sábado, 3 de janeiro de 2015


No último ano, conflito no Sudão do Sul tirou a vida de mais de 600 crianças, alerta ONU

 “As crianças no Sudão do Sul não só foram afetadas pela nova onda de violência e também viraram alvos diretos de todas as partes do conflito”, disse a representante especial do secretário-geral da ONU para crianças e conflito armado, Leila Zerrougui.

 

Crianças em Juba, Sudão do Sul. Foto: UNMISS

O conflito no Sudão do Sul prejudicou seriamente a proteção de crianças, aumentando as possibilidades de que sofram graves violações, concluiu um novo relatório publicado nesta semana pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O primeiro relatório do chefe da ONU sobre as crianças e o conflito armado no Sudão do Sul documenta seis graves violações cometidas contra meninos e meninas no país, cobrindo o período de março de 2011 até 30 de setembro de 2014. São elas, assassinatos e mutilações, recrutamento e uso, violência sexual, sequestros, ataques contra escolas e hospitais e negação de acesso humanitário.

O documento revela que durante o período de dezembro de 2013 e setembro de 2014 mais de 600 crianças foram assassinadas. Nesse mesmo espaço de tempo, milhares de crianças-soldado foram vistas em operações militares do Estado e em outros grupos armados.

“As crianças no Sudão do Sul não só foram afetadas pela nova onda de violência, elas também viraram alvos diretos de todas as partes do conflito”, disse a representante especial do secretário-geral da ONU para crianças e conflito armado, Leila Zerrougui.

Ela lembrou que seis meses depois da promessa do Exército Popular de Libertação do Sudão e de outras partes do conflito de pôr fim e prevenir o uso de crianças, bem como outras violações contra elas, nenhuma ação concreta foi tomada até o momento para protegê-las.

O relatório insta o governo do Sudão do Sul a desenvolver um programa de desarmamento, desmobilização e reintegração para as crianças usadas em forças e grupos armados, dando-lhes o apoio adequado para ao seu retorno às suas comunidades, especialmente às meninas. O documento recomenda ainda o fim da impunidade para os autores das violações descritas contra as crianças.