Obama diz que EUA estão
prontos para atacar Síria, mas quer aval do Congresso
Congressistas
americanos estão em recesso, o que pode retardar ação; EUA acusam Assad de usar
armas químicas em ataque que deixou 1.429 mortos no dia 21
Cláudia Trevisan - O Estado de S. Paulo
Atualizado
às 17h55.
WASHINGTON - O presidente
Barack Obama disse neste sábado, 31, que os Estados Unidos estão prontos para
atacar a Síria. Em pronunciamento nos jardins da Casa Branca,
Obama afirmou que pedirá autorização do Congresso, apesar de acreditar que
tem o poder de dar o sinal verde para a operação militar sem o aval dos
congressistas. A decisão afasta uma ação iminente contra o regime de Bashar
al-Assad, que era esperada para este fim de semana, já que o Congresso está em
recesso e só volta à atividade no dia 9 de setembro. Os EUA acusam o
governo sírio de usar armas químicas no ataque - classificado por
Obama como o "mais grave do século 21" - que matou 1.429 pessoas
em Ghouta, periferia de Damasco, no dia 21 de agosto.
Tendo a seu lado o
vice-presidente, Joe Biden, Obama ressaltou que a capacidade do país de
executar a "missão" não será afetada pela demora. "Ela será
efetiva amanhã, ou na próxima semana, ou dentro de um mês. E eu estou preparado
para dar essa ordem." O presidente americano desafiou os
congressistas a considerarem "qual a mensagem será enviada a um
ditador se ele pode matar centenas de crianças com armas químicas sem sofrer
qualquer tipo de retaliação".
Obama afirmou estar convencido
de que os EUA devem iniciar uma ação militar contra a Síria e que as Forças
Armadas estão "prontas" para agir. Mas ressaltou que sua posição será
"mais forte" se houver um debate e a eventual aprovação dos
parlamentares para a operação. Existe a possibilidade de que haja uma
convocação extraordinária, mas qualquer votação terá de ser precedida de
debates, o que traz incerteza sobre quando - e se - o ataque à Síria
ocorrerá.
"A todos os membros do
Congresso, de ambos os partidos, eu peço que vocês deem esse voto para nossa
segurança nacional", declarou. E antecipando as dificuldades que
enfrentará, fez um apelo: "Eu peço a vocês, membros do Congresso, que
considerem que algumas coisas são mais importantes do que diferenças partidárias
e políticas."
O presidente
americano anunciou sua decisão dois dias depois de o primeiro-ministro
britânico, David Cameron, ter sido derrotado no Parlamento na busca de
autorização para agir contra o regime de Bashar al-Assad. Sem o apoio de seu principal
aliado, Obama enfrentava uma situação de considerável isolamento internacional.
Cameron afirmou neste sábado que apoia a decisão do presidente dos EUA, Barack
Obama, que pediu ao Congresso aval para um ataque à Síria. "Entendo e
apoio a posição de Barack Obama sobre a Síria", disse Cameron em sua conta
no Twitter.
No pronunciamento,
Obama disse que estava pronto para agir sem a autorização do Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que ele afirmou estar
"paralisado", e a conclusão da investigação da missão da
instituição sobre o ataque com armas químicas do dia 21 de agosto em
Damasco. Os observadores da ONU deixaram a Síria neste sábado.
Mas ele ressaltou que gostaria
de ter um debate sobre o assunto com os congressistas. Pesquisa da rede de TV
NBC divulgada nesta semana revelou que 80% da população americana acredita que
a ação na Síria deve ser precedida de votação no Congresso.
Do lado de fora da Casa Branca,
manifestantes contrários à intervenção militar gritavam que a "guerra era
justificada por mentiras".
Nessa sexta, relatório
divulgado pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos concluiu que o ataque
com armas químicas foi ordenado pelo regime de Bashar Assad. O documento abriu
caminho para o presidente Barack Obama autorizar um ataque ao país. Cinco
navios de guerra americanos estão ancorados no leste do Mar Mediterrâneo,
prontos para disparar mísseis contra o território sírio.
Antes do pronunciamento de
Obama, o primeiro-ministro da Síria, Wael al-Halqi, disse neste sábado que o
Exército sírio “está mobilizado” e “tem o dedo no gatilho” para reagir a um
ataque dos EUA e aliados. Em um comunicado enviado à TV estatal, o premiê
acrescentou que “o Exército está pronto para enfrentar a todos os desafios e
ações”.
Também antes de Obama falar, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu a
seu colega americano, Barack Obama que, como Nobel da Paz, pense nas vítimas
que um ataque causará na Síria e exigiu que os EUA apresentem provas do uso de
armas químicas pelo governo Bashar Assad. Com agências internacionais