quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MÉXICO

Generais são processados por ligação com tráfico no México

CIDADE DO MÉXICO - A Justiça mexicana anunciou nesta quarta-feira que está processando cinco militares mexicanos, quatro deles generais, por envolvimento com cartéis de tráfico de drogas, autores de uma violenta onda de ataques contra policiais e meios de comunicação nos últimos meses. Três dos oficiais de alto escalão estavam detidos há 76 dias, desde as eleições presidenciais no México. Um deles, Tomás Ángeles Dauahare, é neto de Felipe Ángeles Ramirez, considerado um herói nacional por sua participação na Revolução Mexicana (1910-1920).
A investigação contra os três generais surgiu a partir de declarações de testemunhas protegidas, ex-membros da gangue dos irmãos Beltrán Leyva que, além de fazer parte do tráfico de drogas, promovia assassinatos por encomenda. Segundo a imprensa mexicana, problemas pessoais dentro das forças armadas e a existência de um grupo que não concordava com a estratégia de guerra ao narcotráfico do ex-presidente Felipe Calderón teriam sido as razões para a prisão dos três oficiais.
Ángeles Dauahare, neto de Felipe Ángeles, foi o vice-secretário de Defesa nacional e participou de um fórum sobre segurança, no dia 9 de maio, organizado pela Fundación Colosio, que apoiou o atual presidente virtual do México, Enrique Peña Nieto, do PRI, nas últimas eleições. Em discurso no evento, o general criticou publicamente a "falta de objetivos" na luta contra o narcotráfico. Ele acrescentou que o México "não tem estratégia de segurança nacional" e que buscava trabalhar por um plano coerente a esse combate.
Outros dois generais, Roberto Dawe González e Ricardo Escorcia Vargas, foram presos na mesma operação que deteve Ángeles Dauahare. Dawe González dirigia uma divisão do Exército no estado de Colima, importante da rota do tráfico de drogas para o norte do continente. Já Escorcia Vargas era o vice-chefe administrativo e logístico de Estado Maior no governo de Calderón e se envolveu no incidente do desaparecimento de um avião sul-americano carregado de cocaína em 2007.
Os cinco acusados, incluindo o general Rubén Pérez Ramírez e o tenente-coronel Isidro de Jesús Hernández, que supostamente também protegiam o cartel Beltrán Leyva, irão aguardar julgamento em uma prisão de segurança máxima.