Evo Morales pede que Brasil entregue senador boliviano asilado
O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta
quarta-feira que o Brasil entregue o senador opositor Roger Pinto Molina,
condenado no país por corrupção. Ele chegou ao país no fim de semana, após
ficar 15 meses abrigado na embaixada brasileira em La Paz.
O parlamentar boliviano deixou a representação
diplomática após uma operação feita pelo encarregado de negócios brasileiro,
Eduardo Saboia. Os dois viajaram em dois carros diplomáticos de La Paz a
Corumbá (MS), de onde partiu para Brasília.
Na primeira entrevista sobre o caso, Morales pediu
a volta de Pinto Molina para que seja julgado por diversas acusações pendentes
ante à Justiça. "É importante devolver Roger Pinto à justiça boliviana e
que seja julgado como qualquer autoridade envolvida em temas de
corrupção".
Questionado se ele passasse pela mesma situação do
governo brasileiro, o mandatário afirmou que o colocaria na fronteira e voltou
a dizer que Pinto Molina possui quatro mandados de prisão. "Ele não é um
preso político e sua fuga é prova de que é um réu confesso".
RESPOSTA
Ele pediu explicações ao Brasil e uma resposta à
mensagem diplomática enviada pelo ministro das Relações Exteriores boliviano,
David Choquehuanca. "É importante que o governo brasileiro explique o
porquê dessa operação e do uso de carros diplomáticos. Estamos esperando uma
resposta à nota oficial diplomática".
Morales negou que Pinto Molina corresse risco de
morte e que estava sob vigilância do governo, acusações apontadas pelo
encarregado de negócios brasileiro para fazer a retirada do senador boliviano.
O presidente não comentou sobre as negociações com o governo brasileiro.
Opositor ao presidente, o senador é processado pela
Justiça boliviana por 20 crimes, todos relacionados com a administração
pública. Ele diz que é perseguido pelo governo do presidente Evo Morales e, por
isso, pediu asilo diplomático ao Brasil, mas não podia sair da embaixada por
não ter um salvo-conduto de La Paz.
Ele recebeu o asilo diplomático do governo
brasileiro em agosto do ano passado. No entanto, a Advocacia-Geral da União
(AGU) disse na terça (27) que Roger Pinto Molina terá que pedir refúgio ao
Brasil.