quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Patriota não avisou Dilma

Gilberto Nascimento   (gilberto.nascimento@brasileconomico.com.br)
28/08/13 10:29

A demissão do ministro das Relações Exteriores foi decidida por que ele não avisou a presidente sobre a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina
A presidente soube do fato e esperou que o ministro ligasse. Como não veio o telefonema, tomou a decisão. Patriota soube da fuga depois de ter ocorrido. Mas não avisou imediatamente a presidente. Ela ficou sabendo por outras vias. Depois, ligou para ele.
Inicialmente, o governo brasileiro recebeu a informação de que o senador estaria em um hospital em Campo Grande (MS). O boliviano foi procurado na cidade, mas não encontrado. Nos momentos seguintes à descoberta da operação, quem esteve o tempo todo ao lado de Dilma foi o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O ministro não foi chamado para tomar decisão sobre o assunto - ressaltam governistas -, por não ser a sua área. Mas não deixou de marcar presença ao lado da presidente. Isso é mais uma evidência de que ele - que deve ser o indicado para concorrer ao cargo de governador em São Paulo pelo PT - está cada vez mais fortalecido no governo.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, também foi chamado no momento. Dilma manifestou irritação com Patriota. Já estava contrariada com ele há muito tempo, por vários motivos.
Dessa vez, não admitiu a realização dessa operação sem seu conhecimento e aprovação - e também do próprio ministro. Outras decisões do ex-ministro provocaram contrariedade em Dilma, como a demora na manifestação do Itamaraty contra a decisão de governos europeus de negar o pouso ao avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, em julho.
Quebra de hierarquia
Para o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), o Itamaraty não podia manter um embaixador com postura ideológica contrária ao governo da Bolívia, com o qual o País mantém boas relações. "Houve quebra de hierarquia", diz o senador.
Bom negociador
Especialista em meio ambiente e desenvolvimento sustentável, o novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, é considerado um excelente negociador e, segundo governistas, tem "clareza sobre o papel político do Itamaraty".
Embaixador punido
O embaixador Marcel Biato, que ajudou na fuga do senador na Bolívia, já foi punido. Não deve mais seguir para a Suécia, para onde havia sido indicado. A mensagem que estava no Senado para analisar e aprovar sua indicação, já foi retirada.