quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Mais uma do amigo do Lula

Morales sonha com um Exército capaz de assustar os EUA

Em comemoração ao aniversário dos 187 anos das “Forças Armadas Bolivianas”, o presidente Evo Morales deu declaração de que seus militares detém posicionamento político e ideológico anti-norte-americanos.
Para provar isto, argumentou de forma a lembrar a lógica marxista-leninista ( em que “o imperialismo é  a etapa superior do capitalismo”, tal qual Lênin dizia) e afirmou uma unidade de pensamento e postura nesse sentido dentro de suas Forças.

No entanto, há várias questões envolvendo as declarações do mandatário boliviano. Observadores apontam que em muitos momentos o Presidente se declarou socialista,  com o acréscimo da criação bolivariana de Hugo Chávez, mas não um adepto da configuração teórica desenvolvida por Karl Marx, razão pela qual recebeu em seu país críticas de intelectuais marxistas que, é possível interpretar, viam a ascensão de Morales como uma etapa inferior da ascensão socialista, pois ele ainda era inconsciente das transformações necessárias para uma mudança estrutural do modo de produção existente na Bolívia e para a implantação do modo de produção socialista. Para estes intelectuais, o problema é que não houve ainda a etapa capitalista, daí as complexidades de adaptação na metodologia revolucionária e a necessidade de um Evo Morales.
Ressaltando o papel da instituição militar boliviana, que surgiu antes da implantação da República, o Presidente fez a seguinte afirmação em seu discurso, mostrando esta certa lógica leninista, mesmo que transformada: “Se as Forças Armadas nascem de uma luta contra o colonialismo devemos ter tropas com princípios anticolonialistas, porque o colonialismo é a base do imperialismo e este é o instrumento do capitalismo...”*.
Os analistas afirmam que o tom menos realista e mais para consumo interno se deu no momento seguinte em que ele destaca o desejo de que suas Tropas imponham medo às “Forças Armadas dos EUA”. Declarou: “Queremos Forças Armadas que sejam respeitadas, amadas e queridas por seu povo, porém temidas pelo imperialismo norte-americano”*, ressaltando que esta possibilidade ocorre pela unidade que os militares adquiriram neste momento em que estão livres das amarras norte-americanas, tanto na questão militar como no fator econômico, já que em muitos discursos ao longo de sua trajetória política ligou os EUA, ao FMI, que é dito como seu instrumento.
Frisou Morales: “Agora, sem Embaixada dos Estados Unidos, sem DEA norte-americana, nossas Forças Armadas têm dignidade e são respeitadas ... e o mesmo acontece com a economia, que, sem o Fundo Monetário Internacional, agora, economicamente o país está muito melhor que antes”*.
Os especialistas ressaltam que o discurso visa manter a postura adotada pelo grupo bolivariano da America do Sul cumprindo o papel de ser antagonista imediato dos norte-americanos, responsabilizados pelos esquerdistas da America Latina pela tragédia regional, esquecendo as questões culturais próprias dos latinos, os erros administrativos, o alto-índice de corrupção, a falta de identidade, o descolamento existente entre a elite e o povo, a constante hipertrofia do Estado e a apropriação privada e/ou político-partidária das instituições estatais e governamentais existentes ao longo da história, sem que isso tenha mudado neste momento em que a esquerda tomou o poder e vem repetindo os mesmos erros, além de potencializá-los, sob discursos justificadores ancorados numa causa futura, mas que resumiu as ações em populismo, assistencialismo e manteve os mesmos vícios.
Independente do discurso anti-imperialista, que sempre é adotado pelos líderes da esquerda no continente como forma de marcar posição e dar unidade ideológica regional, os observadores destacaram que as declarações do presidente Morales são interessantes, mas não devido a questão técnico-militar propriamente dita.
Neste quesito, para ela fazer sentido o mandatário deveria ter apontado os saltos estruturais, estratégicos, materiais e humanos conquistados e/ou necessários para o bolivianos terem capacidade de confronto bélico de alta intensidade em seu próprio território, condição muito distante da realidade do país, bem como daquilo que Morales deseja, pois são necessários investimentos que sua sociedade não suportará, já que vive um processo de reorganização econômica e passa por um momento em que as medidas adotadas pelo Governo trouxeram divisas, mas estas não resultaram em desenvolvimento e foram desperdiçadas, tal qual a Oposição, os sindicatos, grupos esquerdistas e ex-aliados do Governo estão denunciando.
Nesse sentido, alguns observadores ressaltam que o Presidente talvez esteja mirando nos militares como sustentáculo de seu poder, algo que significará o abandono dos discursos anteriores para investir em postura próxima a que criticou e alega ter combatido.
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