quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ATO DE TERRORISMO QUE TENTAM ESCONDER



O sequestro do Caravelle Por Carlos Alberto Brilhante Ustra - Cel Ref EB
A Lei 6683 de 28 de agosto de 1979, a partir do governo de Fernando Henrique, que criou a Comissão de Anistiados Políticos, vem sendo ignorada e deturpada. 
A Comissão de Anistia acaba de indenizar mais um grupo de sete pessoas da mesma família, envolvido com a luta armada nos anos 70. Inclusive dois deles, autores confessos, presos em flagrante praticando um crime considerado hediondo, - o sequestro.
Vamos aos fatos: 
Os três sequestradores, Jessie Jane, Colombo Vieira de Souza e Eraldo Palha Freire compraram no dia 30 de junho de 1970 as passagens para o vôo do Caravelle.

A rota seria Rio-Buenos Aires, com escala em São Paulo. Às 8.30  horas do dia 1º de julho, embarcaram  no Galeão. Jessie se fingia de grávida, com um vestido largo, que escondia as armas. Vinte minutos após a decolagem, invadiram a cabine com as armas nas mãos e anunciaram o seqüestro, exigindo do comandante Harro Cyranka a volta ao Galeão. Queriam o resgate de 40 presos em troca dos passageiros.

O avião voltou e pousou no Galeão, onde já os esperavam tropas da Aeronáutica. A pista foi coberta com areia e o avião foi cercado por militares. Os seqüestradores, acostumados com o sucesso de outros seqüestros,  quando outros aviões  foram desviados para Cuba, não esperavam por essa reação.

O prazo dado para a rendição e entrega dos reféns foi até às 15 horas. Na hora marcada, o avião foi envolto por uma cortina de  espuma. Muita fumaça escura invadiu a aeronave, impedindo  a visibilidade no seu interior. Um capitão, com um maçarico, abriu a porta e, juntamente com alguns soldados, invadiu o aparelho.

Fim da  ação: o comandante  do avião ferido na perna e os três sequestradores  presos. No ato da prisão Eraldo foi encontrado ferido dentro do banheiro e veio a falecer três dias depois.

Analisemos esta ação terrorista usando ás próprias palavras de Jessie Jane,  em entrevista a Luis Macklouf Carvalho, no livro “Mulheres que foram a luta armada”, publicado em 1998, antes da  Lei das Indenizações.
Nós fizemos o que o Marighella mandava fazer. Foi uma ação independente, dentro do quadro da violência necessária e legitima.”

“Havia o sonho de guerrilha no campo. O Toledo ainda não tinha morrido. Decidimos ir para Cuba. Todos nós éramos cubanófilos. Tinha um grupo da ALN em Cuba e queríamos chegar lá.(...)”
(...) “Nós queríamos ir para Cuba fazer treinamento, voltar com a ALN.  Era isso. pensamos no seqüestro nessa dimensão.(...)”
(...) “Outras pessoas já tinham feito seqüestros antes de nós. Nós não inauguramos. Nós fomos os últimos.”
(...) “ todo o projeto da esquerda armada foi um processo inconsistente, porque não estava baseado no convencimento das massas. A concepção de partido leninista era complicada. Vanguarda iluminada, uma concepção elitista da política. Nada tinha a ver com o que estava se passando na cabeça da população. Tanto é que o Médici era um presidente extremamente benquisto.”(...)
                              

                               
Voltando à história de Jessie Jane e Colombo. Ela, após a prisão,  foi para o Presídio Talavera Bruce, em Bangu, e Colombo foi para o Presídio da Ilha Grande. Em 1972 casaram-se e continuaram presos.  A “ditadura sanguinária”  permitia que Colombo fosse passar os fins de semana em Bangu. Às vezes, ficava até mais tempo.

Em 1976, da união nasceu a filha Leta. Jessie Jane, como Criméia, também alega tortura durante o parto no hospital.

Existe um vídeo onde  Jessie e Colombo aparecem  dando banho no bebê recém-nascido e ela, amamentando a filha, hoje com 37 anos, que, seguindo o  exemplo do filho de Criméia, também requereu indenização do Estado.

Jessie e Colombo continuaram na prisão até 9 de fevereiro de 1979, quando foram beneficiados pela Lei da Anistia.

E, agora, nós, contribuintes, vamos esperar mais cerca de 40.000 requerimentos de “torturados” e “perseguidos políticos” que hoje são “pobres vítimas” dessa “ditadura sanguinária” que se preocupava com visitas íntimas, enxovais de bebés, batizados, festinhas de aniversários, ceias de natal, etc”...

Somente dessa família  são 14 processos!