180 pontos, em um movimento de realização de lucros, sem desanimar o mercado, conforme apontou o analista da Doji Rodrigo Correia. “Se o índice mantiver a pernada de alta, irá buscar o objetivo de 63.500 pontos”, afirmou.

Na agenda da semana, é destaque no Brasil a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que irá acontecer na quarta-feira. “Depois do dado fraco do PIB (queda de 0,6% no segundo trimestre) pode ser que o Comitê sinalize uma queda dos juros. Mas a maior expectativa ainda é pela manutenção da Selic em 11% até o fim do ano”, afirmou Rostagno. Na sexta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, indicador que baliza a inflação oficial do país, será conhecido. De acordo com projeção da Consultoria LCA, a inflação deve variar 0,23%, após ter avançado 0,01% em julho.

Entre os indicadores dos Estados Unidos, o destaque fica para o relatório geral de emprego, o Payroll, a ser conhecido na sexta-feira. Os números serão analisados pelo Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) e, se vierem fortes, podem contribuir para que a autoridade monetária decida subir a taxa de juro no primeiro semestre de 2015.

Na Europa, a reunião de política monetária do Banco Central Europeu, que vai acontecer na quinta-feira, pode trazer novidades sobre novos estímulos econômicos no continente.

Na China, o Índice Gerente de Compras (PMI na sigla em inglês) da indústria será divulgado no domingo. O dado deve fazer preço na bolsa brasileira na segunda-feira ao mexer principalmente com as ações de empresas ligadas às commodities.